NOMOFOBIA

O estudante Ricardo Barros Lima, 23 anos, de São Paulo, já teve de voltar para a casa assim que descobriu que havia esquecido o telefone celular. Apesar de morar longe do trabalho e da cara feia do chefe pelo atraso, ele não conseguiu se separar do aparelho por um dia. “Não consigo ficar sem o celular. Sinto muita angústia”, diz. Ele faz parte de um grupo que sofre um distúrbio dos tempos modernos, a nomofobia, que vem se juntar às fobias mais conhecidas, como medo de altura ou de espaços fechados.



Nomofobia é uma nova expressão usada para designar a sensação de angústia que surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar por estar em algum lugar sem seu aparelho celular ou outro telemóvel. Trata-se de um termo recente originado do inglês “no-mo” ou “no-mobile”, que significa sem telemóvel.

“A pessoa que sofre de nomofobia não consegue se desprender da tecnologia”, explica a professora Josyane Lannes Florenzano de Souza, mestre em Ciência da Computação e coordenadora do curso de Sistemas da Informação da Estácio UniRadial, unidade Moema, em São Paulo. E isso inclui celular, notebook, netbook e todo o aparato tecnológico que a deixa conectada com o mundo. “Ela pode esquecer a carteira ao sair de casa, mas não os aparelhos. Além disso, não desgruda do celular, por exemplo, nem para ir ao banheiro, à feira, à academia ou na hora do sexo”, diz ela, que sente na pele essa forte influência da tecnologia. “Em classe, metade dos alunos ficam conectados em seus notebooks e netbooks, além dos celulares”, conta. “Sempre fico com o celular ligado no vibracall na classe e, às vezes, saio para atender”, confirma Ricardo, que também leva o seu notebook para as aulas.


Sinais de Alerta:

Para ser caracterizada como fobia, a ausência desses tipos de aparelhos deve trazer prejuízo significante à vida, ou seja, causar sensação de pânico e impotência, atrapalhando a vida profissional e pessoal. Segundo a professora, quando as pessoas ficam dependentes desses aparelhos, elas passam a apresentar vários sinais ao ficar longe deles, como taquicardia, suores frios, dor de cabeça e sensação de nudez.
“Outro dia houve um curto-circuito em casa e fiquei sem internet. Entrei em pânico, pois veio uma sensação de estar fora do mundo, perdendo alguma coisa”, relata Ricardo.

Há ainda outras características comuns nos nomofóbicos:

•Abandona tudo o que faz para atender o celular.
•Nunca deixa o aparelho sem bateria.
•Não carrega o celular na bolsa, bolso ou similares; prefere carregá-lo na mão para que possa atender imediatamente.
•Interrompe a relação sexual para atender o celular.
•Nunca esquece o celular em casa; se isso acontecer, volta de onde está para pegá-lo.
•Sente-se mal quando acaba a bateria, quando perde o aparelho ou pensa que perdeu.

Sinal Vermelho

Para ser caracterizada como nomofobia, a ausência de aparelhos tecnológicos deve trazer prejuízo significante à vida
É claro que a tecnologia e a popularização da internet trazem benefícios inegáveis de ordem econômica e cultural para todo o mundo. Mas essas inovações também imprimem mudanças nas relações interpessoais, que devem ser bem observadas.
“Já deixei de sair com amigos porque não queria deixar o conforto de casa, pois tenho as ferramentas, como o MSN, para conversar com eles sem o inconveniente de pegar trânsito, fila”, confessa Ricardo.
Para a professora da Estácio UniRadial, quando uma pessoa transforma a vida por causa da tecnologia, ela precisa de ajuda, pois está deixando conviver com amigos, interagir com a família e ter atividades sociais.

Pesquisa

Segundo uma pesquisa feita pelo instituto YouGov para o Departamento de Telefonia dos Correios britânicos, 53% dos usuários de telefone celular do Reino Unido sofrem de nomofobia.
O estudo concluiu que a síndrome atinge mais os homens (58%) que as mulheres (48%). Das 2.163 pessoas ouvidas, 20% afirmaram não desligar o telefone nunca, e cerca de 10% disseram que o próprio trabalho as obriga a estarem sempre acessíveis.
Para 55% dos entrevistados, a urgência de estar com o celular sempre ligado e perto está relacionada com a necessidade de se estar sempre em contato com amigos e familiares.
Para 9% dos entrevistados, desligar o celular os deixa em um estado de profunda ansiedade.

Por Rosana Ferreira - Uol Estilo

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