AYRTON SENNA
Ayrton Senna da Silva (São Paulo, 21 de março de 1960 — Bolonha, 1 de maio de 1994) foi um piloto brasileiro de Fórmula 1, três vezes campeão mundial, nos anos de 1988, 1990 e 1991. Foi também vice-campeão em 1989 e em 1993. Faleceu em acidente no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Imola, durante o Grande Prêmio de San Marino. Sua excelente performance nas fórmulas anteriores(F3 Inglesa em 1983) o levou a estrear na Fórmula 1 no Grande Prêmio do Brasil de 1984 pela equipe Toleman-Hart. Logo na sua primeira temporada na categoria máxima, Senna demosntrou rapidamente um talento excepcional levando a pequena equipe inglesa a obter resultados jamais alcançados. É considerado um dos maiores nomes do esporte brasileiro e um dos mais importantes pilotos de automobilismo de todos os tempos.
Na juventude correu de kart, foi campeão da Fórmula 3 britânica e fez sua estréia na Fórmula 1 em 1984, com um carro da equipe Toleman. Passou para a Lotus em 1985 e ganhou seis corridas durante três temporadas. Em 1988 se juntou ao francês Alain Prost, na McLaren, e ganhou seu primeiro campeonato mundial de Fórmula 1. Também com Alan Prost, protagonizou uma das maiores rivalidades da Fórmula 1. Senna foi campeão mais duas vezes, em 1990 e 1991, sendo a de 1990 decidida de uma forma bastante controversa devido a uma colisão com Prost, este agora correndo pela Ferrari.
Nos dois anos seguintes com a McLaren, apesar de dirigir um carro inferior, Senna ainda venceu oito corridas e terminou o ano se 1993 como vice-campeão. Em 1994 saiu da McLaren e foi para a então dominante equipe Williams-Renault, onde encerrou sua carreira num trágico acidente na sétima volta do GP de San Marino, disputado no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, e que foi testemunhado ao vivo por milhões de fãs em todo o mundo.
Senna esteve próximo de vencer o GP de Mônaco de 1984, sua temporada de estréia, e dirigindo um carro inferior, e sua primeira vitória viria no GP de Portugal, sendo que os dois GPs foram disputados sob fortes chuvas. Detém o recorde de voltas rápidas (19), além de 65 pole-positions e 41 vitórias em 161 corridas. O seu recorde de seis vitórias no GP de Mônaco e seu primeiro título mundial em 1988 no GP do Japão são bons exemplos de sua performance. A sua grande habilidade em dirigir em pista molhada deu-lhe um lugar de honra na história do automobilismo e muitas comparações com o legendário piloto argentino Juan Manuel Fangio.
Com seu insaciável desejo de vencer, cruzou várias vezes a linha do fairplay, sendo a sua mais famosa atitude na última prova de 1990, o GP do Japão, em que Senna liderava o campeonato e deliberadamente deixou-se atingir pelo rival Prost, então segundo colocado no campeonato, e que tentava ultrapassá-lo. Ambos foram forçados a abandonar a prova, o que tirou as chances de Prost e deu o título a Senna. Essa briga no Japão foi considerada por muitos uma revanche do ano anterior em que Prost, desta vez em primeiro lugar no campeonato, fez a mesma coisa com um aflito Senna precisando vencer a corrida para ter alguma chance no mundial. A colisão tirou Prost da corrida e Senna conseguiu continuar, mas foi desqualificado por cortar caminho numa chicane. Essa manobra deu a Prost o título mundial de 1989.
A sua competitividade freqüentemente o fazia superar os limites e ele sempre afirmava que não se contentava em ser o segundo melhor, mesmo que isso significasse o fim da corrida para ele. O seu companheiro de Williams, Damon Hill, sugeriu que Senna "prefere bater no seu oponente do que ser derrotado" e essa mentalidade pode ter sido o fator fundamental para o seu acidente fatal em San Marino.
Também é notável a dualidade de seu caráter. Esse desejo intenso de vencer na pista fazia grande constraste com sua personalidade humana e compassiva. Como um homem profundamente religioso, usou parte de sua fortuna para criar o Instituto Ayrton Senna com o propósito de ajudar os jovens pobres do Brasil e no mundo. Senna vivia sempre muito preocupado com o potencial perigo desse esporte e sempre lutou junto aos organizadores e pilotos para melhorar a segurança nas pistas.
Nascido na capital paulista, filho de um rico empresário brasileiro, logo interessou-se por automóveis. Incentivado pelo pai, um entusiasta das competições automobilísticas, ganhou o seu primeiro kart, feito pelo próprio pai (Sr. Milton), aos quatro anos de idade, e que tinha um motor de máquina de cortar relva. A habilidade do garoto na condução do novo brinquedo impressionou a família. Aos nove anos, já conduzia jipes pelas precárias estradas existentes no interior das propriedades do pai.
Começou a competir oficialmente nas provas de kart aos treze anos. Depois de terminar como segundo colocado em várias ocasiões, em 1977 ganhou o Campeonato Sulamericano de Kart.
Em 1981 começou a competir na Europa, ganhando o campeonato inglês de Fórmula Ford 1600 e foi campeão europeu e britânico de Fórmula 2000 no ano seguinte. Nessa época adotou o nome de solteira da mãe, Senna, pois Silva é um nome bastante comum no Brasil.
Em 1983, Senna ganhou o campeonato inglês de Fórmula 3, depois de muita luta e, muitas vezes controversa, batalha com Martin Brundle. Também triunfou no prestigioso Grande Prêmio de Macau pela Teddy Yip's Theodore Racing Team, diretamente relacionado à equipe que o conduziu à F3 britânica.
Neste último campeonato, após várias vitórias em Silverstone, a imprensa inglesa especializada chegou a chamar o circuito de Silvastone em homenagem a Ayrton.
