A Decepção...



Porque nos decepcionamos? ... Com pessoas, acontecimentos... Com a vida?

A decepção é um sentimento tão frustrante, que talvez seja dentre as sensações a que mais entristece, incapacita e abala convicções e fé.

Será que criamos expectativas altas demais? Ou será que as expectativas eram normais, próprias e adequadas, até que a decepção implacavelmente nos bate à porta?

Será um problema decorrente de imaturidade? De teimosia... ao desejar o inatingível? De Inocência pura? ou de excesso de confiança?

Será que somos exigentes demais, ao exigir dos outros, o mesmo tratamento que dispensamos?

Será que uns são mais afeitos a decepções do que outros?

Será que uns, nem percebem a decepção que provocam? ou cinicamente não se importam com isso? ou simplesmente não dão importância aos valores que os outros dão?

Será que as decepções só acometem os emotivos? os frágeis? ou aos corajosos? aos exagerados? aos idiotas? aos otimistas?

Como sair da letargia, da mágoa, da descrença... após uma decepção?

Acordar para a vida, acordar para o dia, pôr os pés para fora da cama, levantar o corpo, calçar qualquer coisa, pisar no chão, olhar no espelho, encarar a verdade estampada em nossa cara, focar o olhar perdido, sentir a alma em carne viva, criar forças para respirar, para pensar em outras coisas, para levantar a cabeça, a moral e ativar algo parecido com a coragem para prosseguir?

E depois, muitas vezes, ter que olhar, que falar... com tal pessoa, reencontrar o mesmo ambiente, o mesmo contexto...

Como reagir? sem vontade?... Como bloquear a sede de justiça? E o mundo que nos rodeia, exigente, que não tolera insatisfação, não tolera tristeza, que como uma criança mimada, impõe que sejamos lindos, elegantes, educados, dispostos, bem humorados, custe o que custar? perfeitos como se deve fingir ser... Quando recebemos a cobrança...“Reaja, faça qualquer coisa, você tem de melhorar!" Como se estivesse explícito um pessimismo nato! Uma deliberada falta de vontade…”. E para culminar, se ouve “Não sei porque fica assim, não é caso para tanto!”. E nós, envolvidos no manto negro da decepção, de amargos na boca, de nós no estômago, de mãos frias, de joelhos a estalar, somos expostos a perplexidade, suportando os “Não é nada!”. Não é nada?!? Como é possível? Tamanho descaso com o que para nós É TUDO! Que houve uma derrocada, por cima da nossa boca, que houve uma inundação de líquidos salgados, que nos deixou molhados de suores frios, que nosso coração saltou, mexeu-se, como se de um sismo se tratasse e nos deixasse com taquicardia, que houve um corte em nossos pulmões, que os pôs a trabalhar em limites mínimos, que o sangue passou a parar nas veias e que fomos invadidos por um vento dilacerante, que levantou todas as areias no ar e estas passaram a sufocar e cegar? Pois, não vêem... Faltam as lágrimas? Ah, as lágrimas, as piegas lágrimas, que provocam as mais raras comoções sinceras e as mais falsas promessas de apoio... Mas olhe, olhe bem porra! Os decepcionados não choram por fora, choram por dentro! Choram, gritam, se decepcionam mais durante, levantam, caem, lidam com as piores faces, os piores sentimentos e desejos em si e nos outros, até ficar secos, como solo.

Deixem-nos enterrar nossas decepções... Como se de um corpo morto se tratasse. Deixem-nos enviuvar, chorar aquilo que nunca será, que nunca iremos possuir. Deixem-nos cair no chão (não tentem nos levantar, por favor!), de pernas e braços abertos, deixem-nos gritar, gritar muito para que tudo saia... os espíritos malignos que nos envenenaram.
Deixem-nos enlouquecer, perder o juízo, falar sozinhos, deixem-nos sair para a rua desgrenhados, como for.
Deixem-nos estar sós, em silêncio, sem comer.
Deixem-nos fugir (não nos procurem, por favor!) e se quisermos, deixem-nos morrer.

POIS,
Só assim, poderemos quem sabe, renascer em meio as cinzas. Mais fortes, mais inteligentes, mais perspicazes, mais precavidos e escaldados para caminhar por nosso destino. Seja ele qual for.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Thales Pan Chacon, Caíque Ferreira, Cláudia Magno e Lauro Corona: Saudades

SIGNOS EM SEX

PLAYBOY