CULTURA ORIENTAL
Na língua japonesa existem três formas de escrita:
1)katakana
2)hiragana
3)kanji
É possível também transcrever a língua japonesa em caracteres romanos. Para tanto, o sistema mais empregado é o "Hepburn". Todos os três tipos (katakana, hiragana e kanji) podem se encontrar misturados em um mesmo texto. Há, contudo, uma distinção de uso para cada tipo de escrita, conforme iremos explicar adiante.
A escrita japonesa, diferentemente da escrita ocidental, não se baseia na formação de sílabas através da junção de consoantes com vogais. As sílabas já se encontram "prontas". Existem ao todo 71 sílabas. Você já deve ter percebido que alguns japoneses têm grande dificuldade de pronunciar a sílaba "SI". Eles acabam pronunciando "SHI". Isso porque , na língua japonesa, não existe a sílaba "SI". O mesmo acontece com a sílaba "TU" (eles pronunciam "TSU") e as sílabas com som do "L" (no japonês, o som de "L" acaba ficando com som de "R"). Outra grande diferença: no japonês, não existem sílabas com encontros consonantais (com exceção da sílaba "TSU"). Por exemplo, a palavra "BRANCO" acaba ficando "BURANCO". Além disso, o som do "N"/ "M", como em "BANDA" e "CAMPO", é considerado uma sílaba à parte.
Existem duas formas de grafar essas 71 sílabas: "katakana" ou "hiragana". O "katakana" é o silabário usado para palavras e nomes de origem estrangeira ou para designar onomatopéias e interjeições. O "hiragana" é o silabário usado para compor palavras, desinências e nomes japoneses. Tanto o "katakana" quanto o "hiragana" representam as mesmas 71 sílabas.
O "kanji" é uma forma de escrita de origem chinesa. A própria palavra "kanji" significa "escrita chinesa". Trata-se de ideogramas e não simplesmente letras. Isso porque cada "kanji", ou a combinação deste, expressa um significado, e não somente um som. Existem mais de 50.000 "kanjis". Alguns ideogramas podem ser lidos de diversas formas, mas o significado, salvo algumas exceções, não muda.
O "kanji" foi introduzido no Japão no ano de 538 d.c. por monges budistas. As sutras encontravam-se inteiramente em chinês e, para que a doutrina pudesse ser divulgada no Japão, foi necessário introduzir a escrita chinesa. Até então, não havia registro de escrita padrão no arquipélago japonês. A escrita chinesa é composta inteiramente por ideogramas. Durante muito tempo, no Japão, falava-se o japonês, mas se escrevia em chinês, obedecendo-se, inclusive, a sintaxe e gramática chinesa. Em meados do século 9, nasceram o hiragana e o katakana como forma de adaptação de ideogramas chineses para a língua japonesa. A partir de então, algumas obras foram publicadas já em língua japonesa, como é o caso de "Contos de Genji" (Genji Monogatari), considerado o primeiro romance mundial.
Atualmente, no Japão, um adulto tem conhecimento de aproximadamente 2000 ideogramas. Na língua japonesa, os ideogramas são usados, em princípio, como radicais de palavras. Portanto, em japonês, não é possível escrever uma frase inteira em ideogramas. As desinências, sufixos e preposições devem ser grafadas em "hiragana". Existem, contudo, palavras (em geral, substantivos) compostas somente por ideogramas. Muitas delas são herança do léxico chinês, havendo muitas palavras em chinês que são exatamente iguais em japonês, inclusive com leitura bastante semelhante.
Agora que você entendeu as três formas de escrita japonesa, não estranhe se o seu nome não puder ser grafado em "kanji". Somente os nomes japoneses, chineses e coreanos podem ser escritos dessa forma.
Ideograma (do grego ιδεω - idéia + γράμμα - caracter, letra) é um símbolo gráfico utilizado para representar uma palavra ou conceito abstrato.
Os sistemas de escrita ideográficos originaram-se na antiguidade, antes dos alfabetos e dos abjads.
Como exemplos de escritas ideográficas, podemos citar os hieróglifos do antigo Egito, a escrita linear B de Creta e a escrita maia, assim como os caracteres kanji utilizados em chinês e japonês.
Bonsai
A palavra bonsai tem origem japonesa e pode ser considerada como um verbo: Cultivar árvores em vasos ( Bon=Vaso + Sai=Arvore).
O Bonsai teve seu início na China, por volta do século. III A.C., mas foram os japoneses que aprimoraram a técnica, incluindo-a em sua cultura como arte e objeto de culto e meditação.
Não se trata de uma planta específica, mas sim de uma técnica utilizada em árvores com o objetivo de "miniaturiza-la" inspirando-se em formas existentes na natureza. Não há árvore de Bonsai, mas árvores que se transformam pelo processo de Bonsai. Na prática, é a arte de selecionar e transformar árvores que tenham potencial para se assemelhar a uma réplica na natureza.
Através da observação percebe-se que as árvores têm tendências de comportamento e estilos próprios. No Bonsai também encontramos uma classificação de estilos e formas mais tradicionais baseado no estilo natural das árvores. Suas principais categorias se baseiam principalmente nas formas e no número total de árvores na composição.
Apesar de seu tamanho reduzido, a árvore mantém sua saúde e características naturais produzindo flores e frutos normalmente. A princípio qualquer árvore pode ser utilizada para confecção de Bonsai, devendo-se procurar um conjunto estético e harmonioso. Algumas árvores já possuem a tendência natural para se transformar num Bonsai, outras devem ser mais trabalhadas através de modelagem, podas, etc..., onde a habilidade e criatividade do artista são freqüentemente colocadas a prova, respeitando-se os limites diante da natureza.
A preocupação estética é fundamental na execução de um bonsai. A importância estética é sem duvida muito maior do que a botânica, apesar desta ser fundamental. O objetivo da Arte bonsai é criar uma composição artística utilizando a natureza das árvores como matéria prima, transformando-os em arte através de harmonia estética.
São dois os fatores que determinam o visual de um bonsai de qualidade:
Fatores Estéticos:
Linha e forma; equilíbrio e Harmonia; Escala de Composições; Perspectiva e Profundidade; Movimento; Vitalidade; Evidenciamento do centro das atenções; A composição da árvore como um todo; Cor e Textura.
Fatores Orgânicos:
Tronco; Ramos; Raízes; Folhas; Frutos; Flores e Vaso.
Em resumo a composição dos bonsai deve se assemelhar a árvores encontradas na natureza, ter estilo bem definido, possuir algum atrativo evidente como frutos, flores, raízes expostas, exuberância em folhagens, folhagens com cores diferentes, texturas de tronco majestáticas e vasos adequados.
Origami
A arte de dobrar papel
ORI = dobrar
GAMI = papel
Em japonês, gami significa papel e ori significa dobrar. Essa arte tradicional oriental produz as mais variadas figuras, como flores, animais, imagens geométricas e decorativas em geral, a partir de cortes e dobraduras minuciosos em simples folhas de papel.
São usadas no Japão há séculos para enfeitar altares dos templos.
Rica em detalhes, a arte do origami, amplamente difundida em todo o mundo, requer paciência, precisão e concentração.
Sua prática tem sido recomendada também para fins terapêuticos.
Penteado
Consta no registro que no dia 20 de agosto de 1878 (ano 6 Meiji) o Imperador Meiji realizou o danpatsu (cortar o cabelo, desfazendo o chonmage, ou o penteado ao estilo antigo).
Até então, ele usava o chonmage, que aos poucos foi perdendo o prestígio ante a acelerada onda de ocidentalização que assolou o Japão logo após a revolução de Meiji, levando as pessoas a cortarem o tradicional chonmage e trocar as vestimentas típicas japonesas às vestimentas e calçados ocidentais para serem mais chiques e modernos.
Por outro lado, a tradição de 250 anos arraigada durante o Período Edo não se desfez tão facilmente. O danpatsu foi liberado em 1871 (ano 4 Meiji) mas antes disso, os altos funcionários do governo que eram enviados ou iam estudar nos Estados Unidos ou na Europa já adotavam o cabelo curto, surpreendendo os compatriotas ao regressar ao Japão.
O corte ocidental se tornou comum entre os diplomatas e os ligados ao comércio exterior, tornando-se um símbolo do florescimento da civilização. Mas entre os populares ainda existiam os que usavam o chonmage.
Dizem que devido a isso, até houve uma província que cobrasse impostos sobre o chonmage. Dizem também que os funcionários públicos percorriam toda a vila e, ao achar alguém com tal penteado, imediatamente cortavam-no. O Imperador Meiji também decidiu-se pelo danpatsu.
Os penteados dos cabelos sofreram transformações com a época. Nos tempos primitivos, o penteado visto em mitologia ou nos amuletos em forma de bonecos é um penteado masculino chamado hamizuta, que consiste em dividir os cabelos ao meio da testa, amarrando-os nas laterais da cabeça acima de cada orelha em formato de 8. Desde o Período Nara (710 a 784 d.C.) até o final do Período Muromachi (1392 a 1573 d.C.) foi adotado o sistema de utilização de kanmuri ou eboshi (tipos de chapéu que indicavam a hierarquia).
Como todos os homens utilizavam esses chapéus, seus cabelos ficavam invariávelmente amarrados no alto da cabeça, não tendo então alterações nas suas formas. No período Kamakura, com as contínuas guerras civis, os samurais utilizavam com freqüência o elmo, e para evitar que os cabelos da região sobre a cabeça provocasse excesso de umidade e calor começaram a raspá-los, dando início ao sakayaki.
Depois de entrar na Era Edo, os protocolos da corte e demais classes sociais se tornaram rigorosos, determinando até as cores dos cordões com que amarravam os cabelos presos: violeta para a nobreza, vermelha para os shoguns (generais), branca para os guerreiros de classe inferior.
Quando este costume de raspar o alto da cabeça se espalhou entre os populares, surgiram os profissionais dessa atividade. Surgiram então em Edo centenas de kamiyuidoko, ou seja, barbeiros especializados.
Quanto ao cabelo feminino, na antiguidade usava-se cabelos lisos, amarrados ou soltos, mas no Período Nara, sob influência da China, passou a usar 2 birotes no alto da cabeça.
Posteriormente, na Era Heian usou-se os cabelos lisos e soltos bem ao estilo japonês e, especialmente nas classes sociais altas o normal era tê-los com 2 metros de comprimento, sendo considerado ideal se estivessem por volta de 50cm mais longo do que a vestimenta. Porém, para as mulheres que trabalhavam, os cabelos longos não eram práticos, então prendiam-nos nas faixas ou nos cozes da vestimenta ou ainda na cabeça.
Do Período Muromachi ao Período Edo, os cabelos ficaram mais curtos, e os penteados com cabelos presos passam a ser mais comuns.
Essa moda começou a ser propagada pelas cortesãs, artistas de kabuki, e gravuras como ukiyo-ê, tendo perto de 300 tipos diferentes de penteado.
Em 1885 foi fundada a Associação feminina de sokuhatsu (cabelos presos ao estilo ocidental) que, sob influências do danpatsu masculino defendia o fim do penteado estilo oriental e o uso do penteado ocidental.
Devido a isso, até os anos 30 e 40 Meiji, a moda foi difundida desde as altas classes sociais até as camadas mais humildes. Nas Eras Taisho e início de Showa a vestimenta ocidental se generalizou e o permanente passou a ser moda no pós-guerra.
Kendô
O Kendô (Caminho da espada), cuja origem está registrada nos séculos 7 ou 8, é baseado na filosofia de 03 religiões: o shintoísmo, budismo e confucionismo. No Japão as crianças aprendem desde cedo a manipular o shinai (espada de bambu) e as escolas adotam o esporte como currículo de educação física. Por causa disso, atualmente cerca de 7 milhões praticam o esporte na terra do sol nascente. O treinamento consiste em disciplinar tanto a mente como o corpo, e o objetivo não é somente vencer competições (Shiai), mas antes de tudo desenvolver o indivíduo, seu intelecto, corpo e espírito, e fazer com que o corpo, a espada e o espírito se transformem em uma única unidade.
