DERCY GONÇALVES







Dercy Gonçalves, nome artístico de Dolores Gonçalves Costa, (Santa Maria Madalena, 23de junho de 1907 — Rio de Janeiro, 19 de julho de 2008) foi uma atriz brasileira, oriunda do teatro de revista e notória por suas participações na produção cinematográfica brasileira das décadas de 1950 e 1960.

Dercy Gonçalves era famosa por suas entrevistas irreverentes, pelo seu bom humor e pelo uso constante de palavras de baixo calão. Foi uma das maiores expoentes do teatro de improviso no Brasil.

Nasceu no interior do estado do Rio de Janeiro, filha de um alfaiate. Sua mãe, chamada Margarida, abandonou o lar, quando descobriu a infidelidade do esposo. A família era muito pobre, e Dercy trabalhava desde muito nova. Foi bilheteira de cinema, além de apresentar-se para hóspedes de hotel em sua cidade.

Dercy estreou em 1929, em Leopoldina, integrando o elenco da Companhia Maria Castro. Fazendo teatro itinerante, fez dupla com Eugênio Pascoal em 1930, com quem se apresentou por cidades do interior de alguns estados, sob o nome de "Os Pascoalinos".

Já especializando-se na comédia e no improviso, participou do auge do Teatro de revista brasileiro, nos anos 30 e 40, estrelando algumas delas, como "Rei Momo na Guerra", em 1943, de autoria de Freire Júnior e Assis Valente, na companhia do empresário Walter Pinto.

A partir da década de 1960, Dercy inicia espetáculos em solitário. As apresentações, feitas em teatros de todo o país, conquistam um público ainda cheio de moralismos. Nesses espetáculos aos poucos introduziu um monólogo no qual contava fatos autobiográficos de sua vida. Ao largo dessas apresentações, atuou, desde o início na Revista, em diversos filmes do gênero chanchada e comédias nacionais.

Na televisão, chegou a ser a atriz mais bem paga da TV Excelsior em 1963, onde também conheceu o executivo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Depois passou para a TV Rio e já na TV Globo, convenceu Boni a trabalhar na emissora, junto de Walter Clark. De 1966 a 1969 apresentou na TV Globo um programa de auditório de muito sucesso, Dercy de Verdade (1966-1969), que acabou saindo do ar com o início da Censura no país. No final dos anos 80, quando a censura permitiu maior liberalismo na programação, Dercy passou a integrar corpos de jurados em programas populares, como em alguns apresentados por Sílvio Santos, e até aparições em telenovelas da Rede Globo. No SBT voltou a experimentar um programa próprio que, entretanto, teve curtíssima duração.

Sua carreira foi pautada no individualismo, tendo sofrido, já idosa, um desfalque nas economias por parte de um empresário inescrupuloso - o que a fez retomar a carreira, já octogenária.

Recebeu, em 1985, o Troféu Mambembe, numa categoria criada especificamente para homenageá-la: Melhor Personagem de Teatro.

Em 1991, foi enredo ("Bravíssimo - Dercy Gonçalves, o retrato de um povo") do desfile da Unidos do Viradouro, na primeira apresentação da escola no Grupo Especial das escolas de samba do Carnaval do Rio de Janeiro. Na ocasião, Dercy causou polêmica ao desfilar, no último carro, com os seios à mostra.

Sua biografia se intitula Dercy de Cabo a Rabo (1994), e foi escrita por Maria Adelaide Amaral.

Em 4 de setembro de 2006, aos 99 anos, recebeu o título de cidadã honorária da cidade de São Paulo, concedido pela câmara de vereadores desta capital.

No dia 23 de junho de 2007, Dercy Gonçalves completou cem anos com uma festa na praça General Brás, no centro do município de Santa Maria Madalena (sua cidade natal) na região serrana do Rio de Janeiro. Na festa, Dercy comeu bolo, levantou as pernas fazendo graça para os fotógrafos, falou palavrão e saudou o povo, que parou para acompanhar a comemoração. Embora oficialmente tenha completado cem anos, Dercy afirma que seu pai a registrou com dois anos de atraso, logo teria completado 102 anos de idade.

Morreu com 101 anos, às 16h45, no dia 19 de julho de 2008, no Hospital São Lucas, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ela foi internada na madrugada do sábado dia 19 de julho. A causa da morte teria sido uma complicação decorrente de uma pneumonia comunitária grave, que evoluiu para uma sepse pulmonar e insuficiência respiratória.

Filmografia

1943 - Samba em Berlim
1944 - Abacaxi Azul
1944 - Romance Proibido (Dercy)
1946 - Caídos do Céu (Rita Naftalina)
1948 - Folias Cariocas
1956 - Depois Eu Conto
1957 - A Baronesa Transviada (Gonçalina / Baronesa)
1957 - Absolutamente Certo (Bela)
1957 - Feitiço do Amazonas
1958 - Uma certa Lucrécia (Lucrécia)
1958 - A Grande Vedete (Janete)
1959 - Cala a Boca, Etelvina (Etelvina)
1959 - Entrei de gaiato(Anastácia da Emancipação)
1959 - Minervina Vem Aí (Minervina)
1960 - A Viúva Valentina (Valentina)
1960 - Dona Violante Miranda (Violante Miranda)
1960 - Com Minha Sogra em Paquetá
1960 - Só Naquela Base
1963 - Sonhando com Milhões
1970 - Se Meu Dólar Falasse
1980 - Bububu no Bobobó
1983 - O Menino Arco-Íris
1993 - Oceano Atlantis
2000 - Célia & Rosita (curtametragem)

Televisão

1966: Dercy Espetacular - programa de variedades (Globo)
1968: Dercy de Verdade - programa de variedades (Globo)
1971: Dercy em Famlia - programa de variedades (Record)
1971: Família Trapo - participação como a namorada de Bronco (Record)
1980: Cavalo Amarelo - Dulcinéa (Rede Bandeirantes - Troféu Imprensa de Melhor Atriz, empate com Dina Sfat)
1980: Dulcinéa vai à guerra - Dulcinéa (Rede Bandeirantes)
1984: Humor Livre (Globo)
1989: Que Rei Sou Eu? - Baronesa Eknésia (participação especial)
1990: La Mamma - Mamma (Globo)
1992: Deus nos Acuda - Celestina (Globo)
1994: Brasil Especial (Globo)
1996: Caça Talentos - Miss Dayse (Globo)
1996: Sai de Baixo - Mãe de Vavá e Cassandra (participação especial) (Globo)
2000: Fala Dercy (SBT)
2001: A Praça é Nossa - participações como ela mesma (SBT)

Frases Célebres

"Quem me criou foi o tempo, foi o ar. Ninguém me criou. Aprendi como as galinhas, ciscando, o que não me fazia sofrer eu achava bom."
"Só vou morrer quando EU quiser., dita aos 95 anos."
"Sou famosa, sou grande, sendo pequena."
"O Museu é para mostrar quem eu fui, quem desejei ser, quem sou."

Comentários

Cau Bartholo disse…
Dercy é inspiração pra vida de qualquer ser humano...
quero ser igual...
viver muito bem minha vida...
imagina viver 101 anos, é coisa demais, é vida demais, experiência demais...
quero ter essa vida quem sabe a gente não tem essa sorte!
Viva Dercy, viva!

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