Fórmula 1
Senna atraiu a atenção de diversas equipes de Fórmula 1 como Williams, McLaren, Brabham e Toleman. Seu compatriota brasileiro, Nelson Piquet, se opôs à sua contratação pela Brabham e, das três remanescentes, apenas a pequena Toleman ofereceu a ele um carro para disputar o ano de 1984.
1984: Toleman
Senna marcou seu primeiro ponto no campeonato mundial de pilotos logo no segundo grande prêmio que disputou, em Kyalami na África do Sul. Ele repetiu o resultado duas semanas depois, no Grande Prêmio da Bélgica, disputado no circuito de Zolder.
Mas sua performance no GP de Mônaco em 1984 trouxe-lhe todas as atenções das demais equipes. Classificou-se em 13º no grid de largada e fez um rápido progresso através das estreitas ruas de Monte Carlo. Na volta 19, passou Niki Lauda que estava em segundo, e começou a ameaçar o líder Alain Prost, e continuou por várias voltas lutando pelo primeiro lugar com seu limitado Toleman. A esta altura já chovia muito no circuito e a corrida foi interrompida na volta 31 por razões de segurança.
Senna chegou a comemorar a vitória ultrapassando Alain Prost a poucos metros da linha de chegada mas, nesses casos, o regulamento mandava considerar as colocações da volta anterior e, ainda, por ter sido interrompida com mais da metade da corrida, os pontos deveriam ser computados pela metade (ver curiosidades). Esse episódio deu início à rivalidade entre os dois pilotos quando Prost fez pouco caso do então novato Senna por desconhecer o regulamento.
Senna ainda ganhou dois pódiums naquele ano - terceiro nos GP da Inglaterra, em Brands Hatch, e no GP de Portugal, em Estoril. Isso o deixou empatado com Nigel Mansell com 13 pontos, apesar de ter perdido o GP da Itália quando a Toleman o suspendeu de correr por quebra de contrato, depois dele ter assinado com a Lotus para o ano de 1985.
Ainda em 1984 Senna tomou parte nos 1000 km de Nürburgring, onde pilotou o Porsche 956 para o oitavo lugar, correndo em parceria com Henri Pescarolo e Stefan Johansson.
Também participou de uma corrida de exibição para celebrar a inauguração do novo circuito de Nürburgring. A maioria dos melhores pilotos da F1 participaram do evento, dirigindo carros Mercedes idênticos. Senna venceu Lauda e Carlos Reutemann.
1985-1987: Lotus
Na Lotus, em 1985, ele tinha como parceiro o italiano Elio de Angelis. Senna marcou sua primeira pole position na abertura da temporada no Brasil, no circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, mas abandonou a prova devido a problemas elétricos.
Na segunda corrida do ano, o GP de Portugal, disputado no autódromo de Estoril, em 21 de abril de 1985, conseguiu sua primeira vitória na Fórmula 1, largando na pole position sob pesada chuva. Prost, em segundo, abandonou depois de bater no muro. Senna conseguiu sua segunda vitória, também sob chuva, no GP da Bélgica, no circuito de Spa-Francorchamps.
Graças ao excelente motor Renault de treinos, Senna passaria a ser o "rei das pole positions". Mas, nas pistas, ele não terminou a maioria dos grandes prêmios. Encerraria o ano com uma corrida marcante no GP da Austrália, quando repetiu seu ídolo Gilles Villeneuve e pilotou um bom tempo sem o bico do carro, saindo várias vezes da pista mas mantendo a segunda posição. O carro mais uma vez não aguentou o esforço e Senna abandonou a corrida.
Senna terminou a temporada de 1985 em quarto lugar no Campeonato Mundial de Pilotos, com 38 pontos e seis podiums (duas vitórias, dois segundos e dois terceiros lugares), além de sete pole positions.
Em 1986, Ayrton escolheu Scot Johnny Dumfries como parceiro, vetando o inglês Derek Warwick sob a alegação de que a Lotus não tinha condições de manter carros competitivos para dois pilotos de ponta ao mesmo tempo.
A nova Lotus 98T mostrou ser mais confiável em 1986 e a temporada começou bem para Senna, terminando em segundo a corrida vencida pelo também brasileiro Nelson Piquet, numa dobradinha caseira, no GP do Brasil em Jacarepaguá. Reconhecendo estar com um carro inferior aos das Williams e McLaren, Senna passou a adotar uma estratégia de não parar para trocar pneus, buscando ficar na frente dos adversários o maior tempo possível. Com essa tática ele passou a liderar o campeonato pela primeira vez na carreira, depois de vencer o GP da Espanha, em Jerez de la Frontera, no qual bateu a Williams de Nigel Mansell por 0,014s - uma das menores diferenças de chegada da história da F1.
Mas a liderança do campeonato não foi mantida por muito tempo já que Senna abandonou diversas outras corridas por problemas mecânicos. A caça ao primeiro título mundial acabou sendo uma luta entre Prost e sua McLaren-TAG e a dupla Piquet e Mansell da Williams-Honda.
Na Hungria, um circuito ainda mais travado (que não permitia ultrapassagens), repetiu uma vez mais a estratégia, mas foi ultrapassado por Nelson Piquet, numa das mais sensacionais manobras da história da Fórmula 1 moderna.
Ainda nesse ano, Senna tornar-se-ia definitivamente um ídolo no Brasil ao conquistar sua segunda vitória na temporada no GP dos Estados Unidos, disputado em Detroit, e terminou o campeonato novamente na quarta colocação, com 55 pontos, oito poles e seis pódiums.
