The Winner is...
Sofisticados, modernos e inusitados: conheça os melhores restaurantes do planeta
O que faz de um restaurante notável mundialmente? Alguns podem apontar o ambiente, outros o atendimento, e há até quem diga que um sommelier com uma vasta carta de vinhos influencie bastante na hora de você eleger determinado estabelecimento como o melhor. Os critérios podem ser subjetivos, mas se tudo isso não vier acompanhado de pratos que estimulem os sentidos ou criações que remetam à memória olfativa, o resultado pode ser uma frustrante refeição e a certeza de não querer voltar mais.
Na dúvida, melhor recorrer a quem realmente entende do assunto. Por isso, a revista inglesa Restaurant elabora anualmente a lista dos 100 melhores do mundo. Sabendo que isso sempre dá o que falar, o veículo tenta ser criterioso, recorrendo à associação que reúne mais de 800 chefs renomados, donos de redes famosas, escritores especializados e críticos de toda parte, para formar o considerado Oscar da Gastronomia.
Na relação da 8ª edição do prêmio, a França ficou para trás e o domínio é dos restaurantes espanhóis (com quatro entre os 10 primeiros colocados), resultado do sucesso da gastronomia molecular que conquista cada vez mais admiradores em todo o mundo - a técnica utiliza química e física para alterar a consistência original dos alimentos, mantendo o sabor.
Nosso país não ficou de fora do ranking. O paulista D.O.M, comandado por Alex Atala, pulou da 40ª para a 24ª posição (do ano passado para este), sendo o único restaurante brasileiro e latino-americano a figurar entre os 50 primeiros. O Fasano, do chef Rogério Fasano, também de São Paulo, é o segundo e último brasileiro a integrar o seleto grupo, galgando a 83ª posição.
Veja abaixo as características que elevaram cincos restaurantes à posição de templos da culinária do planeta.
5. El Celler de Can Roca
A Espanha se faz presente na 5ª posição sob as caçarolas dos irmãos Roca: Joan, chef; Josep, sommelier; e Jordi, o pârtissier. Os chefes proporcionam a seus clientes uma cozinha de emoções e sensações associadas às paisagens da memória, com destaque para Jordi, que aprendeu a capturar fumaças e transformar aromas de perfumes - como Calvin Klein, Lancôme e Gucci - em sobremesas premiadas. Em sintonia com os outros irmãos, criou pratos que agradaram a crítica, como o polvo ao fumo com parmentier de batata e azeite de tinta de lula e o Envy de Gucci, baseado na fragrância italiana. Para apreciar o menu degustação, os clientes gastam cerca de R$ 260,00*.
4. Mugaritz
Situado no pequeno povoado rural de Errenteria, no norte da Espanha, só é possível chegar ao Mugaritz à noite e com GPS, pois o espaço não conta com um endereço específico, somente coordenadas. O restaurante ganha duas estrelas pelo respeitável Guia de Restaurante Michelin, e a cozinha de Andoni Luiz Adoriz é essencialmente leve e vem da Nova Cozinha Basca, inspirada na Nouvelle Cousine francesa. O chef já pilotou por alguns dias o fogão do restaurante brasileiro D.O.M e trabalhou no espanhol el Bulli, trazendo para seus pratos a aplicação da química e da física de Ferran Adrià. O menu degustação custa cerca de R$ 260,00*, e inclui pratos como batatas revestidas de uma fina camada de argila, cauda de lagostins com amaranto embebido de caldo de sardinhas e creme gelado de violetas salpicado com ervas e chá verde.
3. Noma
Dessa lista, um dos restaurantes que mais surpreendeu foi o pequeno Noma, de Compenhague, que poucos anos atrás sequer figurava na lista. Em 2008, entrou na 10ª posição e, este ano, subiu sete. Pilotado pelo dono Rene Redzepi, abusa da cozinha nórdica contemporânea e tem como destaque apostar nos produtos do terroir local: as frutas silvestres, os peixes e a vasta gama de cogumelos dinamarqueses. As reservas são realizadas com 90 dias de antecedência e quem quiser experimentar o menu degustação, vai desembolsar em média R$ 280,00*.
2. The Fat Duck
Um dos poucos restaurantes do Reino Unido condecorado com três estrelas pelo guia Michelin, o The Fat Duck chega ao segundo lugar. Comandado pela cozinha molecular do chef inglês Heston Blumenthal, que conquistou a crítica com pratos polêmicos - como o sorvete de bacon defumado e ovos, um chá servido frio na metade esquerda da xícara e quente na outra parte, e até o prato Sound of the Sea, servido com uma concha (e um iPod dentro) onde se reproduz os sons do oceano. Embora trabalhe com criações muito excêntricas, elas não deixam de agradar o paladar. Antes de escolher uma data em especial para conhecer o estabelecimento, saiba que a lista de espera pode ser de alguns meses. Os interessados pagam de R$ 278,00 a R$ 600,00* por refeição.
1. el Bulli
Comandado pelo chef catalão Ferran Adrià e eleito pelo quarto ano consecutivo o melhor do mundo, o espanhol el Bulli ganhou a alcunha de Meca do consumo inventivo, por transformar a cozinha em laboratório gastronômico. Com receitas inusitadas e criativas, o restaurante abre suas portas seis meses por ano, somente no jantar, e oferece a seus clientes 33 pratos renovados anualmente, numa maratona de degustação que consome não menos do que cinco horas. Entre as criações revolucionárias, o falso caviar de melão; azeitonas esferificadas, com textura de ova de peixe, líquidas por dentro e que estouram na boca; e até a nossa caipirinha nacional tem sua essência conservada e torna-se um frozen, extraindo de nitrogênio puro, produzida no vapor e misturada com aniz e estragão. Quem ficou seduzido pelo cardápio, saiba que é para poucos. A capacidade da casa é de 50 convidados por dia, com reservas marcadas pela internet, com mais de cinco meses de antecedência. Os apreciadores devem estar dispostos a pagar cerca de R$ 370,00* pelas iguarias, mas mesmo assim, há pessoas que esperam anos para frequentar a casa.
* Valores convertidos em reais
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