A etiqueta e o respeito tem a importância essencial, como as outras artes japonesas, a importância do Zen-budismo aumentou quando a arte da espada tornou-se o Caminho para a paz interior e sabedoria. "Kendô wa rei ni hadimari rei ni owari", ou seja, o Kendô inicia-se com o respeito e finaliza-se com o respeito, não importa a vitória ou a derrota, o praticante de Kendô deve ter sempre em sua mente, seu espírito, a humildade de saber perder e reconhecer a superioridade de seu oponente, ou então, saber ganhar e não menosprezar a inferioridade daquele que um dia poderá ser sua fonte de sabedoria. Sendo assim, o Kendô não significa apenas o treinamento no manejo da espada; ele não existirá sem todo um "código de honra do Samurai".
Durante a luta os competidores devem manter a postura correta. Não é permitido, por exemplo, caminhar sobre os tablados. Os passos são dados aos saltos. O pé esquerdo, sempre atrás, serve para impulsionar o movimento. No Kendô, usa-se como acessório: o shinai (espada do lutador feita de bambu - para o golpe ser considerado válido, o lutador deve tocar o oponente com a extremidade do shinai, a partir da marca indicada), Men (é a mascara com uma grade de metal para cobrir o rosto), Kote (espécie de luva que envolve as mãos e os pulsos) Tarê (cinturão para proteger o ventre e onde está escrito o nome do lutador) e Dô (amarrado às costas, é um colete que protege a região do peito). E os principais golpes são justamente com o objetivo de atingir os pontos que estão protegidos: o Men, Dô e Kotê.
O grito, chamado de kiai, é fundamental pois o praticante recupera a concentração, anuncia o golpe e também o utiliza para intimidar o adversário. Existe um grito específico para cada golpe, mas durante a luta os competidores gritam a todo instante mesmo que não estejam golpeando.
Este esporte se assemelha muito ao alpinismo, porque não pode ser praticado individualmente, e quanto mais sobe, fica mais difícil subir. Pouca gente escalou e chegou ao topo do Monte Evereste, e, poucos praticantes chegaram ao 10º grau de Kendô.
Kataná
Kataná (a espada japonesa) é o mais nobre dos instrumentos guerreiros e antigamente só podia ser manejada pelo samurai, sendo proibido seu uso pelos mercadores e camponeses. Ela ficava presa à cintura, do lado esquerdo do corpo, com o corte virado para cima. Geralmente usava-se um par de espadas, o daishô (pequena e grande) - uma com 60 a 90 cm de comprimento (kataná) e a outra de 30 a 60 cm (wakizaki).
"Um fio tão delicado como uma navalha, tão forte como a quilha de um arado", é a definição do kataná feita por Laerte Ottaiano, especialista brasileiro em espada japonesa. Não só a lâmina, o acabamento também tinha que atingir a perfeição, através da habilidade dos ferreiros e dos laqueadores.
A empunhadura e a bainha (saya) eram cobertas e decoradas com desenhos sofisticados. Entre a lâmina e o cabo ficava a guarda (tsuba) para aparar os golpes e proteger as mãos. A partir do século XVI passaram a ser feitas por artesãos especializados e também se transformaram em objetos de arte. As tsubas geralmente tinham uma abertura central que unia a lâmina com a empunhadura. Outras tinham mais duas aberturas para o kazuka (empunhadura do kogatana, pequena faca) e o kogai que se acredita, originalmente teria sido usado para arrumar o cabelo sob o elmo.
A fabricação dessa arma sempre foi um segredo de cada artista.
Geralmente, além do processo de purificação do minério de ferro, o material era temperado com dois ou três metais para produzir uma lâmina super-resistente.
A espada japonesa tem a forma elegantemente curva desde o período Heian (794-1191) e, por séculos, foi a principal arma de luta.
Com a introdução das armas de fogo no século XVI, pouco a pouco ela foi se restringindo aos eventos cerimoniais.
Com o desaparecimento da classe samurai, a partir da restauração do poder imperial (1868), as espadas se transformaram em objeto de arte sendo disputadas por colecionadores, mas o código moral dos samurais (Bushidô) continua vivo na maneira de agir e pensar dos nipônicos. O Bushidô baseava-se, fundamentalmente, no cultivo das virtudes marciais, na demonstração de absoluta indiferença à morte e à dor e na dedicação e lealdade ao seu senhor. "A vida e a morte estavam separadas pelo fio da kataná, assim como viver e morrer são inseparáveis e inevitáveis", escreve Laerte Ottaiano.
Os principais preceitos éticos desse código eram: retidão ou justiça, guiri (tem sentido de dever, obrigação. Fala-se, por exemplo, guiri que se deve aos pais, aos superiores, aos inferiores, aos parentes e amigos), coragem, benevolência, polidez, veracidade, sinceridade, honra, dever e lealdade.
Bushidô
Bushidô, significa o Caminho do Guerreiro (Bushi = Guerreiro, militar, samurai e Dô ou Michi = estrada, método, disciplina) e é um código de honra (não escrito) seguido pelos samurais (que constituíram uma casta de 1192 a 1867).
- Para se tornar um verdadeiro guerreiro, qual o caminho que se deve seguir?
- Pode a prática marcial tornar-se um caminho que leva à ética, à sabedoria?
Tais perguntas foram levantadas desde que a classe guerreira tornou-se preponderante no Japão no século XII
Os esforços do bushi (guerreiro) já se desenvolviam em três planos:
* tecnicamente devia praticar as artes marciais para atingir a máxima destreza;
* moralmente devia dar provas de devotamento no serviço e de uma lealdade sem limite;
* espiritualmente devia elevar-se à impassibilidade e à abnegação diante da morte.
Mas foi somente com a paz do período de Edo (1615 a 1868) que o termo bushidô serviu para designar a exaltação das virtudes marciais. Assim sendo, o bushidô foi fundado no século XVII por Yamaga Soko, cujo pensamento foi influenciado pelo racionalismo confuciano.
O Hagakure (livro Oculto entre as folhas, escrito por Yamamoto Shogo em1716) dá ao bushidô uma versão mais radical, mais intransigente.
A classe dominante expiava sua dominação: a morte presente ao menor desvio da conduta, a morte fácil como solução de todos os conflitos.
Para escapar às contradições da paz marcial, duas linhas se esboçavam: exaltar os valores de subordinação, de ordem, de disciplina e interpretar a ética do serviço no sentido de um trabalho útil e frutuoso.
Sob a influência do confucionismo, o guerreiro se transformava em funcionário meticuloso, atento em gerir os interesses confiados a seus cuidados.
Essa ideologia burocrática reinava em círculos próximos ao poder central.
Mas, conforme a distância de Edo (hoje Tóquio), à medida que se descia dos espíritos talentosos e disciplinados aos meios mais rudes, onde os guerreiros (às vezes simples ronin sem emprego) não tinham nada além da vida para dar, encontrava-se outros sentimentos: a honra tornava-se mais áspera, um redobramento de lealdade ostentava um desprezo pelos belos talentos simplesmente úteis, e o espírito de guerra despertava companheirismo, temeridade, displicência e prodigalidade.
Yamamoto Tsunetomo, cujas palavras estão compiladas no Hagakure, fez-se, de seu recanto da província, o intérprete do que o bushidô teve de mais radical. Seu olhar vai direto a conclusões extremas:
*que o guerreiro se confunda com a morte;
* outros, camponeses ou citadinos, podem enriquecer, trabalhar, fazer projetos – mas o guerreiro vive sem amanhã, a todo instante atento a ser tudo o que deve ser. Que vive como se estivesse já morto: não terá mais nada a temer;
* numa experiência da unidade dos contrários próxima do Zen, ele ascenderá à liberdade, à serenidade. Sua violência, extremamente tensa, poderá então colher os mesmos frutos que a "não violência búdica";
* tal homem não se deixa escravizar pelos fins que persegue, pelos deveres que cumpre. Nada do que faz o amarra, se ele se exercitar em manter sua vontade à altura da morte.
"Compreendi que o bushidô é a morte"
Na alternativa, só se pode escolher a morte. É só.
Vai-se em frente calmamente. dizer que morrer após uma derrota é morrer tolamente, é bem uma opinião frívola de gente da capital.
Quando se está acossado pela escolha entre vida ou morte, não se deve considerar o fim: todo mundo prefere viver, e é sem dúvida também o que quer a razão; mas continuar viver sem ter atingido o fim desejado é covardia.
Estamos assim sobre um terreno movediço. Morrer após uma derrota, é morrer totalmente, é loucura, mas não é desonroso.
Eis o terreno seguro do bushidô. Quando cada manhã e cada noite, sem cessar, morre-se, quando está por toda parte e sempre ancorado na morte, então, necessariamente, obtém-se a liberdade do bushidô e, ao abrigo de qualquer desonra, realiza-se a própria vocação."
Nunca se exprimiu com tanta força e simplicidade a relação que, ligando a vontade à morte se libera de todo o resto, abrindo ao homem, além das tarefas particulares, o espaço de uma vacuidade essencial e o desperta para o impossível que ele deve reconhecer em si próprio.
Esses sentimentos, expressos no início do século XVIII, mostram que sem medo, sem mácula e sem esperança, o samurai vive indiferente ao futuro, aos projetos, aos sucessos e aos lucros.
No desprezo da razão, sua intimidade com a morte lhe basta, pois é único princípio de toda virtude.
Os privilégios da aristocracia guerreira foram abolidos anos depois, mas não seus valores.
Inoue Tetsujiro, filósofo do Kokutai, colocou-os a serviço do nacionalismo.
Em 1900, Nitobe Inazo, convertido à religião dos quakers e muito cosmopolita, escreveu em inglês Bushidô: The Soul of Japan, para ilustrar a permanência dessa tradição e seu papel na modernização do Japão.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a leitura do Hagakure foi encorajada.
Finalmente, foi ao renascimento do bushidô, comprometido pela derrota, que o romancista Yukio Mishima quis consagrar e sacrificar sua vida.
Haru Matsuri
HARU = PRIMAVERA
O Japão é considerado o país que mais se identifica com a primavera no mundo. Talvez pelo seu milenar culto às flores e as divindades da Natureza, cuja origem remonta de sua pré-histórica mitologia. Lá cada flor tem seu significado simbólico e sua lenda, além de altar para ser cultuado esteticamente no reservado Tokonomá.
A beleza das flores ao longo das quatro estações do ano, tem sido desde a Antigüidade, fonte de inspiração para inúmeras canções, pinturas e poemas. A maneira como as flores se abrem e caem, ano-a-ano, servem de base para o agricultor prognosticar a colheita, e o pescador prever a chegada de cardume ou até mesmo as tormentas, observando as variações do vento e do mar, conforme a direção da florada. Desta forma, o sentimento dos agricultores e dos pescadores estão em completa sintonia com a natureza e esse caráter foi difundido, amplamente, para todos os japoneses.
A arte tradicional do Japão, as formas poéticas clássicas do Tanka e do Haiku, a pintura Zen, a música, o mai, o teatro Nô e Kabuki, a cerimônia do chá e o ikebana, não se desenvolveriam sem o cenário primaveril da Terra das Cerejeiras e a adoração do seu povo pelas flores. Mesmo no Japão ultramoderno com os pés no século XXI, urbanizado e altamente tecnológico: esta consciência estética tradicional continua fortemente arraigada em todos os habitantes da nação.
No Brasil, esse senso estético de inspiração primaveril, trazida pelos imigrantes, ainda vive Brasil alma de seus descendentes. Ao longo da história da imigração nipônica, manifestações artísticas em forma de poesias (tanka, senryu, haiku), pintura e dança preservam esse sentimento.
Fazer crescer e desabrochar em todo o seu esplendor divulgando por todos os cantos deste Brasil, é a missão que o Espírito da Natureza atribuiu as entidades nipo-brasileiras, mantendo assim, a tradição do amor pela Natureza.
MATSURI = FESTA
Matsuri é a palavra japonesa para designar festa ou festivais. Originalmente significa o "ato de oferendar coisas aos deuses e às pessoas de respeito".
Uma pessoa, para fazer uma oferenda, tem que purificar-se primeiro para então, com o espírito humilde, oferecer presentes aos deuses da Natureza (cuja morada é uma pequena plantinha ou uma singela flor) acompanhado de orações, pedidos de boas colheitas, prosperidade e paz em sua vida, segurança nas viagens por terra e por mar. Feito o pedido, tudo é motivo de alegria.