O ano de 1987 veio com muitas promessas de dias melhores. A Lotus tinha agora o mesmo poder dos motores Honda das Williams depois que a Renault decidira se retirar do esporte. Depois de um começo lento, Senna ganhou duas corridas em seguida: o prestigioso GP de Mônaco (a primeira do recorde de seis vitórias no principado) e o GP dos Estados Unidos em Detroit, também pelo segundo ano seguido, e mais uma vez chegou à liderança do campeonato. Nesse momento, a Lotus-Honda 99T parecia ser mais ou menos igual aos ótimos Williams-Honda, mais uma vez pilotados por Piquet e Mansell. Mas apesar da performance do 99T, que usava a tecnologia da suspensão ativa, as Williams FW11Bs de Piquet e Mansell eram ainda carros a serem batidos. A diferença entre as duas equipes nunca foi tão evidente quanto no GP da Inglaterra de 1987, em Silverstone, onde Mansell e Piquet voaram sobre as Lotus de Senna e seu parceiro, Satoru Nakajima. Depois de rodar na pista devido a uma falha na embreagem a três voltas do final no GP do México, Senna ficou fora da luta pelo campeonato, deixando Piquet e Mansell brigando por ele nas últimas duas corridas.
Mansell feriu-se nas costas em um grave acidente durante os treinos para o GP do Japão de 1987, em Suzuka, deixando o campeonado nas mãos de Piquet. Entretanto, isso significava que Senna poderia terminar a temporada em segundo lugar se ele terminasse a corrida entre os três primeiros nas duas corridas que faltavam - Japão e Austrália. Ele terminou as duas em segundo, mas as medições feitas no carro depois do GP da Austrália constataram que os dutos dos freios eram mais largos do que o permitido pelo regulamento e Senna foi desclassificado, dando à Lotus a sua última e mais bem sucedida temporada. Ele acabou classificado em terceiro na colocação final, com 57 pontos, uma pole e seis podiums (quatro segundos e dois terceiros). Essa temporada marcou uma reviravolta na carreira de Senna depois dele ter construído uma profunda relação com a Honda, que lhe rendeu grandes dividendos. Ayrton foi contratado pela McLaren que acertou com a Honda o fornecimento de motores V6 Turbo para 1988.
1988-1993: McLaren
Em 1988, as McLaren-Honda ostentavam os números 11 e 12, desta vez com a dupla Alain Prost e Ayrton Senna. A feroz competição entre Senna e Prost fez rachar a relação entre os dois e culminou com um alto número de dramáticos acidentes entre eles. A dupla venceu 15 das 16 corridas disputadas, com predomínio total da McLaren MP4/4 em 1988, e Senna conquistou seu primeiro campeonato mundial.
Senna dirigia a McLaren MP4/5 em 1989. Nesse ano, a rivalidade entre ele e Prost intensificou as batalhas na pista e uma grande guerra psicológica. Prost conquistou o tri-campeonato em 1989 depois de uma colisão com Senna durante o GP do Japão, em Suzuka, penúltima corrida da temporada, e que Senna precisava vencer para ter chances de conquistar o campeonato mundial. Senna tentou ultrapassar Prost na chicane, os dois "tocaram" os pneus e foram para fora da pista com os carros entrelaçados. Senna retornou à pista auxiliado pelos fiscais, que empurraram seu carro pois o motor havia apagado e ele foi direto aos boxes para reparar o bico do carro danificado na manobra. Voltando à pista, tirou a liderança de Alessandro Nannini, da Benetton, e chegou em primeiro, sendo desclassificado pela FIA por cortar a chicane depois da colisão com Prost. A penalização e a suspensão temporária de sua superlicença - que é a habilitação de um indivíduo para pilotar carros de F1 - fez com que Senna travasse uma batalha de palavras com a FIA e seu presidente Jean-Marie Balestre.
Em 1990, no mesmo circuito e com os dois pilotos novamente disputando o título mundial, Senna tirou a pole de Prost. A pole em Suzuka ficava no lado direito da pista, na parte suja. A Ferrari de Prost fez uma largada melhor e pulou à frente da McLaren de Senna. Na primeira volta, Senna colocou agressivamente seu carro na linha de tangência enquanto Prost fazia a curva e a McLaren tocou a roda traseira da Ferrari de Prost a 270 km/h (170 mph), levando os dois carros para fora da pista. Ao contrário do ano anterior, desta vez o abandono dos pilotos deu a Senna o seu segundo título mundial.
Um ano mais tarde, depois de conquistar seu terceiro título mundial, Senna explicou à imprensa o que acontecera no ano anterior em Suzuka. Ele tinha como prioridade conseguir a pole pois havia recebido informações seguras de que esta mudaria de lado, passando para a esquerda, o lado limpo da pista, somente para descobrir que essa decisão havia sido revertida por Balestre depois que ele conquistara a pole. Explicando a colisão com Prost, Senna disse que queria deixar claro que ele nunca iria aceitar as decisões injustas de Balestre, incluindo a sua desclassificação em 1989 e a pole de 1990:
“ "Eu acho que o que aconteceu em 1989 foi imperdoável e eu nunca irei esquecer isso. Eu me empenho em lutar até hoje. Você sabe o que aconteceu aqui: Prost e eu batemos na chicane, quando ele virou sobre mim. Apesar disso, eu voltei à pista, ganhei, e eles decidiram contra mim, o que não foi justo. E o que aconteceu depois foi "teatro", mas eu não sei o que pensei. Se você faz isso, voce será penalizado, multado e talvez perca sua licença. Essa é a forma correta de trabalhar? Não... Em Suzuka no ano passado eu pedi aos organizadores para trocar o lado da pole. Não foi justo, porque o lado direito é sempre o sujo. Você se esforça pela pole e é penalizado por isso. E eles dizem: "Sim, sem problema." E depois o que acontece? Balestre dá a ordem para não mudar nada. Eu sei como o sistema funciona e eu pensei que foi mesmo uma m****. Então eu disse a mim mesmo: "Ok, aconteça o que acontecer, eu vou entrar na primeira curva antes - Eu não estava preparado para deixar o outro (Alain Prost) chegar na curva antes de mim. Se eu estou perto o suficiente dele, ele não poderá virar na minha frente - e ele será obrigado a me deixar seguir." Eu não me importo em bater; eu fui para isso. E ele não quis perder a chance, virou e batemos. Foi inevitável. Tinha que acontecer. "Então você deixou isso acontecer", alguém diria. "Porquê eu causaria isso?". Se você se ferrar cada vez que estiver fazendo o seu trabalho limpo, conforme o sistema, o que você faz? Volta para trás e diz "Obrigado"? De jeito nenhum! Você deve lutar para o que você acha que é certo. Se a pole estivesse colocada na esquerda, eu teria chegado na frente na primeira curva, sem problemas. Que foi uma péssima decisão manter a pole na direita, e isso foi influenciado pelo Balestre, isso foi. E o resultado foi que aconteceu na primeira curva. Eu posso ter contribuído, mas não foi minha responsabilidade". ”
Em 1992, Senna estava determinado a vencer apesar do desânimo na McLaren com as Williams FW14B, o melhor carro da temporada. O novo carro da McLaren, o modelo MP4-7A, para a temporada, tinha diversas falhas.