O espírito das plantas gostam de alegria, e onde há alegria chega os bons frutos. Por isso, seguem-se as cantorias e as danças cerimoniais.
Festas com estas características, são eventos que fazem parte da vida dos japoneses e são comemoradas de maneira exuberante e alegre, pelas quatro estações do ano.
Um bom exemplo é o Festival das Bonecas (hina matsuri), celebrada no dia 3 do mês 3 (março).
As bonecas com trajes da era Heian, de mil anos atrás, são mostradas em estantes especiais, junto com flores e a festa é celebrada em honra da saúde e da beleza das meninas de casa.
Os centros Shintô, como o santuário de Izumo e Ise, e também templos budistas e santuários de Nara, Kyoto, Kamakura e Tokyo e em todo território japonês, conta com solenes festivais realizados em determinadas datas do ano, com a participação de grande números de pessoas que para lá se dirigem, mesmo que seja só para presencia-las. Em menor escala são realizadas cerimônias típicas de uma região em templos locais, para exorcizar espíritos malevolentes e atrair os Sete Deuses da Fortuna e da Felicidade.
São encenadas como teatro de máscaras, tradicionais e simples, e freqüentemente, bem humoradas. As regiões do norte do Japão são bem conhecidas por esse tipo de festival.
Existe também, feriado nacional, na primavera, especialmente para apreciar as flores, é o chamado "Ohanami" - ocasião em que toda família, acompanhado de amigos e vizinhos, procuram jardins floridos para fazer grandes piqueniques, onde cantam, comem e bebem, enquanto penduram poesias de sua inspiração, nos ramos floridos em louvor à natureza.
No Brasil, para matar a saudade das cerejeiras em flor, os primeiros imigrantes nipônicos, acampavam com toda a família em baixo da paineira florida e relembravam histórias da terra natal.
Dança
Os termos mais usuais para dança no idioma japonês são mai e odori, cuja combinação de ideograma forma a palavra buyô (significando genericamente danças tradicionais japonesas). A palavra buyô só se popularizou na era Taishô (1912/26) e tem-se em mente, sobretudo, as danças derivadas do povo comum e que foram refinadas pelo teatro Kabuki.
A dança tradicional japonesa surgiu na antigüidade como um elemento da cerimônia religiosa e se desenvolveu no decorrer dos séculos, em intima relação com vários gêneros de artes vocais e teatrais. Tradicionalmente se tem dividido a dança em mai (diferenciada por uma contida qualidade cerimonial) e odori (mais folclórico e com movimentos mais extrovertidos).
Conta-se que a dança mai, que significa girando, se originou nos movimentos das virgens dos santuários que circundavam um lugar cerimonial, segurando galhos da árvore sagrada sakaki de bambu, num ritual que visava trazer tranqüilidade e bem-estar à terra. A medida que o ritual ia se repetindo, os gestos foram se formalizando e se transformaram em uma dança ritual apresentada no palco por uma sacerdotisa que segurava um leque. Esta ação se transformou na arte do Nô. É por isso que, assim, como os movimentos rituais do Nô e do Mai, assumem um ou dois intérpretes que circundam o palco segurando um leque ou adereço semelhante.
A dança clássica japonesa busca estabelecer e confirmar contato com a terra. Seus movimentos tendem à flexão dos quadris e membros inferiores, tornando o corpo mais baixo, impressão ainda reforçada pelos pés que se arrastam e pisam forte no chão. É uma dança com passos intensivos, cujo ideal técnico é expressar a beleza da idade avançada. Há na dança japonesa um código moral de respeito e cortesia, assim como uma prática que assume a forma de "caminho" ou doutrina.
ODORI
Originalmente, odori significa um tipo de dança de saltos e pulos e sua origem remonta a seita Jodo (Terra pura), uma seita que se espalhou rapidamente no período Medieval. Esta seita dava ênfase ao canto repetido de uma simples oração (nembutsu) proferido por grupo de seguidores, que às vezes pulavam ao ritmo do sino, que acompanhava a oração, em um tipo de dança primitivo chamado nembutsu odori. Até o desenvolvimento do kabuki, no período Edo, odori era este tipo de dança, com participantes acompanhando a música e dando pouca atenção ao significado simbólico ou literário.
Coube ao Kabuki (ver matéria sobre kabuki) dar expressão artística refinada ao Odori, as danças de festivais rústicos e populares, todas elas executadas em grupo. Também a influência do odori transparece fortemente no Kabuki e uma das manifestações é a dança alternada, solada por cada um dos artistas. Essa forma está intimamente relacionada ao velho costume japonês, praticado até hoje, de os convidados da festa se apresentarem individual e espontaneamente para o entretenimento de todos.
No período Edo, nas ruas e praças públicas, passaram a ser realizados bailados grandiosos, as danças de massas, como o Bon-odori, realizado durante o festival de verão, quando o Japão reverencia a memória dos mortos. Há ainda o Awa-Odori, estilo de dança livre típica de Tokushima, da província de Shikoku.
A dança do teatro Kabuki é a referência e a partir dela surgiram vários estilos. Os movimentos contidos e seus passos, sempre presos ao chão, induzem a uma expressão introspectiva.
Jan-Ken-Pon
Janken (pedra, tesoura e papel) é uma brincadeira tradicional japonesa usada para decidir a ordem dos jogadores ou ganhadores.
Gu significa "pedra", choki "tesoura" e pa "papel".
A pedra quebra a tesoura, a tesoura corta o papel e o papel embrulha a pedra.
Horóscopo Japonês
No Horóscopo Zenchi (também conhecido como Horóscopo Japonês) o signo animal é determinado pelo ano de nascimento da pessoa, iniciando sempre no dia 1O de janeiro, o Ano Novo Solar, que os nipônicos chamam de Oshogatsu.
Nesse aspecto existe uma diferença com o Horóscopo Chinês, cuja contagem fundamenta-se no Ano Novo Lunar (12 meses e 29 dias).
Os japoneses chamam a primeira lunação do ano de Koshogatsu (Pequeno Ano Novo) e nesse dia reverenciam a Lua, pois começa nesse dia a regência do animal-signo na Roda do Destino, que este ano terá início no dia 7, quando a deusa-Sol (Amaterassu Omikami) passa a iluminar a Casa do Boi.
Isso significa que enquanto no Horóscopo Chinês existe apenas um signo Regente do Ano (Dragão), no Horóscopo Zenchi além do animal simbólico do ano existe o animal regente do mês.
Para saber a que signo você pertence no Horóscopo Japonês, procure o ano em que você nasceu na tabela abaixo.
Rato 1900 - 1912 - 1924 - 1936 - 1948 - 1960 - 1972 - 1984 - 1996
Boi 1901 - 1913 - 1925 - 1937 - 1949 - 1961 - 1973 - 1985 - 1997
Tigre 1902 - 1914 - 1926 - 1938 - 1950 - 1962 - 1974 - 1986 - 1998
Coelho 1903 - 1915 - 1927 - 1939 - 1951 - 1963 - 1975 - 1987 - 1999
Dragão 1904 - 1916 - 1928 - 1940 - 1952 - 1964 - 1976 - 1988 - 2000
Serpente 1905 - 1917 - 1929 - 1941 - 1953 - 1965 - 1977 - 1989 - 2001
Cavalo 1906 - 1918 - 1930 - 1942 - 1954 - 1966 - 1978 - 1990 - 2002
Cabra 1907 - 1919 - 1931 - 1943 - 1955 - 1967 - 1979 - 1991 - 2003
Macaco 1908 - 1920 - 1932 - 1944 - 1956 - 1968 - 1980 - 1992 - 2004
Galo 1909 - 1921 - 1933 - 1945 - 1957 - 1969 - 1981 - 1993 - 2005
Cachorro 1910 - 1922 - 1934 - 1946 - 1958 - 1970 - 1982 - 1994 - 2006
Javali 1911 - 1923 - 1935 - 1947 - 1959 - 1971 - 1983 - 1995 - 2007
Cão e Gato
O cão e o gato estão entre os dois animais de estimação preferidos do homem, e no Japão não é diferente.
Historicamente, o cão tem um desenvolvimento mais antigo. Já foram encontrados no Japão esqueletos de cães do Período Jomon (1000 a 300 anos a.C). Há inclusive indícios de enterro ritualístico, numa demonstração de como esses animais eram respeitados naquela época.
Já os gatos têm uma história mais recente no Japão. Eles provavelmente foram introduzidos da China no Período Heian (794-1192), sendo criados como animais de estimação de famílias nobres. Domesticados para caça a ratos, popularizaram-se também entre pessoas comuns.
Tanto o cão como o gato são personagens no Japão de inúmeras lendas e histórias, que muitas vezes lhes conferem uma natureza quase mística. Eles também estão presentes em diversos provérbios e expressões idiomáticas. Veja a seguir uma pequena amostra, que revela um pouco do modo como os japoneses vêem esses animais:
GATO
Também chamado de Makineko, acredita-se que este objeto dá sorte a quem os usa, principalmente aos negócios.
O objeto deve ficar com a frente virada para a porta da casa ou comércio pois a figura do gato acena com uma das patas atraindo fregueses e dinheiro.
Neko ni koban
Dar koban (antiga moeda de ouro) ao gato.
Significado: mesmo uma coisa preciosa não vale nada dependendo de quem a possua.
Nekokaburi
Fingir o que não é, assumir ar de inocência, ser hipócrita.
Neko kawaigari suru
Mimar exageradamente.
Nekojita
Língua sensível ao calor.
Nekonadegoe
Voz insinuante, melíflua.
Neko mo shakushi mo
Todo mundo, qualquer um.
CÃO
Inu mo arukeba bô ni ataru
Significado = a sorte pode chegar inesperadamente.
Inu ga nishi mukya o wa higashi
Quando o cão vira para oeste, o rabo fica para leste = metáfora de uma coisa óbvia.
Kai inu ni te o kamareru
Ter a mão mordida pelo próprio cão = ser traído por alguém a quem prestou favores.
Shippo o maku
Meter o rabo entre as pernas= submeter-se.
Shippo o furu
Abanar o rabo = adular.
Inu no te mo karitai
Literalmente: querer ajuda até do cachorro.
Significado: estar extremamente ocupado.
Inu wa mikka kaeba sannen on o wasurenu
Cuide de um cão por três dias e ele não esquecerá a bondade por três anos.
Cerimônia do chá
O chanoyu, ou cerimônia do chá, é um sentimento que dificilmente pode ser expresso por palavras.
Desenvolvida sob influência do budismo Zen (cujo objetivo é purificar a alma do homem, confundindo-a com a natureza), de certa forma pode-se dizer que o chanoyu é a materialização do empenho intuitivo do povo japonês pelo reconhecimento da verdadeira beleza na modéstia e simplicidade.
O chanoyu stem desempenhado um importante papel na vida artística do povo japonês, pois envolve a apreciação do cômodo onde é realizada, o jardim que o circunda, os utensílios utilizados, a decoração do ambiente.
Representando a beleza da simplicidade estudada e da harmonia com a natureza, o espírito do chanoyu moldou o desenvolvimento da arquitetura, jardinagem paisagística, cerâmica e artes florais no Japão.
HISTÓRICO
O hábito de tomar chá teve origem na China, durante a dinastia Han (sec. I e II). Dada a sua preciosidade, inicialmente foi usado como remédio, mas com o tempo passou a ser bebida de imperadores, nobres, sacerdotes, notadamente da seita Zen.
No século XII, quando o budismo Zen se firmou no Japão, o monge Eisai introduz o uso da Macha (chá em pó) oriundo da China e que substitui o chá em tijolo, usado desde o século VII.
No silêncio dos mosteiros Zen, onde os monges tomavam chá para se manter em vigília e meditação, aos poucos foi se desenvolvendo uma filosofia de vida que deveriam encontrar sua realização no chadô e sua cristalização estética no chanoyu ou Cerimônia do Chá.