Houve um atraso em fazer o novo carro (ele estreou na terceira corrida, no GP do Brasil) além da carência de confiabilidade da suspensão ativa, que deixava o carro imprevisível nas curvas rápidas, enquanto os motores Honda V12 não eram os mais potentes. Senna venceu em Mônaco, Hungria e Itália naquele ano, e acabou o campeonato num modesto quarto lugar perdendo o terceiro para Michael Schumacher na última corrida.
Senna demorou muito a decidir o que fazer em 1993 e chegou ao final do ano sem ser contratado por nenhuma equipe. Ele sentiu que os carros da McLaren não seriam competitivos, especialmente depois que a Honda resolveu se retirar da F1 no final de 1992, e não poderia ir para a Williams enquanto Prost estivesse por lá, pois o contrato dele proibia a equipe de ter Senna como seu parceiro.
Ron Dennis, chefe da McLaren, estava tentando assegurar um fornecimento de motores Renault V10 para 1993. Com a recusa da Renault, a McLaren foi obrigada a pegar os motores Ford V8 como um cliente comum. Dessa forma, a McLaren recebeu versões de motores mais velhas do que os clientes preferênciais da Ford, como a Benetton, e tentou compensar essa deficiência de potência com mais tecnologia e sofisticação, inclusive um sistema efetivo de suspensão ativa. Dennis finalmente persuadiu Senna a voltar para a McLaren, mas o brasileiro concordou somente em assinar para a primeira corrida da temporada, na África do Sul, onde ele iria verificar se os carros da McLaren eram competitivos o bastante para lhe proporcionar uma boa temporada.
Senna concluiu que esse novo carro tinha um surpreendente potencial mas ainda estava abaixo da potência, e não seria páreo para a Williams-Renault de Prost. Senna decidiu não assinar por uma temporada e sim por cada corrida a ser disputada. Eventualmente ele poderia permanecer por um ano, apesar de que algumas fontes afirmarem que isso foi mais um jogo de marketing entre Dennis e Senna.
Depois de terminar em segundo na corrida de abertura da temporada na África do Sul, Senna ganhou os GPs do Brasil e da Europa, na chuva. Esta última é freqüentemente lembrada como sendo uma de suas maiores vitórias na F1. Ele largou em quarto e caiu para quinto na primeira curva, mas já estava liderando antes da primeira volta ser completada. Alguns pilotos precisaram de sete pit stops para trocar os pneus de chuva/lisos dependendo das mudanças climáticas ao longo da corrida. Senna foi segundo na Espanha e quebrou o recorde de seis vitórias em Mônaco, o que lhe fez jus ao antigo apelido de Graham Hill: Mister Mônaco. Depois de Mônaco, a sexta corrida da temporada, Senna liderou o campeonato à frente da Williams-Renault de Prost e da Benetton de Michael Schumacher, apesar da inferioridade dos motores da McLaren. A cada corrida, as Williams de Prost e Damon Hill mostravam a superioridade, com Prost caminhando para o campeonato enquanto Hill mantinha os segundos lugares. Senna concluiu a temporada e sua carreira na McLaren com duas vitórias (no Japão e Austrália) e ficou com a segunda colocação na classificação geral. A penúltima corrida da temporada foi marcada por um incidente entre Eddie Irvine e Senna, iniciado numa manobra de Irvine. O brasileiro, inflamado, foi aos boxes da equipe Jordan e socou o irlandês.
1994: Williams
Senna já havia tentado entrar para a Williams em 1993, mas foi impedido por Prost, que vetou seu nome. Senna se ofereceu para pilotar por nada, pois seu desejo era fazer parte da vencedora equipe Williams-Renault, mas foi impedido por uma cláusula no contrato do francês que impedia o brasileiro de entrar para a equipe. Porém, essa cláusula não se estenderia até 1994, o que fez Prost se retirar das corridas um ano antes de vencer seu contrato, preferindo isso a ter seu principal rival como companheiro de equipe. Em 1994, Senna finalmente assinou com a equipe Williams-Renault.
Senna agora estava na equipe que havia ganho os dois campeonatos anteriores com um veículo muito superior aos demais. Era natural que, na pré-temporada, ele fosse considerado o favorito ao título, acompanhado de Damon Hill, que deveria fazer o papel de coadjuvante. Prost, Senna e Hill haviam ganho todas as corridas exceto uma, vencida por Michael Schumacher.
A pré-temporada de testes mostrou que o carro era rápido mas difícil de dirigir. A FIA havia banido os sistemas eletrônicos, incluindo a suspensão ativa, o controle de tração e os freios ABS para fazer o esporte mais "humano". A Williams não se mostrou um carro equilibrado no início da temporada. O prórpio Senna fez várias declarações que o carro era instável e desajeitado. Era claro que o FW16, depois de perder a suspensão ativa, os ABS e o controle de tração, entre outras coisas, havia se transformado num carro comum, bem longe da superioridade mostrada pelos FW15C e FW14B dos anos anteriores. A grande surpresa dos testes foi a Benetton, que se mostrou mais ágil do que as Williams apesar da menor potência.