Coube a Murata Shuko (1422-1502), natural de Nara, unificar definitivamente o ideal do chá com a filosofia Zen: estabeleceu a medida de 04 tatamis (esteira) e meio para sala de chá - medida até hoje obedecida; utilização de cerâmica japonesa ao invés da chinesa; e introdução de um kakemono (rolo de caligrafia chinesa contendo um poema ou pensamento).
Criou o daisu - pequena estante para abrigar os objetos cerimoniais e ainda elaborou um regulamento para a cerimônia, baseado no código de honra dos samurais, o Bushidô e na etiqueta seguida pelos monges Zen durante as refeições.
No século XVI, Sen-no-Rikyu deu estrutura definitiva à cerimônia do chá.
Criou a cabana do chá, imbuída de espírito wab (desprendimento), cabana rústica de camponês, paredes toscas, teto de bambu ou de caniço, decoração sóbria.
Baseou-se ainda em quatro princípios a essência da cerimônia: Wa (harmonia), Kei (respeito), Sei (pureza) e Jaku (tranqüilidade).
Após a morte de Sen-no-Rikyu seus ensinamentos foram transmitidos aos seus descendentes e discípulos.
À época de seus tataranetos três diferentes escolas foram fundadas: Omotensenke, Urasenke, Mushakojinsenke e continuam em atividade até hoje.
CERIMÔNIA
As regras rigorosas da etiqueta do chanoyu que podem parecer penosas e meticulosas à primeira vista são, de fato, calculadas minuto a minuto, a fim de obter a maior economia de movimentos e, na verdade, agrada aos iniciados assistir a sua execução, especialmente quando realizada por mestres experimentados.
São utilizados os seguintes materiais:
1) Casa de chá ou sukiya – Consiste em uma sala de chá (cha-shitsu), uma sala de preparo (mizu-ya), sala de espera (yoritsuki) e de um caminho ajardinado (roji) que leva a entrada da cada.
2) Utensílios – Na cerimônia se usa principalmente: cha-wan (tigela), chaire (recipiente do chá), cha-sem (uma espécie de vassourinha de chá feita de bambu para mexer o chá), cha-shaku (concha de chá feita de bambu).
3) Trajes e acessórios – roupas de cores discretas. Em ocasiões formais, os homens vestem quimono de seda, de três ou cinco brasões de família estampados e tabi (meias brancas ou tradicionais). As mulheres vestem um quimono conservador brasonado e tabi. Os convidados devem trazer um pequeno leque dobrável e uma almofada de kaishi ( pequenos guardanapos de papel).
A cerimônia, de forma simplificada, consiste em:
1) primeira sessão na qual uma refeição ligeira denominada kaiseki é servida;
2) o nakadachi (breve pausa);
3) gozairi, a parte principal da cerimônia onde o koicha (chá de textura espessa é servido) e
4) ingestão do usucha ( chá de textura fina).
A cerimônia consome em torno de 4 horas.
Sakê
A bebida alcoólica está presente desde a antiguidade, da época da mitologia.
Diz-se que em Egito, há 5000 anos Deus Osíris deu ao povo o conhecimento sobre cerveja.
Na China também há o registro de que, há 4000 anos, na era do imperador WU, oferecia-se bebida alcoólica em sinal de veneração.
Na mitologia japonesa também temos as divindades Ookuninushi no mikoto e Sukunahikona no mikoto como Deuses do sakê.
Diz a história que, na segunda metade do século 8, foram admitidos em Heiankyo (atual Kyoto) os encarregados de produzir sakê para o Palácio Imperial. O sakê era uma importante oferenda nas atividades religiosas, e com isso surgiu o costume de saboreá-lo após a oferenda. Foi muito utilizado em festividades ligadas à agricultura , em casamentos e despedidas.
O sakê refinado tornou-se popular na Era Edo, segunda metade do século 18, e seu consumo anual foi de 1.800.000 tonéis, sendo que a população de Edo era de 1.000.000pessoas. Isto implica em um consumo diário de 541,11cm3 por habitante. É uma quantidade considerávelmente grande. Dizem que eram bebidas finas oriundas de Nada e Fushimi. Para produzir um sakê refinado de bom sabor, é necessário um arroz de qualidade, boa água, tonel de boa qualidade como o fabricado com pinheiro de Yoshino, um competente especialista em fabricação , temperatura propícia para a fermentação, entre outras condições. Por isso, desde Era Edo já eram famosos o Kikumasamune de Nada (atual província de Hyogo) e Gekkeikan de Fushimi (Kyoto).
Indispensável nas festividades e nas horas de lazer, o sakê era também apreciado nos comes-e-bebes nas platéias durante a apresentação de teatros como o Kabuki. Inclusive hoje, os assalariados se dirigem após o expediente para beber em bares e barracas ambulantes para dissipar o estresse gerado no trabalho. O número de mulheres que apreciam sakê também tem crescido vertiginosamente , inclusive sabemos que há cada vez mais mulheres que bebem em casa.
Dizem que a bebida alcoólica é o melhor dos remédios e atualmente, com a informação de que o polifenol contido nos vinhos traz benefícios para a saúde, sua venda aumentou bruscamente; especialmente a importação de vinhos franceses tem crescido.
As embalagens como tonéis e cabaças também foram sendo substituídas por garrafas de vidro, latas, copos de kappuzakê que podem ser reutilizados após o consumo, tendo atualmente os mais variados tipos como a embalagem.
Há dois tipos de sakê refinado: o Karakuchizakê (sakê seco com teor alcoólico acima de 2 graus) e o Amakuchizakê (sakê doce). Dizem que em épocas de prosperidade, proporcionalmente à estabilidade do momento, a preferência recai sobre o Karakuchi cujo paladar não cansa o consumidor, e em épocas de recessão passa a ser maior a procura por Amakuchi que traz saciedade com uma quantidade menor. Parece que atualmente o Amakuchizakê está em alta.
No Brasil, com a difusão da culinária japonesa, tem aumentado o número de brasileiros que degustam o Masuzakê (sakê em copo quadrado) para acompanhar Sushi ou Sashimi. Parece que o Atsukan (sakê aquecido) ainda não entrou na moda.
Culinária Japonesa
De fato, a cozinha japonesa é especialmente cativante por seu preparo, seus sabores e sua aprresentação.
Cercado de mar e cortados por rios, o Japão tem em seus pratos a forte presença de seus pescados. O peixe cru é raro na mesa cotidiana, mas usam-se muito peixes secos, principalmente nos temperos e caldos.
Os legumes são talhados em pequenos formatos e preparados em cozidos ou conservas. O elemento básico da alimentação é o arroz, tão importante que, na Idade Média, era utilizado como moeda de pagamento de impostos.
O molho (shoyu) e a pasta de soja (missô) dão um sabor característico à cozinha de todo o país.
Os pratos de refeição japonesa, em número de cinco, são servidos simultaneamente: incluem uma sopa, um cozido, um grelhado, gurnições de legumes e o arroz. No almoço, a refeição é simplificada: arroz, ovo cru, algas, conserva e sopa de missô.
A cerimônia do chá - o chanoyu - é um ritual com sete séculos de história. Nela, os convidados usam vestes especiais, louças antigas e raras, e cumprem vários procedimentos (cumprimentos, espera, saudações) que sugerem a paz e despojamento. É servida uma refeição leve e delicada, que antecede o momento de servir o chá.
Essa cerimônia simboliza tudo o que, na cozinha japonesa, se opõe ao modo de comer, apressado e desatento, representando, nos tempos atuais, pelo fast-food. Os pratos e ingredientes japoneses são plenos de significados simbólicos, não somente nutritivos. Um simples fio de macarrão, por exemplo, pode representar a continuidade da vida, a prosperidade de uma família.
Também do ponto de vista culinário os ingredientes são respeitosamente manipulados, preservando sua individualidade, resguardada por temperos normalmente sutis. O resultado surpreende pela bela apresentação e pela leveza que alivia os cansados paladares ocidentais. São pratos que têm sido exemplos de delicadeza do povo japonês. É, ainda, uma prova de que a comida pode não somente sustentar o corpo e emocionar o paladar mas também alimentar o espírito.
Origem do Sushi
O Japão é um pais formado por quatro ilhas no Oceano Pacífico, situadas entre a China e a Korea. As ilhas são, por ordem de tamanho: Honshu, onde fica Tokyo, a capital do país, Hokkaido, Kyushu e Shikoku.
O pais é cercado por diversas outras ilhas, todas juntas formando uma área de 145.000 milhas quadradas. Menos de 3% da massa mundial. Apesar de pequeno, o Japão contém diversas montanhas, vulcões, rios e lagos além de enormes quedas d'água.
O primeiro sushi japones que se tem notícia é o Nare-Zushi. Nascido no século 8 A.C.
O peixe era conservado em sal e arroz, o que permitia preservar por até três anos. O arroz era então descartado e o peixe picado servido.
A origem do sushi não totalmente conhecida, mas sem dúvida, foi no Japão que o sushi foi cultuado e é onde é mais consumido.
O sushi é o casamento do arroz com o peixe. Mais difundido na baia de Tokio. Os elementos básicos formam os elementos mais importantes da alimentação japonesa.
A história mostra que os chineses comiam sushi até uns 200 anos A.C. e foram eles que provavelmente trouxeram a comida para o japão. Utilizavam, na época, diversos tipos de peixe fermentados e arroz. Traços do sushi original ainda estão presentes na região como forma de preservar cultura.
O sushi era uma forma de manter o peixe e o arroz no tempo em que ainda não existia refrigeração. Isso era feito embalando o peixe com arroz em caixas de madeira.
O ácido lático produzido pelo arroz durante a fermentação ajudava a preservar o peixe.
A dieta tradicional japonesa é composta de pouca gordura, rica em proteínas e contém pouco açúcar.
Pelos costumes do Japão, come-se devagar e com palitos (hashi).
Em geral é uma alimentação muito saudável e variada que utiliza 5 sabores básicos em seus pratos: ácido, amargo, doce, quente e salgado.
Nas crenças do Japão antigo esses sabores refletem como se fossem espelhos nos trabalhos dos 5 orgãos importantes do corpo: o fígado, o coração, o pâncreas, os rins e os pulmões.
Apesar de não confirmado no meio médico, os japoneses acreditam nessa teoria há milhares de anos.
A origem do sushi
O sushi é um alimento que tem origens remotas. Antigamente retirava-se a cabeça e as vísceras do peixe e o filé era conservado salgando-o e acondicionando-o entre camadas de arroz, onde o peixe fermentava naturalmente, adquirindo um sabor ácido.
A técnica de conservação do peixe foi, aos poucos, transformando-se num prato, e o sabor ácido conseqüente da fermentação foi substituído por ácido acético e, mais tarde, pelo vinagre. Finalmente, o peixe e o arroz com vinagre passaram a contar com o shoyu, enriquecendo ainda mais o seu sabor.
Preparado basicamente com arroz, peixes e frutos do mar, o sushi tornou-se moda em vários países do Ocidente, por seu sabor exótico e agradável e por ser reconhecido como uma das iguarias mais saudáveis do mundo.
É fundamental que o sushi seja preparado com peixes de alta qualidade, de preferência de alto mar, para que não tenham qualquer tipo de contaminação. O arroz também deve ser de um tipo especial, levemente temperado com vinagre, saquê, sal e açúcar.
Sushiman
Costuma-se dizer que os japoneses comem primeiro com os olhos e o nariz para depois degustarem os alimentos. Um bom sushiman tem muitos anos de prática e aperfeiçoamento na técnica de preparo do sushi e sashimi, pratos que são apreciados no mundo inteiro.
Há diferentes formas de preparar o sushi. O sushiman deve impressionar, não apenas pelo sabor dos alimentos mas, também, com a aparência e a destreza ao prepará-los sob os olhares atentos dos clientes. A preparação ao sushi é um verdadeiro ritual em que é indispensável apreciar as cores, as formas, o aroma, o sabor e a estética do prato.
Culinária milenar
Além de sofisticada, a culinária japonesa é considerada uma das mais saudáveis do mundo pois tem baixo colesterol e é muito nutritiva. É essa alimentação que garante ao povo japonês o maior índice de longevidade do mundo, com os homens vivendo em média 75 anos e as mulheres mais de 81 anos.
A alimentação japonesa associa a milenar sabedoria oriental com a moderna ciência da nutrição transformando a alimentação numa fonte de prazer e saúde.