A primeira corrida da temporada 1994 foi no Brasil, disputado em Interlagos, quando Senna fez a pole. Na corrida, Senna assumiu a ponta, mas a ágil Benetton nunca ficava para trás. Schumacher tomou a liderança depois de passar Senna nos boxes. Senna se recusou a ficar em segundo, pois acreditava que isso não era justo para toda aquela multidão de torcedores brasileiros que lotava o autódromo. Determinado a vencer, ele exigiu demais do carro, que não suportou a pressão e quebrou, fazendo-o abandonar a prova.
A segunda prova foi no Grande Prêmio do Pacífico, disputado em Aida, no Japão, onde Senna novamente ganhou a pole. Porém Senna envolveu-se numa colisão já na primeira curva. Ele foi tocado atrás por Mika Häkkinen e sua corrida acabou definitivamente quando a Ferrari de Nicola Larini também bateu na sua Williams. Seu companheiro de equipe, Damon Hill, terminou em segundo enquanto Schumacher venceu novamente.
Este foi o seu pior início de temporada de F1, falhando por não terminar e em não pontuar nas duas primeiras corridas, apesar de ter sido pole em ambas. Schumacher e sua Benetton estavam liderando o campeonato com vinte pontos de diferença para Senna, que estava com zero.
Luca Di Montezemolo, diretor da Ferrari naquela ocasião, informou que Senna veio até ele na quinta-feira anterior à prova de Ímola e elogiou a Ferrari pela batalha contra os eletrônicos na F1. Senna disse também que ele gostaria de encerrar sua carreira correndo pela Ferrari.
O acidente fatal em Ímola
Na terceira corrida da temporada, o GP de San Marino, em Ímola, Senna declarou que esta deveria ser a corrida de início da temporada para ele, pois não havia terminado as anteriores e agora faltavam apenas catorze corridas. Senna mais uma vez conquistou a pole, mas o fim de semana não seria tão fácil. Ele estava particularmente preocupado com dois eventos. Um deles, na sexta-feira, durante a sessão de qualificação da tarde, um novato protegido de Senna e também brasileiro, Rubens Barrichello, envolveu-se num grave acidente em que perdeu o controle de sua Jordan, passou por cima de uma zebra e voou da pista, chocando-se violentamente contra uma barreira de pneus.
Felizmente, Barrichello saiu desse acidente com pequenas escoriações e o nariz quebrado, ferimento suficiente para impedí-lo de correr no domingo. Senna visitou seu amigo no hospital - ele pulou o muro depois que foi impedido de visitá-lo pelos médicos - e ficou convencido de que as normas de segurança deveriam ser revisadas.
O segundo ocorreu no sábado, durante os treinos livres quando o austríaco Roland Ratzenberger, correndo pela Simtek, bateu violentamente na curva Villeneuve num acidente que começou a se formar na fatídica curva Tamburello, quando a asa dianteira de seu carro se soltou fazendo-o perder o controle do veículo. Levado ao Hospital Maggiore de Bolonha, ele faleceu minutos depois. Essa foi a primeira morte de um piloto na pista em dez anos - desde que a FIA adotara sérias medidas de segurança - e a primeira que Senna presenciou na Fórmula 1. Essa tragédia reforçou as preocupações de Senna com segurança, levando-o até mesmo a reconsiderar sua permanência no esporte. Senna visitou o local para ver ele mesmo o que poderia ter acontecido.
Senna passou o final da manhã reunido com outros pilotos, determinado a recriar a Comissão de Segurança dos Pilotos, a fim de melhorar a segurança na F1. Como um dos pilotos mais velhos, ele se ofereceu para liderar esses esforços.
Apesar de tudo, Senna e todos os outros pilotos concordaram em correr. Ele saiu em primeiro, mas J.J. Lehto deixou morrer sua Benetton, fazendo os outros pilotos desviarem dele. Porém Pedro Lamy, da Lotus-Mugen, bateu na parte traseira de Lehto, o que levou o safety car à pista por cinco voltas.
Na sétima volta a corrida foi reiniciada, e Senna rapidamente fez a terceira melhor volta da corrida, seguido por Schumacher. Senna iniciara o que seria a sua última volta; ele entrou na curva Tamburello e perdeu o controle do carro, seguindo reto e chocando-se violentamente contra o muro de concreto. A telemetria mostrou que Senna, ao notar o descontrole do carro, ainda conseguiu, nessa fração de segundo, reduzir a velocidade de cerca de 300 km/h (195 mph) para cerca de 200 km/h (135 mph)[4]. Os oficiais de pista chegaram à cena do acidente e, ao perceber a gravidade, só puderam esperar a equipe médica. Por um momento a cabeça de Senna se mexeu levemente, e o mundo, que assistia pela TV, imaginou que ele estivesse bem, mas esse movimento havia sido causado por um profundo dano cerebral. Senna foi removido de seu carro por Sid Watkins e sua equipe médica, e recebeu os primeiros socorros ainda na pista, ao lado de seu carro destruído, antes de ser levado de helicóptero para o Hospital Maggiore de Bolonha onde, poucas horas depois, foi declarado morto.
Foi um GP trágico. Além do acidente de Barrichello e das mortes de Senna e Ratzenberger, o acidente entre J.J. Lehto e Pedro Lamy fez arremessar dois pneus para a arquibancada, ferindo vários torcedores. O italiano Michele Alboreto, da Minardi, perdeu um pneu na entrada dos boxes e se chocou contra os mecânicos da Ferrari, ferindo também um mecânico da Lotus.
A imagem de Ayrton apoiado na sua Williams, flagrado pelas tevês, com o olhar distante e perdido, pouco antes do início do GP, ficaria marcada para sempre entre seus fãs.