1)katakana
2)hiragana
3)kanji
É possível também transcrever a língua japonesa em caracteres romanos. Para tanto, o sistema mais empregado é o "Hepburn". Todos os três tipos (katakana, hiragana e kanji) podem se encontrar misturados em um mesmo texto. Há, contudo, uma distinção de uso para cada tipo de escrita, conforme iremos explicar adiante.
A escrita japonesa, diferentemente da escrita ocidental, não se baseia na formação de sílabas através da junção de consoantes com vogais. As sílabas já se encontram "prontas". Existem ao todo 71 sílabas. Você já deve ter percebido que alguns japoneses têm grande dificuldade de pronunciar a sílaba "SI". Eles acabam pronunciando "SHI". Isso porque , na língua japonesa, não existe a sílaba "SI". O mesmo acontece com a sílaba "TU" (eles pronunciam "TSU") e as sílabas com som do "L" (no japonês, o som de "L" acaba ficando com som de "R"). Outra grande diferença: no japonês, não existem sílabas com encontros consonantais (com exceção da sílaba "TSU"). Por exemplo, a palavra "BRANCO" acaba ficando "BURANCO". Além disso, o som do "N"/ "M", como em "BANDA" e "CAMPO", é considerado uma sílaba à parte.
Existem duas formas de grafar essas 71 sílabas: "katakana" ou "hiragana". O "katakana" é o silabário usado para palavras e nomes de origem estrangeira ou para designar onomatopéias e interjeições. O "hiragana" é o silabário usado para compor palavras, desinências e nomes japoneses. Tanto o "katakana" quanto o "hiragana" representam as mesmas 71 sílabas.
O "kanji" é uma forma de escrita de origem chinesa. A própria palavra "kanji" significa "escrita chinesa". Trata-se de ideogramas e não simplesmente letras. Isso porque cada "kanji", ou a combinação deste, expressa um significado, e não somente um som. Existem mais de 50.000 "kanjis". Alguns ideogramas podem ser lidos de diversas formas, mas o significado, salvo algumas exceções, não muda.
O "kanji" foi introduzido no Japão no ano de 538 d.c. por monges budistas. As sutras encontravam-se inteiramente em chinês e, para que a doutrina pudesse ser divulgada no Japão, foi necessário introduzir a escrita chinesa. Até então, não havia registro de escrita padrão no arquipélago japonês. A escrita chinesa é composta inteiramente por ideogramas. Durante muito tempo, no Japão, falava-se o japonês, mas se escrevia em chinês, obedecendo-se, inclusive, a sintaxe e gramática chinesa. Em meados do século 9, nasceram o hiragana e o katakana como forma de adaptação de ideogramas chineses para a língua japonesa. A partir de então, algumas obras foram publicadas já em língua japonesa, como é o caso de "Contos de Genji" (Genji Monogatari), considerado o primeiro romance mundial.
Atualmente, no Japão, um adulto tem conhecimento de aproximadamente 2000 ideogramas. Na língua japonesa, os ideogramas são usados, em princípio, como radicais de palavras. Portanto, em japonês, não é possível escrever uma frase inteira em ideogramas. As desinências, sufixos e preposições devem ser grafadas em "hiragana". Existem, contudo, palavras (em geral, substantivos) compostas somente por ideogramas. Muitas delas são herança do léxico chinês, havendo muitas palavras em chinês que são exatamente iguais em japonês, inclusive com leitura bastante semelhante.
Agora que você entendeu as três formas de escrita japonesa, não estranhe se o seu nome não puder ser grafado em "kanji". Somente os nomes japoneses, chineses e coreanos podem ser escritos dessa forma.
Ideograma (do grego ιδεω - idéia + γράμμα - caracter, letra) é um símbolo gráfico utilizado para representar uma palavra ou conceito abstrato.
Os sistemas de escrita ideográficos originaram-se na antiguidade, antes dos alfabetos e dos abjads.
Como exemplos de escritas ideográficas, podemos citar os hieróglifos do antigo Egito, a escrita linear B de Creta e a escrita maia, assim como os caracteres kanji utilizados em chinês e japonês.
Bonsai
A palavra bonsai tem origem japonesa e pode ser considerada como um verbo: Cultivar árvores em vasos ( Bon=Vaso + Sai=Arvore).
O Bonsai teve seu início na China, por volta do século. III A.C., mas foram os japoneses que aprimoraram a técnica, incluindo-a em sua cultura como arte e objeto de culto e meditação.
Não se trata de uma planta específica, mas sim de uma técnica utilizada em árvores com o objetivo de "miniaturiza-la" inspirando-se em formas existentes na natureza. Não há árvore de Bonsai, mas árvores que se transformam pelo processo de Bonsai. Na prática, é a arte de selecionar e transformar árvores que tenham potencial para se assemelhar a uma réplica na natureza.
Através da observação percebe-se que as árvores têm tendências de comportamento e estilos próprios. No Bonsai também encontramos uma classificação de estilos e formas mais tradicionais baseado no estilo natural das árvores. Suas principais categorias se baseiam principalmente nas formas e no número total de árvores na composição.
Apesar de seu tamanho reduzido, a árvore mantém sua saúde e características naturais produzindo flores e frutos normalmente. A princípio qualquer árvore pode ser utilizada para confecção de Bonsai, devendo-se procurar um conjunto estético e harmonioso. Algumas árvores já possuem a tendência natural para se transformar num Bonsai, outras devem ser mais trabalhadas através de modelagem, podas, etc..., onde a habilidade e criatividade do artista são freqüentemente colocadas a prova, respeitando-se os limites diante da natureza.
A preocupação estética é fundamental na execução de um bonsai. A importância estética é sem duvida muito maior do que a botânica, apesar desta ser fundamental. O objetivo da Arte bonsai é criar uma composição artística utilizando a natureza das árvores como matéria prima, transformando-os em arte através de harmonia estética.
São dois os fatores que determinam o visual de um bonsai de qualidade:
Fatores Estéticos:
Linha e forma; equilíbrio e Harmonia; Escala de Composições; Perspectiva e Profundidade; Movimento; Vitalidade; Evidenciamento do centro das atenções; A composição da árvore como um todo; Cor e Textura.
Fatores Orgânicos:
Tronco; Ramos; Raízes; Folhas; Frutos; Flores e Vaso.
Em resumo a composição dos bonsai deve se assemelhar a árvores encontradas na natureza, ter estilo bem definido, possuir algum atrativo evidente como frutos, flores, raízes expostas, exuberância em folhagens, folhagens com cores diferentes, texturas de tronco majestáticas e vasos adequados.
Origami
A arte de dobrar papel
ORI = dobrar
GAMI = papel
Em japonês, gami significa papel e ori significa dobrar. Essa arte tradicional oriental produz as mais variadas figuras, como flores, animais, imagens geométricas e decorativas em geral, a partir de cortes e dobraduras minuciosos em simples folhas de papel.
São usadas no Japão há séculos para enfeitar altares dos templos.
Rica em detalhes, a arte do origami, amplamente difundida em todo o mundo, requer paciência, precisão e concentração.
Sua prática tem sido recomendada também para fins terapêuticos.
Penteado
Consta no registro que no dia 20 de agosto de 1878 (ano 6 Meiji) o Imperador Meiji realizou o danpatsu (cortar o cabelo, desfazendo o chonmage, ou o penteado ao estilo antigo).
Até então, ele usava o chonmage, que aos poucos foi perdendo o prestígio ante a acelerada onda de ocidentalização que assolou o Japão logo após a revolução de Meiji, levando as pessoas a cortarem o tradicional chonmage e trocar as vestimentas típicas japonesas às vestimentas e calçados ocidentais para serem mais chiques e modernos.
Por outro lado, a tradição de 250 anos arraigada durante o Período Edo não se desfez tão facilmente. O danpatsu foi liberado em 1871 (ano 4 Meiji) mas antes disso, os altos funcionários do governo que eram enviados ou iam estudar nos Estados Unidos ou na Europa já adotavam o cabelo curto, surpreendendo os compatriotas ao regressar ao Japão.
O corte ocidental se tornou comum entre os diplomatas e os ligados ao comércio exterior, tornando-se um símbolo do florescimento da civilização. Mas entre os populares ainda existiam os que usavam o chonmage.
Dizem que devido a isso, até houve uma província que cobrasse impostos sobre o chonmage. Dizem também que os funcionários públicos percorriam toda a vila e, ao achar alguém com tal penteado, imediatamente cortavam-no. O Imperador Meiji também decidiu-se pelo danpatsu.
Os penteados dos cabelos sofreram transformações com a época. Nos tempos primitivos, o penteado visto em mitologia ou nos amuletos em forma de bonecos é um penteado masculino chamado hamizuta, que consiste em dividir os cabelos ao meio da testa, amarrando-os nas laterais da cabeça acima de cada orelha em formato de 8. Desde o Período Nara (710 a 784 d.C.) até o final do Período Muromachi (1392 a 1573 d.C.) foi adotado o sistema de utilização de kanmuri ou eboshi (tipos de chapéu que indicavam a hierarquia).
Como todos os homens utilizavam esses chapéus, seus cabelos ficavam invariávelmente amarrados no alto da cabeça, não tendo então alterações nas suas formas. No período Kamakura, com as contínuas guerras civis, os samurais utilizavam com freqüência o elmo, e para evitar que os cabelos da região sobre a cabeça provocasse excesso de umidade e calor começaram a raspá-los, dando início ao sakayaki.
Depois de entrar na Era Edo, os protocolos da corte e demais classes sociais se tornaram rigorosos, determinando até as cores dos cordões com que amarravam os cabelos presos: violeta para a nobreza, vermelha para os shoguns (generais), branca para os guerreiros de classe inferior.
Quando este costume de raspar o alto da cabeça se espalhou entre os populares, surgiram os profissionais dessa atividade. Surgiram então em Edo centenas de kamiyuidoko, ou seja, barbeiros especializados.
Quanto ao cabelo feminino, na antiguidade usava-se cabelos lisos, amarrados ou soltos, mas no Período Nara, sob influência da China, passou a usar 2 birotes no alto da cabeça.
Posteriormente, na Era Heian usou-se os cabelos lisos e soltos bem ao estilo japonês e, especialmente nas classes sociais altas o normal era tê-los com 2 metros de comprimento, sendo considerado ideal se estivessem por volta de 50cm mais longo do que a vestimenta. Porém, para as mulheres que trabalhavam, os cabelos longos não eram práticos, então prendiam-nos nas faixas ou nos cozes da vestimenta ou ainda na cabeça.
Do Período Muromachi ao Período Edo, os cabelos ficaram mais curtos, e os penteados com cabelos presos passam a ser mais comuns.
Essa moda começou a ser propagada pelas cortesãs, artistas de kabuki, e gravuras como ukiyo-ê, tendo perto de 300 tipos diferentes de penteado.
Em 1885 foi fundada a Associação feminina de sokuhatsu (cabelos presos ao estilo ocidental) que, sob influências do danpatsu masculino defendia o fim do penteado estilo oriental e o uso do penteado ocidental.
Devido a isso, até os anos 30 e 40 Meiji, a moda foi difundida desde as altas classes sociais até as camadas mais humildes. Nas Eras Taisho e início de Showa a vestimenta ocidental se generalizou e o permanente passou a ser moda no pós-guerra.
Kendô
O Kendô (Caminho da espada), cuja origem está registrada nos séculos 7 ou 8, é baseado na filosofia de 03 religiões: o shintoísmo, budismo e confucionismo. No Japão as crianças aprendem desde cedo a manipular o shinai (espada de bambu) e as escolas adotam o esporte como currículo de educação física. Por causa disso, atualmente cerca de 7 milhões praticam o esporte na terra do sol nascente. O treinamento consiste em disciplinar tanto a mente como o corpo, e o objetivo não é somente vencer competições (Shiai), mas antes de tudo desenvolver o indivíduo, seu intelecto, corpo e espírito, e fazer com que o corpo, a espada e o espírito se transformem em uma única unidade.
A etiqueta e o respeito tem a importância essencial, como as outras artes japonesas, a importância do Zen-budismo aumentou quando a arte da espada tornou-se o Caminho para a paz interior e sabedoria. "Kendô wa rei ni hadimari rei ni owari", ou seja, o Kendô inicia-se com o respeito e finaliza-se com o respeito, não importa a vitória ou a derrota, o praticante de Kendô deve ter sempre em sua mente, seu espírito, a humildade de saber perder e reconhecer a superioridade de seu oponente, ou então, saber ganhar e não menosprezar a inferioridade daquele que um dia poderá ser sua fonte de sabedoria. Sendo assim, o Kendô não significa apenas o treinamento no manejo da espada; ele não existirá sem todo um "código de honra do Samurai".
Durante a luta os competidores devem manter a postura correta. Não é permitido, por exemplo, caminhar sobre os tablados. Os passos são dados aos saltos. O pé esquerdo, sempre atrás, serve para impulsionar o movimento. No Kendô, usa-se como acessório: o shinai (espada do lutador feita de bambu - para o golpe ser considerado válido, o lutador deve tocar o oponente com a extremidade do shinai, a partir da marca indicada), Men (é a mascara com uma grade de metal para cobrir o rosto), Kote (espécie de luva que envolve as mãos e os pulsos) Tarê (cinturão para proteger o ventre e onde está escrito o nome do lutador) e Dô (amarrado às costas, é um colete que protege a região do peito). E os principais golpes são justamente com o objetivo de atingir os pontos que estão protegidos: o Men, Dô e Kotê.
O grito, chamado de kiai, é fundamental pois o praticante recupera a concentração, anuncia o golpe e também o utiliza para intimidar o adversário. Existe um grito específico para cada golpe, mas durante a luta os competidores gritam a todo instante mesmo que não estejam golpeando.
Este esporte se assemelha muito ao alpinismo, porque não pode ser praticado individualmente, e quanto mais sobe, fica mais difícil subir. Pouca gente escalou e chegou ao topo do Monte Evereste, e, poucos praticantes chegaram ao 10º grau de Kendô.
Kataná
Kataná (a espada japonesa) é o mais nobre dos instrumentos guerreiros e antigamente só podia ser manejada pelo samurai, sendo proibido seu uso pelos mercadores e camponeses. Ela ficava presa à cintura, do lado esquerdo do corpo, com o corte virado para cima. Geralmente usava-se um par de espadas, o daishô (pequena e grande) - uma com 60 a 90 cm de comprimento (kataná) e a outra de 30 a 60 cm (wakizaki).
"Um fio tão delicado como uma navalha, tão forte como a quilha de um arado", é a definição do kataná feita por Laerte Ottaiano, especialista brasileiro em espada japonesa. Não só a lâmina, o acabamento também tinha que atingir a perfeição, através da habilidade dos ferreiros e dos laqueadores.
A empunhadura e a bainha (saya) eram cobertas e decoradas com desenhos sofisticados. Entre a lâmina e o cabo ficava a guarda (tsuba) para aparar os golpes e proteger as mãos. A partir do século XVI passaram a ser feitas por artesãos especializados e também se transformaram em objetos de arte. As tsubas geralmente tinham uma abertura central que unia a lâmina com a empunhadura. Outras tinham mais duas aberturas para o kazuka (empunhadura do kogatana, pequena faca) e o kogai que se acredita, originalmente teria sido usado para arrumar o cabelo sob o elmo.
A fabricação dessa arma sempre foi um segredo de cada artista.
Geralmente, além do processo de purificação do minério de ferro, o material era temperado com dois ou três metais para produzir uma lâmina super-resistente.
A espada japonesa tem a forma elegantemente curva desde o período Heian (794-1191) e, por séculos, foi a principal arma de luta.
Com a introdução das armas de fogo no século XVI, pouco a pouco ela foi se restringindo aos eventos cerimoniais.
Com o desaparecimento da classe samurai, a partir da restauração do poder imperial (1868), as espadas se transformaram em objeto de arte sendo disputadas por colecionadores, mas o código moral dos samurais (Bushidô) continua vivo na maneira de agir e pensar dos nipônicos. O Bushidô baseava-se, fundamentalmente, no cultivo das virtudes marciais, na demonstração de absoluta indiferença à morte e à dor e na dedicação e lealdade ao seu senhor. "A vida e a morte estavam separadas pelo fio da kataná, assim como viver e morrer são inseparáveis e inevitáveis", escreve Laerte Ottaiano.
Os principais preceitos éticos desse código eram: retidão ou justiça, guiri (tem sentido de dever, obrigação. Fala-se, por exemplo, guiri que se deve aos pais, aos superiores, aos inferiores, aos parentes e amigos), coragem, benevolência, polidez, veracidade, sinceridade, honra, dever e lealdade.
Bushidô
Bushidô, significa o Caminho do Guerreiro (Bushi = Guerreiro, militar, samurai e Dô ou Michi = estrada, método, disciplina) e é um código de honra (não escrito) seguido pelos samurais (que constituíram uma casta de 1192 a 1867).
- Para se tornar um verdadeiro guerreiro, qual o caminho que se deve seguir?
- Pode a prática marcial tornar-se um caminho que leva à ética, à sabedoria?
Tais perguntas foram levantadas desde que a classe guerreira tornou-se preponderante no Japão no século XII
Os esforços do bushi (guerreiro) já se desenvolviam em três planos:
* tecnicamente devia praticar as artes marciais para atingir a máxima destreza;
* moralmente devia dar provas de devotamento no serviço e de uma lealdade sem limite;
* espiritualmente devia elevar-se à impassibilidade e à abnegação diante da morte.
Mas foi somente com a paz do período de Edo (1615 a 1868) que o termo bushidô serviu para designar a exaltação das virtudes marciais. Assim sendo, o bushidô foi fundado no século XVII por Yamaga Soko, cujo pensamento foi influenciado pelo racionalismo confuciano.
O Hagakure (livro Oculto entre as folhas, escrito por Yamamoto Shogo em1716) dá ao bushidô uma versão mais radical, mais intransigente.
A classe dominante expiava sua dominação: a morte presente ao menor desvio da conduta, a morte fácil como solução de todos os conflitos.
Para escapar às contradições da paz marcial, duas linhas se esboçavam: exaltar os valores de subordinação, de ordem, de disciplina e interpretar a ética do serviço no sentido de um trabalho útil e frutuoso.
Sob a influência do confucionismo, o guerreiro se transformava em funcionário meticuloso, atento em gerir os interesses confiados a seus cuidados.
Essa ideologia burocrática reinava em círculos próximos ao poder central.
Mas, conforme a distância de Edo (hoje Tóquio), à medida que se descia dos espíritos talentosos e disciplinados aos meios mais rudes, onde os guerreiros (às vezes simples ronin sem emprego) não tinham nada além da vida para dar, encontrava-se outros sentimentos: a honra tornava-se mais áspera, um redobramento de lealdade ostentava um desprezo pelos belos talentos simplesmente úteis, e o espírito de guerra despertava companheirismo, temeridade, displicência e prodigalidade.
Yamamoto Tsunetomo, cujas palavras estão compiladas no Hagakure, fez-se, de seu recanto da província, o intérprete do que o bushidô teve de mais radical. Seu olhar vai direto a conclusões extremas:
*que o guerreiro se confunda com a morte;
* outros, camponeses ou citadinos, podem enriquecer, trabalhar, fazer projetos – mas o guerreiro vive sem amanhã, a todo instante atento a ser tudo o que deve ser. Que vive como se estivesse já morto: não terá mais nada a temer;
* numa experiência da unidade dos contrários próxima do Zen, ele ascenderá à liberdade, à serenidade. Sua violência, extremamente tensa, poderá então colher os mesmos frutos que a "não violência búdica";
* tal homem não se deixa escravizar pelos fins que persegue, pelos deveres que cumpre. Nada do que faz o amarra, se ele se exercitar em manter sua vontade à altura da morte.
"Compreendi que o bushidô é a morte"
Na alternativa, só se pode escolher a morte. É só.
Vai-se em frente calmamente. dizer que morrer após uma derrota é morrer tolamente, é bem uma opinião frívola de gente da capital.
Quando se está acossado pela escolha entre vida ou morte, não se deve considerar o fim: todo mundo prefere viver, e é sem dúvida também o que quer a razão; mas continuar viver sem ter atingido o fim desejado é covardia.
Estamos assim sobre um terreno movediço. Morrer após uma derrota, é morrer totalmente, é loucura, mas não é desonroso.
Eis o terreno seguro do bushidô. Quando cada manhã e cada noite, sem cessar, morre-se, quando está por toda parte e sempre ancorado na morte, então, necessariamente, obtém-se a liberdade do bushidô e, ao abrigo de qualquer desonra, realiza-se a própria vocação."
Nunca se exprimiu com tanta força e simplicidade a relação que, ligando a vontade à morte se libera de todo o resto, abrindo ao homem, além das tarefas particulares, o espaço de uma vacuidade essencial e o desperta para o impossível que ele deve reconhecer em si próprio.
Esses sentimentos, expressos no início do século XVIII, mostram que sem medo, sem mácula e sem esperança, o samurai vive indiferente ao futuro, aos projetos, aos sucessos e aos lucros.
No desprezo da razão, sua intimidade com a morte lhe basta, pois é único princípio de toda virtude.
Os privilégios da aristocracia guerreira foram abolidos anos depois, mas não seus valores.
Inoue Tetsujiro, filósofo do Kokutai, colocou-os a serviço do nacionalismo.
Em 1900, Nitobe Inazo, convertido à religião dos quakers e muito cosmopolita, escreveu em inglês Bushidô: The Soul of Japan, para ilustrar a permanência dessa tradição e seu papel na modernização do Japão.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a leitura do Hagakure foi encorajada.
Finalmente, foi ao renascimento do bushidô, comprometido pela derrota, que o romancista Yukio Mishima quis consagrar e sacrificar sua vida.
Haru Matsuri
HARU = PRIMAVERA
O Japão é considerado o país que mais se identifica com a primavera no mundo. Talvez pelo seu milenar culto às flores e as divindades da Natureza, cuja origem remonta de sua pré-histórica mitologia. Lá cada flor tem seu significado simbólico e sua lenda, além de altar para ser cultuado esteticamente no reservado Tokonomá.
A beleza das flores ao longo das quatro estações do ano, tem sido desde a Antigüidade, fonte de inspiração para inúmeras canções, pinturas e poemas. A maneira como as flores se abrem e caem, ano-a-ano, servem de base para o agricultor prognosticar a colheita, e o pescador prever a chegada de cardume ou até mesmo as tormentas, observando as variações do vento e do mar, conforme a direção da florada. Desta forma, o sentimento dos agricultores e dos pescadores estão em completa sintonia com a natureza e esse caráter foi difundido, amplamente, para todos os japoneses.
A arte tradicional do Japão, as formas poéticas clássicas do Tanka e do Haiku, a pintura Zen, a música, o mai, o teatro Nô e Kabuki, a cerimônia do chá e o ikebana, não se desenvolveriam sem o cenário primaveril da Terra das Cerejeiras e a adoração do seu povo pelas flores. Mesmo no Japão ultramoderno com os pés no século XXI, urbanizado e altamente tecnológico: esta consciência estética tradicional continua fortemente arraigada em todos os habitantes da nação.
No Brasil, esse senso estético de inspiração primaveril, trazida pelos imigrantes, ainda vive Brasil alma de seus descendentes. Ao longo da história da imigração nipônica, manifestações artísticas em forma de poesias (tanka, senryu, haiku), pintura e dança preservam esse sentimento.
Fazer crescer e desabrochar em todo o seu esplendor divulgando por todos os cantos deste Brasil, é a missão que o Espírito da Natureza atribuiu as entidades nipo-brasileiras, mantendo assim, a tradição do amor pela Natureza.
MATSURI = FESTA
Matsuri é a palavra japonesa para designar festa ou festivais. Originalmente significa o "ato de oferendar coisas aos deuses e às pessoas de respeito".
Uma pessoa, para fazer uma oferenda, tem que purificar-se primeiro para então, com o espírito humilde, oferecer presentes aos deuses da Natureza (cuja morada é uma pequena plantinha ou uma singela flor) acompanhado de orações, pedidos de boas colheitas, prosperidade e paz em sua vida, segurança nas viagens por terra e por mar. Feito o pedido, tudo é motivo de alegria.