Investigações sobre o acidente
De acordo com a perícia, Senna perdeu o controle do carro devido à quebra da coluna de direção do seu Williams. O documento sugere que houve negligência dos técnicos da equipe numa reparação feita na coluna de direção. Em novembro de 1996, a denúncia do promotor Maurizio Passarini foi acolhida pelo juiz Diego Di Marco. Frank Williams, Patrick Head, Adrian Newey, Federico Bondinelli (um dos responsáveis pela empresa que administrava o autódromo de Ímola), Giorgio Poggi (o responsável pela pista), Roland Bruinseraed (o director da prova), e o mecânico que soldou a coluna de direcção do Williams foram indiciados por homicídio culposo, por negligência e imprudência. Porém, em dezembro de 1997, o juiz Antonio Constanzo absolveu os acusados.
Senna tinha 34 anos e faleceu de traumatismo craniano, devido ao braço da suspensão dianteira do Williams ter se transformado numa "lança" durante o choque contra o muro, entrando pela viseira do capacete de Ayrton Senna.
O funeral
A lendária curva Eau Rouge no circuito da Bélgica foi temporariamente readequada para a corrida de 1994. Na foto, Damon Hill dirige pela chicane, onde foi escrita uma mensagem em homenagem a Senna. A morte do piloto foi considerada pelos brasileiros como uma tragédia nacional, e o governo brasileiro declarou três dias de luto oficial. Estima-se que mais de um milhão de pessoas foram às ruas para ver seu ídolo e render-lhe as últimas homenagens, sem contar os milhões que acompanharam pela televisão desde a chegada do avião que trouxe seu corpo no Aeroporto de Guarulhos, às 5h30 da manhã.
A maioria dos pilotos de Fórmula 1 estiveram presentes no funeral de Senna. Porém o então presidente da FIA, Max Mosley, não compareceu, alegando que estava nos funerais de Ratzenberger no dia 7 de maio, em Salzburg, na Áustria. Mosley disse à imprensa, dez anos depois: "Eu fui a esse funeral porque todos estavam no de Senna. Eu pensei que era importante alguém ir a esse."
Na corrida seguinte, em Mônaco, a FIA decidiu deixar vazias as duas primeiras posições no grid de largada, e elas foram pintadas com as cores das bandeiras brasileira e austríaca, em homenagem a Senna e Ratzenberger.
O corpo de Senna está sepultado no jazigo 11, quadra 15, setor 7, do Cemitério do Morumbi, em São Paulo.
GP memorável
Em pista molhada, Senna sempre foi talentoso. No Grande Prêmio da Europa de 1993, em Donington Park, demonstrou seu talento ao sair em quarto lugar, cair para quinto e, depois, ir para a primeira posição, ainda na metade da primeira volta, passando Michael Schumacher, Karl Wendlinger, Damon Hill e Prost. No decorrer da prova, com a instabilidade climática, havia períodos em que a chuva cessava e logo depois voltava, aumentando a dificuldade para os pilotos e para as equipes, que precisavam ser o mais eficientes possível nas trocas de pneus "slick", ou seja, pneu para pista seca, e pneus "biscoito", para pista molhada. Senna, por sua vez, dispensou essa particularidade que os pneus exigiam, não entrando nos boxes para as trocas quando a pista molhava, segurando o carro na chuva com os pneus "slicks" de pista seca, e não se dando por satisfeito, conseguia se manter na frente dos seus adversários, correndo mais rápido do que eles, com os seus respectivos carros devidamente adequados com pneus "biscoito", de chuva. Ao fim da prova, tinha uma vantagem de uma volta sobre praticamente todos os oponentes, exceto Damon Hill, que chegou em segundo lugar por que o próprio Senna permitiu, para forçar seu rival Prost a chegar em terceiro lugar.
Controvérsias e críticas
Durante sua longa carreira, Senna envolveu-se em vários acidentes, com causas absolutamente controversas. Ele foi responsabilizado pela imprensa britânica nas colisões que decidiram os campeonatos de 1989 e 1990. A imprensa italiana e alemã o condenaram por seus atos em 1990.
Senna via seus concorrentes diretos - Piquet, Prost e Mansell - como verdadeiros inimigos, sem contar os poderosos dirigentes do esporte. Não manteve bom relacionamento com nenhum, exceto uma pequena empatia por Mansell, muito mais graças ao inglês, que era mais afável. Em Interlagos, durante um duelo com Senna, Mansell rodou na curva "S" (de Senna) e abandonou a prova, levando a torcida à loucura. Quando Senna passou pelo local na volta seguinte, Mansell, já fora do carro, fez um gesto de aplauso, que Senna retribuiu acenando.
Senna tinha verdadeira obsessão em ser o melhor e não media esforços para mostrar a si mesmo do que ele era capaz.
O legado de Senna
Em 2005, o cantor italiano Cesare Cremonini gravou uma canção intitulada Marmelata #25 e, no refrão, há uma parte que diz em italiano: "Ahh! Desde que Senna não corre mais... não é mais domingo".
Talvez a maior contribuição de Ayrton Senna tenha sido as novas normas de segurança implementadas logo após a sua morte. Novas barreiras, curvas redesenhadas, altas medidas de segurança e o próprio cockpit dos pilotos foram mudanças feitas na F1, ligadas diretamente à sua morte.
Senna sempre foi bastante preocupado com as crianças pobres e, em 1994, ele anunciou que tinha a intenção de fazer alguma coisa por elas. Morreu antes de implementar essas idéias. Sua família, então, criou o Instituto Ayrton Senna [8] em sua memória, para ajudar as crianças pobres brasileiras.
Curiosidades
Senna era um grande piloto, especialmente nos treinos de qualificação, com o recorde de 65 poles em 161 corridas. Esse recorde permaneceu por 12 anos depois de sua morte, até que Michael Schumacher passou essa marca quando conquistou a pole no GP de San Marino de 2006, sua 236ª corrida.
Uma importante marca de Senna, que ainda não foi superada, é o número de vitórias no complicado circuito de rua de Mônaco, onde venceu por seis vezes, sendo cinco consecutivas: de 1989 a 1993.
Durante uma apresentação de uma turnê na Austrália, em 1993, a cantora Tina Turner chamou o piloto ao palco e disse que ele era "the best" (o melhor) e, então, Tina cantou a canção Simply the Best (Simplesmente o Melhor), referindo-se ao piloto, que declarou ser fã da cantora.
Ayrton descreveu em detalhes suas chances durante uma volta de classificação no GP de Mônaco de 1988:
“ "... a última sessão de qualificação. Eu já estava com a pole, por meio segundo à frente do segundo colocado, e depois um segundo. De repente, eu estava próximo de abrir dois segundos à frente dos outros, incluindo meu companheiro de equipe com o mesmo carro. Então eu percebi que eu não estava mais pilotando com consciência. Eu pilotava por instinto, me sentia numa outra dimensão. Era como se eu fosse entrar num túnel. Não apenas o túnel sob o hotel, mas todo o circuito parecia um túnel. Eu estava apenas indo e indo, mais e mais e mais... Eu estava acima dos limites e achava que ainda era possível buscar alguma coisa mais. Então, de repente, alguma coisa me tocou. Um tipo de despertar ao perceber que eu estava em outra atmosfera, diferente daquela que normalmente eu estava. Minha reação imediata foi a de retornar, reduzir. Eu dirigi lentamente aos boxes e não quis mais sair de novo naquele dia. Isso me apavorou porque eu estava consciente. Isso me acontece raramente, mas eu guardei essas experiências bem vivas dentro de mim porque é muito importante para a sobrevivência." ”
Durante o GP de San Marino em 2004, dez anos após a morte de Senna, em uma série de entrevistas, Gerhard Berger, o companheiro de Senna na McLaren 1990-1992 e um amigo muito próximo, expressou o que era a qualificação para Senna:
“ "Eu lembro de um fim de semana em Ímola em que eu fui para a pista e marquei o tempo. Ele saiu e foi um pouquinho mais rápido. Eu saí de novo e fui um pouqunho mais rápido que ele. Ele saiu e novamente foi um pouco mais rápido que eu e, daí, eu fui à frente, depois para trás -- como ping pong -- até o fim da qualificação. Era o último conjunto de pneus e ele estava sentado no seu carro, eu no meu, e ele saiu do carro, andou em volta do meu e disse: "Ouça, vai ser muito perigoso daqui para a frente." e eu respondi: "E daí? Vamos lá!" ”
A interrupção do GP de Mônaco de 1984, pouco antes de Prost ser ultrapassado, foi considerado por Senna como uma manobra do então presidente da FIA, Jean-Marie Balestre, para "ajudar" seu compatriota francês. Pelo regulamento, naquelas condições, os pontos foram computados pela metade, ou seja, Prost somou 4,5 pontos e não 9. Por ironia do destino ele perdeu o campeonato para Lauda por apenas meio ponto na soma total.
Sempre que vencia uma corrida, Senna buscava - e alguém sempre lhe entregava - uma bandeira do Brasil que ele fazia tremular durante a volta da vitória. Essa atitude tornou-se uma marca registrada do piloto tanto que a Prefeitura de São Paulo resolveu, em 1995, homenageá-lo com uma escultura da artista Melinda Garcia, colocada na entrada do Túnel Ayrton Senna (veja acima) que passa sob o Parque Ibirapuera. A obra de 5,0 m em bronze denominada "Velocidade, Alma, Emoção" infelizmente já sofreu a ação de vândalos que roubaram a bandeira. Esta peça foi desenvolvida tendo como base o carro de Fórmula I de Ayrton Senna, com a finalidade de cumprir uma homenagem ao ídolo em três objetivos:
"Velocidade" - imortalizar sua passagem meteórica;
"Alma" - apreender de forma subentendida, porém substancial, sua presença anímica e carismática;
"Emoção" - aqui representada pela bandeira, simbolizando a entusiasmada vibração que sacudiu a todos nós brasileiros, criando uma união não só nacional, mas universal.
Piloto de pista molhada
Na F1, a corrida sob chuva é considerada um grande equalizador de carros; isto é, o piloto é quem faz a diferença. A velocidade é reduzida e a eventual superioridade de potência também fica em segundo plano. A chuva exige grande esforço e habilidade do piloto em controlar o carro. Senna era, sem dúvida, o melhor de todos sob essas condições.
Uma de suas táticas de Senna era de não trocar os pneus de chuva logo no início da chuva, mas manter-se correndo com pneus slick (lisos). Com isso, apesar de ser muito mais difícil manter o carro na pista, freqüentemente Senna ganhava preciosos segundos à frente dos demais competidores, porque a maioria deles parava nos boxes para troca de pneus.
O GP de Mônaco de 1984 (veja acima) marcou a habilidade de Senna nas pistas molhadas.
O caráter
Além de sua excepcional habilidade em pilotar, Senna foi um dos esportistas mais admirados. Bastante instrospectivo e extremamente passional, ele costumava pilotar como uma forma de se auto-descobrir e as corridas eram uma metáfora para sua vida:
“ "Quanto mais eu me esforço, mais eu me encontro. Eu estou sempre olhando um passo à frente, um diferente mundo para entrar, lugares onde eu nunca estive antes. É muito solitário pilotar num GP, mas muito cativante. Eu senti novas sensações e eu quero mais. Essa é a minha excitação, minha motivação." ”
Berger disse sobre o companheiro: "Ele me ensinou muito sobre o automobilismo, e eu o ensinei a rir".
Depois da morte de Senna, descobriu-se que ele havia doado milhões de dólares de sua fortuna pessoal, estimada em 400 milhões de dólares, para as crianças carentes, fato que ele tentou manter em segredo. O Instituto Ayrton Senna investiu cerca de 80 milhões de dólares nos últimos anos em programas sociais e em parcerias com escolas, governos, ONGs e setores privados.
O documentário The Right to Win, de 2004, foi um tributo a Senna. Nele, Frank Williams lembra o grande piloto que Senna foi.
Frases
"Se você quer ser bem sucedido tem que ter dedicação total, buscar o seu último limite e dar o melhor de si mesmo."
"Vencer é como uma droga. Eu não posso justificar, sob nenhuma circunstância, ser o segundo ou terceiro."