O espírito das plantas gostam de alegria, e onde há alegria chega os bons frutos. Por isso, seguem-se as cantorias e as danças cerimoniais.
Festas com estas características, são eventos que fazem parte da vida dos japoneses e são comemoradas de maneira exuberante e alegre, pelas quatro estações do ano.
Um bom exemplo é o Festival das Bonecas (hina matsuri), celebrada no dia 3 do mês 3 (março).
As bonecas com trajes da era Heian, de mil anos atrás, são mostradas em estantes especiais, junto com flores e a festa é celebrada em honra da saúde e da beleza das meninas de casa.
Os centros Shintô, como o santuário de Izumo e Ise, e também templos budistas e santuários de Nara, Kyoto, Kamakura e Tokyo e em todo território japonês, conta com solenes festivais realizados em determinadas datas do ano, com a participação de grande números de pessoas que para lá se dirigem, mesmo que seja só para presencia-las. Em menor escala são realizadas cerimônias típicas de uma região em templos locais, para exorcizar espíritos malevolentes e atrair os Sete Deuses da Fortuna e da Felicidade.
São encenadas como teatro de máscaras, tradicionais e simples, e freqüentemente, bem humoradas. As regiões do norte do Japão são bem conhecidas por esse tipo de festival.
Existe também, feriado nacional, na primavera, especialmente para apreciar as flores, é o chamado "Ohanami" - ocasião em que toda família, acompanhado de amigos e vizinhos, procuram jardins floridos para fazer grandes piqueniques, onde cantam, comem e bebem, enquanto penduram poesias de sua inspiração, nos ramos floridos em louvor à natureza.
No Brasil, para matar a saudade das cerejeiras em flor, os primeiros imigrantes nipônicos, acampavam com toda a família em baixo da paineira florida e relembravam histórias da terra natal.
Dança
Os termos mais usuais para dança no idioma japonês são mai e odori, cuja combinação de ideograma forma a palavra buyô (significando genericamente danças tradicionais japonesas). A palavra buyô só se popularizou na era Taishô (1912/26) e tem-se em mente, sobretudo, as danças derivadas do povo comum e que foram refinadas pelo teatro Kabuki.
A dança tradicional japonesa surgiu na antigüidade como um elemento da cerimônia religiosa e se desenvolveu no decorrer dos séculos, em intima relação com vários gêneros de artes vocais e teatrais. Tradicionalmente se tem dividido a dança em mai (diferenciada por uma contida qualidade cerimonial) e odori (mais folclórico e com movimentos mais extrovertidos).
Conta-se que a dança mai, que significa girando, se originou nos movimentos das virgens dos santuários que circundavam um lugar cerimonial, segurando galhos da árvore sagrada sakaki de bambu, num ritual que visava trazer tranqüilidade e bem-estar à terra. A medida que o ritual ia se repetindo, os gestos foram se formalizando e se transformaram em uma dança ritual apresentada no palco por uma sacerdotisa que segurava um leque. Esta ação se transformou na arte do Nô. É por isso que, assim, como os movimentos rituais do Nô e do Mai, assumem um ou dois intérpretes que circundam o palco segurando um leque ou adereço semelhante.
A dança clássica japonesa busca estabelecer e confirmar contato com a terra. Seus movimentos tendem à flexão dos quadris e membros inferiores, tornando o corpo mais baixo, impressão ainda reforçada pelos pés que se arrastam e pisam forte no chão. É uma dança com passos intensivos, cujo ideal técnico é expressar a beleza da idade avançada. Há na dança japonesa um código moral de respeito e cortesia, assim como uma prática que assume a forma de "caminho" ou doutrina.
ODORI
Originalmente, odori significa um tipo de dança de saltos e pulos e sua origem remonta a seita Jodo (Terra pura), uma seita que se espalhou rapidamente no período Medieval. Esta seita dava ênfase ao canto repetido de uma simples oração (nembutsu) proferido por grupo de seguidores, que às vezes pulavam ao ritmo do sino, que acompanhava a oração, em um tipo de dança primitivo chamado nembutsu odori. Até o desenvolvimento do kabuki, no período Edo, odori era este tipo de dança, com participantes acompanhando a música e dando pouca atenção ao significado simbólico ou literário.
Coube ao Kabuki (ver matéria sobre kabuki) dar expressão artística refinada ao Odori, as danças de festivais rústicos e populares, todas elas executadas em grupo. Também a influência do odori transparece fortemente no Kabuki e uma das manifestações é a dança alternada, solada por cada um dos artistas. Essa forma está intimamente relacionada ao velho costume japonês, praticado até hoje, de os convidados da festa se apresentarem individual e espontaneamente para o entretenimento de todos.
No período Edo, nas ruas e praças públicas, passaram a ser realizados bailados grandiosos, as danças de massas, como o Bon-odori, realizado durante o festival de verão, quando o Japão reverencia a memória dos mortos. Há ainda o Awa-Odori, estilo de dança livre típica de Tokushima, da província de Shikoku.
A dança do teatro Kabuki é a referência e a partir dela surgiram vários estilos. Os movimentos contidos e seus passos, sempre presos ao chão, induzem a uma expressão introspectiva.
Jan-Ken-Pon
Janken (pedra, tesoura e papel) é uma brincadeira tradicional japonesa usada para decidir a ordem dos jogadores ou ganhadores.
Gu significa "pedra", choki "tesoura" e pa "papel".
A pedra quebra a tesoura, a tesoura corta o papel e o papel embrulha a pedra.
Horóscopo Japonês
No Horóscopo Zenchi (também conhecido como Horóscopo Japonês) o signo animal é determinado pelo ano de nascimento da pessoa, iniciando sempre no dia 1O de janeiro, o Ano Novo Solar, que os nipônicos chamam de Oshogatsu.
Nesse aspecto existe uma diferença com o Horóscopo Chinês, cuja contagem fundamenta-se no Ano Novo Lunar (12 meses e 29 dias).
Os japoneses chamam a primeira lunação do ano de Koshogatsu (Pequeno Ano Novo) e nesse dia reverenciam a Lua, pois começa nesse dia a regência do animal-signo na Roda do Destino, que este ano terá início no dia 7, quando a deusa-Sol (Amaterassu Omikami) passa a iluminar a Casa do Boi.
Isso significa que enquanto no Horóscopo Chinês existe apenas um signo Regente do Ano (Dragão), no Horóscopo Zenchi além do animal simbólico do ano existe o animal regente do mês.
Para saber a que signo você pertence no Horóscopo Japonês, procure o ano em que você nasceu na tabela abaixo.
Rato 1900 - 1912 - 1924 - 1936 - 1948 - 1960 - 1972 - 1984 - 1996
Boi 1901 - 1913 - 1925 - 1937 - 1949 - 1961 - 1973 - 1985 - 1997
Tigre 1902 - 1914 - 1926 - 1938 - 1950 - 1962 - 1974 - 1986 - 1998
Coelho 1903 - 1915 - 1927 - 1939 - 1951 - 1963 - 1975 - 1987 - 1999
Dragão 1904 - 1916 - 1928 - 1940 - 1952 - 1964 - 1976 - 1988 - 2000
Serpente 1905 - 1917 - 1929 - 1941 - 1953 - 1965 - 1977 - 1989 - 2001
Cavalo 1906 - 1918 - 1930 - 1942 - 1954 - 1966 - 1978 - 1990 - 2002
Cabra 1907 - 1919 - 1931 - 1943 - 1955 - 1967 - 1979 - 1991 - 2003
Macaco 1908 - 1920 - 1932 - 1944 - 1956 - 1968 - 1980 - 1992 - 2004
Galo 1909 - 1921 - 1933 - 1945 - 1957 - 1969 - 1981 - 1993 - 2005
Cachorro 1910 - 1922 - 1934 - 1946 - 1958 - 1970 - 1982 - 1994 - 2006
Javali 1911 - 1923 - 1935 - 1947 - 1959 - 1971 - 1983 - 1995 - 2007
Cão e Gato
O cão e o gato estão entre os dois animais de estimação preferidos do homem, e no Japão não é diferente.
Historicamente, o cão tem um desenvolvimento mais antigo. Já foram encontrados no Japão esqueletos de cães do Período Jomon (1000 a 300 anos a.C). Há inclusive indícios de enterro ritualístico, numa demonstração de como esses animais eram respeitados naquela época.
Já os gatos têm uma história mais recente no Japão. Eles provavelmente foram introduzidos da China no Período Heian (794-1192), sendo criados como animais de estimação de famílias nobres. Domesticados para caça a ratos, popularizaram-se também entre pessoas comuns.
Tanto o cão como o gato são personagens no Japão de inúmeras lendas e histórias, que muitas vezes lhes conferem uma natureza quase mística. Eles também estão presentes em diversos provérbios e expressões idiomáticas. Veja a seguir uma pequena amostra, que revela um pouco do modo como os japoneses vêem esses animais:
GATO
Também chamado de Makineko, acredita-se que este objeto dá sorte a quem os usa, principalmente aos negócios.
O objeto deve ficar com a frente virada para a porta da casa ou comércio pois a figura do gato acena com uma das patas atraindo fregueses e dinheiro.
Neko ni koban
Dar koban (antiga moeda de ouro) ao gato.
Significado: mesmo uma coisa preciosa não vale nada dependendo de quem a possua.
Nekokaburi
Fingir o que não é, assumir ar de inocência, ser hipócrita.
Neko kawaigari suru
Mimar exageradamente.
Nekojita
Língua sensível ao calor.
Nekonadegoe
Voz insinuante, melíflua.
Neko mo shakushi mo
Todo mundo, qualquer um.
CÃO
Inu mo arukeba bô ni ataru
Significado = a sorte pode chegar inesperadamente.
Inu ga nishi mukya o wa higashi
Quando o cão vira para oeste, o rabo fica para leste = metáfora de uma coisa óbvia.
Kai inu ni te o kamareru
Ter a mão mordida pelo próprio cão = ser traído por alguém a quem prestou favores.
Shippo o maku
Meter o rabo entre as pernas= submeter-se.
Shippo o furu
Abanar o rabo = adular.
Inu no te mo karitai
Literalmente: querer ajuda até do cachorro.
Significado: estar extremamente ocupado.
Inu wa mikka kaeba sannen on o wasurenu
Cuide de um cão por três dias e ele não esquecerá a bondade por três anos.
Cerimônia do chá
O chanoyu, ou cerimônia do chá, é um sentimento que dificilmente pode ser expresso por palavras.
Desenvolvida sob influência do budismo Zen (cujo objetivo é purificar a alma do homem, confundindo-a com a natureza), de certa forma pode-se dizer que o chanoyu é a materialização do empenho intuitivo do povo japonês pelo reconhecimento da verdadeira beleza na modéstia e simplicidade.
O chanoyu stem desempenhado um importante papel na vida artística do povo japonês, pois envolve a apreciação do cômodo onde é realizada, o jardim que o circunda, os utensílios utilizados, a decoração do ambiente.
Representando a beleza da simplicidade estudada e da harmonia com a natureza, o espírito do chanoyu moldou o desenvolvimento da arquitetura, jardinagem paisagística, cerâmica e artes florais no Japão.
HISTÓRICO
O hábito de tomar chá teve origem na China, durante a dinastia Han (sec. I e II). Dada a sua preciosidade, inicialmente foi usado como remédio, mas com o tempo passou a ser bebida de imperadores, nobres, sacerdotes, notadamente da seita Zen.
No século XII, quando o budismo Zen se firmou no Japão, o monge Eisai introduz o uso da Macha (chá em pó) oriundo da China e que substitui o chá em tijolo, usado desde o século VII.
No silêncio dos mosteiros Zen, onde os monges tomavam chá para se manter em vigília e meditação, aos poucos foi se desenvolvendo uma filosofia de vida que deveriam encontrar sua realização no chadô e sua cristalização estética no chanoyu ou Cerimônia do Chá.
Coube a Murata Shuko (1422-1502), natural de Nara, unificar definitivamente o ideal do chá com a filosofia Zen: estabeleceu a medida de 04 tatamis (esteira) e meio para sala de chá - medida até hoje obedecida; utilização de cerâmica japonesa ao invés da chinesa; e introdução de um kakemono (rolo de caligrafia chinesa contendo um poema ou pensamento).