"Ser o segundo é o mesmo que ser o primeiro dos perdedores."
"Não existem acidentes pequenos nesta pista." (falando sobre Ímola, pouco antes do acidente fatal).
"Esta será uma temporada com muitos acidentes, e eu arrisco dizer que teremos sorte se nada sério acontecer".
"Eu procuro continuamente aprender mais sobre mim, minhas próprias limitações, as limitações de meu corpo e as limitações psicológicas. É o meu estilo de vida."
"É claro que existem momentos que voce pensa quanto tempo ainda voce conseguirá fazer isso porque existem outros aspectos não tão bons nesse estilo de vida. Mas eu adoro vencer."
"As corridas e a competição estão no meu sangue. Fazem parte de mim, da minha vida".
"Eu sei que é impossível vencer sempre. Eu só espero que a derrota não venha neste fim de semana".
"Eu não sei dirigir de outra forma senão arriscando. Cada um tem que seu limite. O meu limite está um pouco além do dos outros".
"Se eu tiver que sofrer um acidente que eventualmente custe minha vida, eu espero que seja de uma vez. Eu não quero ficar numa cadeira de rodas. Não quero ficar num hospital sofrendo com os ferimentos. Se eu tiver que viver, eu quero viver plenamente, intensamente, porque eu sou uma pessoa intensa. Eu arruinaria minha vida se tivesse que viver parcialmente." (janeiro de 1994, quatro meses antes do acidente que o matou, da forma como ele queria).
Lista das 41 vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1
1985 - Equipe Lotus
21/04 - GP de Portugal, circuito do Estoril
15/09 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
1986 - Equipe Lotus
13/04 - GP da Espanha, circuito de Jerez de la Frontera
22/06 - GP dos EUA, circuito de Detroit
1987 - Equipe Lotus
31/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
21/06 - GP dos EUA, circuito de Detroit
1988 - Equipe McLaren
01/05 - GP de San Marino, circuito de Ímola
12/06 - GP do Canadá, circuito Gilles Villeneuve
19/06 - GP dos EUA, circuito de Detroit
10/07 - GP da Inglaterra, circuito de Silverstone
24/07 - GP da Alemanha, circuito de Hockenheim
07/08 - GP da Hungria, circuito de Hungaroring
28/08 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
30/10 - GP do Japão, circuito de Suzuka
1989 - Equipe McLaren
23/04 - GP de San Marino, circuito de Ímola
07/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
28/05 - GP do México, circuito Hermanos Rodriguez
30/07 - GP da Alemanha, circuito de Hockenheim
27/08 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
01/10 - GP da Espanha, circuito de Jerez de la Frontera
1990 - Equipe McLaren
11/03 - GP dos EUA, circuito de Phoenix
27/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
10/06 - GP do Canadá, circuito Gilles Villeneuve
27/07 - GP da Alemanha, circuito de Hockenheim
26/08 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
09/09 - GP da Itália, circuito de Monza
1991 - Equipe McLaren
10/03 - GP dos EUA, circuito de Phoenix
24/03 - GP do Brasil, circuito de Interlagos
28/04 - GP de San Marino, circuito de Ímola
12/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
11/08 - GP da Hungria, circuito de Hungaroring
25/08 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
03/11 - GP da Austrália, circuito de Adelaide
1992 - Equipe McLaren
31/05 - GP do Mónaco, circuito de Monte Carlo
16/08 - GP da Hungria, circuito de Hungaroring
13/09 - GP da Itália, circuito de Monza
1993 - Equipe McLaren
28/03 - GP do Brasil, circuito de Interlagos
11/04 - GP da Europa, circuito de Donington Park
23/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
25/10 - GP do Japão, circuito de Suzuka
08/11 - GP da Austrália, circuito de Adelaide
Dados estatísticos
Títulos da Fórmula 1: três, em 1988, 1990, 1991, todos com McLaren-Honda
Vitórias: 41
Pole positions: 65
Pontos acumulados: 614 pontos para o campeonato mundial (610 dos quais úteis, já que segundo as regras implementadas pela FIA na temporada de Fórmula 1 de 1988, os dois piores resultados conseguidos eram subtraídos)
GP disputados: 161
GP em que participou: 163
GP finalizados: 105
Número de desistências: 56
Média de pontos por corrida: 3,81 (ou 3,79 se forem apenas contabilizados os 610 pontos)
Pódios: 80
Número de vezes na liderança: 109
Número de grandes prêmios na liderança: 86
Voltas na liderança: 2987
km na liderança: 13 676
Total de voltas percorridas: 8 219
Total de quilômetros percorridos: 37 934
Largadas na primeira fila: 87
Vitórias com pole position: 29
Vitórias de ponta a ponta: 19
Voltas mais rápidas: 19
Máximo de poles conseguidas numa só temporada: 13 (em 1988 e 1989)
Pole positions sucessivas: 8, nos seguintes países: Espanha, Austrália, Brasil, San Marino, Mônaco, México e EUA (1988) e Brasil (1989)
Pole positions sucessivas numa só temporada: 7 (em 1988)
GP onde mais venceu: Mônaco (6 vezes: 1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993)
Hat Trick (pole, vitória e melhor volta no mesmo GP): 7 (Portugal, 1985; Canadá e Japão, 1988; Alemanha e Espanha, 1989; Mónaco e Itália, 1990)
Grand Chelem (Hat Trick e corrida inteira na primeira posição): 4
Vitórias consecutivas: 4 (em 1988: Inglaterra, Alemanha, Hungria e Bélgica; em 1991: EUA, Brasil, San Marino e Mónaco)
Dobradinhas (com o companheiro de equipe, Alain Prost): 14 (10 em 1988 e 4 em 1989, com Senna na frente em 11 dessas vezes)
Ayrton Senna subiu ao pódio em 49,69% dos GP's da Fórmula 1 que disputou e obteve 25,46% de vitórias e 40,37% de pole positions em GP's que participou.
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