Criou o daisu - pequena estante para abrigar os objetos cerimoniais e ainda elaborou um regulamento para a cerimônia, baseado no código de honra dos samurais, o Bushidô e na etiqueta seguida pelos monges Zen durante as refeições.
No século XVI, Sen-no-Rikyu deu estrutura definitiva à cerimônia do chá.
Criou a cabana do chá, imbuída de espírito wab (desprendimento), cabana rústica de camponês, paredes toscas, teto de bambu ou de caniço, decoração sóbria.
Baseou-se ainda em quatro princípios a essência da cerimônia: Wa (harmonia), Kei (respeito), Sei (pureza) e Jaku (tranqüilidade).
Após a morte de Sen-no-Rikyu seus ensinamentos foram transmitidos aos seus descendentes e discípulos.
À época de seus tataranetos três diferentes escolas foram fundadas: Omotensenke, Urasenke, Mushakojinsenke e continuam em atividade até hoje.
CERIMÔNIA
As regras rigorosas da etiqueta do chanoyu que podem parecer penosas e meticulosas à primeira vista são, de fato, calculadas minuto a minuto, a fim de obter a maior economia de movimentos e, na verdade, agrada aos iniciados assistir a sua execução, especialmente quando realizada por mestres experimentados.
São utilizados os seguintes materiais:
1) Casa de chá ou sukiya – Consiste em uma sala de chá (cha-shitsu), uma sala de preparo (mizu-ya), sala de espera (yoritsuki) e de um caminho ajardinado (roji) que leva a entrada da cada.
2) Utensílios – Na cerimônia se usa principalmente: cha-wan (tigela), chaire (recipiente do chá), cha-sem (uma espécie de vassourinha de chá feita de bambu para mexer o chá), cha-shaku (concha de chá feita de bambu).
3) Trajes e acessórios – roupas de cores discretas. Em ocasiões formais, os homens vestem quimono de seda, de três ou cinco brasões de família estampados e tabi (meias brancas ou tradicionais). As mulheres vestem um quimono conservador brasonado e tabi. Os convidados devem trazer um pequeno leque dobrável e uma almofada de kaishi ( pequenos guardanapos de papel).
A cerimônia, de forma simplificada, consiste em:
1) primeira sessão na qual uma refeição ligeira denominada kaiseki é servida;
2) o nakadachi (breve pausa);
3) gozairi, a parte principal da cerimônia onde o koicha (chá de textura espessa é servido) e
4) ingestão do usucha ( chá de textura fina).
A cerimônia consome em torno de 4 horas.
Sakê
A bebida alcoólica está presente desde a antiguidade, da época da mitologia.
Diz-se que em Egito, há 5000 anos Deus Osíris deu ao povo o conhecimento sobre cerveja.
Na China também há o registro de que, há 4000 anos, na era do imperador WU, oferecia-se bebida alcoólica em sinal de veneração.
Na mitologia japonesa também temos as divindades Ookuninushi no mikoto e Sukunahikona no mikoto como Deuses do sakê.
Diz a história que, na segunda metade do século 8, foram admitidos em Heiankyo (atual Kyoto) os encarregados de produzir sakê para o Palácio Imperial. O sakê era uma importante oferenda nas atividades religiosas, e com isso surgiu o costume de saboreá-lo após a oferenda. Foi muito utilizado em festividades ligadas à agricultura , em casamentos e despedidas.
O sakê refinado tornou-se popular na Era Edo, segunda metade do século 18, e seu consumo anual foi de 1.800.000 tonéis, sendo que a população de Edo era de 1.000.000pessoas. Isto implica em um consumo diário de 541,11cm3 por habitante. É uma quantidade considerávelmente grande. Dizem que eram bebidas finas oriundas de Nada e Fushimi. Para produzir um sakê refinado de bom sabor, é necessário um arroz de qualidade, boa água, tonel de boa qualidade como o fabricado com pinheiro de Yoshino, um competente especialista em fabricação , temperatura propícia para a fermentação, entre outras condições. Por isso, desde Era Edo já eram famosos o Kikumasamune de Nada (atual província de Hyogo) e Gekkeikan de Fushimi (Kyoto).
Indispensável nas festividades e nas horas de lazer, o sakê era também apreciado nos comes-e-bebes nas platéias durante a apresentação de teatros como o Kabuki. Inclusive hoje, os assalariados se dirigem após o expediente para beber em bares e barracas ambulantes para dissipar o estresse gerado no trabalho. O número de mulheres que apreciam sakê também tem crescido vertiginosamente , inclusive sabemos que há cada vez mais mulheres que bebem em casa.
Dizem que a bebida alcoólica é o melhor dos remédios e atualmente, com a informação de que o polifenol contido nos vinhos traz benefícios para a saúde, sua venda aumentou bruscamente; especialmente a importação de vinhos franceses tem crescido.
As embalagens como tonéis e cabaças também foram sendo substituídas por garrafas de vidro, latas, copos de kappuzakê que podem ser reutilizados após o consumo, tendo atualmente os mais variados tipos como a embalagem.
Há dois tipos de sakê refinado: o Karakuchizakê (sakê seco com teor alcoólico acima de 2 graus) e o Amakuchizakê (sakê doce). Dizem que em épocas de prosperidade, proporcionalmente à estabilidade do momento, a preferência recai sobre o Karakuchi cujo paladar não cansa o consumidor, e em épocas de recessão passa a ser maior a procura por Amakuchi que traz saciedade com uma quantidade menor. Parece que atualmente o Amakuchizakê está em alta.
No Brasil, com a difusão da culinária japonesa, tem aumentado o número de brasileiros que degustam o Masuzakê (sakê em copo quadrado) para acompanhar Sushi ou Sashimi. Parece que o Atsukan (sakê aquecido) ainda não entrou na moda.
Culinária Japonesa
De fato, a cozinha japonesa é especialmente cativante por seu preparo, seus sabores e sua aprresentação.
Cercado de mar e cortados por rios, o Japão tem em seus pratos a forte presença de seus pescados. O peixe cru é raro na mesa cotidiana, mas usam-se muito peixes secos, principalmente nos temperos e caldos.
Os legumes são talhados em pequenos formatos e preparados em cozidos ou conservas. O elemento básico da alimentação é o arroz, tão importante que, na Idade Média, era utilizado como moeda de pagamento de impostos.
O molho (shoyu) e a pasta de soja (missô) dão um sabor característico à cozinha de todo o país.
Os pratos de refeição japonesa, em número de cinco, são servidos simultaneamente: incluem uma sopa, um cozido, um grelhado, gurnições de legumes e o arroz. No almoço, a refeição é simplificada: arroz, ovo cru, algas, conserva e sopa de missô.
A cerimônia do chá - o chanoyu - é um ritual com sete séculos de história. Nela, os convidados usam vestes especiais, louças antigas e raras, e cumprem vários procedimentos (cumprimentos, espera, saudações) que sugerem a paz e despojamento. É servida uma refeição leve e delicada, que antecede o momento de servir o chá.
Essa cerimônia simboliza tudo o que, na cozinha japonesa, se opõe ao modo de comer, apressado e desatento, representando, nos tempos atuais, pelo fast-food. Os pratos e ingredientes japoneses são plenos de significados simbólicos, não somente nutritivos. Um simples fio de macarrão, por exemplo, pode representar a continuidade da vida, a prosperidade de uma família.
Também do ponto de vista culinário os ingredientes são respeitosamente manipulados, preservando sua individualidade, resguardada por temperos normalmente sutis. O resultado surpreende pela bela apresentação e pela leveza que alivia os cansados paladares ocidentais. São pratos que têm sido exemplos de delicadeza do povo japonês. É, ainda, uma prova de que a comida pode não somente sustentar o corpo e emocionar o paladar mas também alimentar o espírito.
Origem do Sushi
O Japão é um pais formado por quatro ilhas no Oceano Pacífico, situadas entre a China e a Korea. As ilhas são, por ordem de tamanho: Honshu, onde fica Tokyo, a capital do país, Hokkaido, Kyushu e Shikoku.
O pais é cercado por diversas outras ilhas, todas juntas formando uma área de 145.000 milhas quadradas. Menos de 3% da massa mundial. Apesar de pequeno, o Japão contém diversas montanhas, vulcões, rios e lagos além de enormes quedas d'água.
O primeiro sushi japones que se tem notícia é o Nare-Zushi. Nascido no século 8 A.C.
O peixe era conservado em sal e arroz, o que permitia preservar por até três anos. O arroz era então descartado e o peixe picado servido.
A origem do sushi não totalmente conhecida, mas sem dúvida, foi no Japão que o sushi foi cultuado e é onde é mais consumido.
O sushi é o casamento do arroz com o peixe. Mais difundido na baia de Tokio. Os elementos básicos formam os elementos mais importantes da alimentação japonesa.
A história mostra que os chineses comiam sushi até uns 200 anos A.C. e foram eles que provavelmente trouxeram a comida para o japão. Utilizavam, na época, diversos tipos de peixe fermentados e arroz. Traços do sushi original ainda estão presentes na região como forma de preservar cultura.
O sushi era uma forma de manter o peixe e o arroz no tempo em que ainda não existia refrigeração. Isso era feito embalando o peixe com arroz em caixas de madeira.
O ácido lático produzido pelo arroz durante a fermentação ajudava a preservar o peixe.
A dieta tradicional japonesa é composta de pouca gordura, rica em proteínas e contém pouco açúcar.
Pelos costumes do Japão, come-se devagar e com palitos (hashi).
Em geral é uma alimentação muito saudável e variada que utiliza 5 sabores básicos em seus pratos: ácido, amargo, doce, quente e salgado.
Nas crenças do Japão antigo esses sabores refletem como se fossem espelhos nos trabalhos dos 5 orgãos importantes do corpo: o fígado, o coração, o pâncreas, os rins e os pulmões.
Apesar de não confirmado no meio médico, os japoneses acreditam nessa teoria há milhares de anos.
A origem do sushi
O sushi é um alimento que tem origens remotas. Antigamente retirava-se a cabeça e as vísceras do peixe e o filé era conservado salgando-o e acondicionando-o entre camadas de arroz, onde o peixe fermentava naturalmente, adquirindo um sabor ácido.
A técnica de conservação do peixe foi, aos poucos, transformando-se num prato, e o sabor ácido conseqüente da fermentação foi substituído por ácido acético e, mais tarde, pelo vinagre. Finalmente, o peixe e o arroz com vinagre passaram a contar com o shoyu, enriquecendo ainda mais o seu sabor.
Preparado basicamente com arroz, peixes e frutos do mar, o sushi tornou-se moda em vários países do Ocidente, por seu sabor exótico e agradável e por ser reconhecido como uma das iguarias mais saudáveis do mundo.
É fundamental que o sushi seja preparado com peixes de alta qualidade, de preferência de alto mar, para que não tenham qualquer tipo de contaminação. O arroz também deve ser de um tipo especial, levemente temperado com vinagre, saquê, sal e açúcar.
Sushiman
Costuma-se dizer que os japoneses comem primeiro com os olhos e o nariz para depois degustarem os alimentos. Um bom sushiman tem muitos anos de prática e aperfeiçoamento na técnica de preparo do sushi e sashimi, pratos que são apreciados no mundo inteiro.
Há diferentes formas de preparar o sushi. O sushiman deve impressionar, não apenas pelo sabor dos alimentos mas, também, com a aparência e a destreza ao prepará-los sob os olhares atentos dos clientes. A preparação ao sushi é um verdadeiro ritual em que é indispensável apreciar as cores, as formas, o aroma, o sabor e a estética do prato.
Culinária milenar
Além de sofisticada, a culinária japonesa é considerada uma das mais saudáveis do mundo pois tem baixo colesterol e é muito nutritiva. É essa alimentação que garante ao povo japonês o maior índice de longevidade do mundo, com os homens vivendo em média 75 anos e as mulheres mais de 81 anos.
A alimentação japonesa associa a milenar sabedoria oriental com a moderna ciência da nutrição transformando a alimentação numa fonte de prazer e saúde.
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