O LOOK DE BALENCIAGA


"ADORARIA VER O RED CARPET UM POUCO MAIS EVOLUÍDO", diz o rapaz magro e elegante de 35 anos que, a despeito de sua fama de tímido, não usa meias palavras para deixar bem evidente a visão que tem do mundo que hoje se derrama por ele. "As escolhas deveriam ser menos nostálgicas e combinar mais com nosso tempo. Quando roupas têm a ver com o agora e o futuro, a moda ganha um maravilhoso senso de antecipação. Mesmo quando a mulher usa um vestido vintage, deveria haver algum detalhe, algum apelo que justificasse a escolha e a fizesse parecer moderna. O glamour dos anos 40 é incrível, mas nós estamos em 2007 - uma época bastante excitante para a moda também." Um dos principais motivos para tal excitação é justamente o autor dessas frases: Nicolas Ghesquière, diretor de criação da Balenciaga. Em dez anos o estilista francês trouxe de volta o frisson e a importância ao ateliê de um dos nomes mais reverenciados e, ao mesmo tempo, mais negligenciados da moda, transformando- o em uma das etiquetas mais v itais e lucrativas da atualidade.

Nenhum historiador seria capaz de diminuir a grandeza de Cristóbal Balenciaga, o fundador da maison. Nascido na Espanha, em 1895, foi considerado o melhor costureiro de seu país nos 30. Mudou-se para Paris e deu emprego a André Courrèges e Emmanuel Ungaro, ganhou elogios de Christian Dior, tornou-se amigo de Hubert de Givenchy. Conheceu o auge nos 50, quando criou o vestido balonê, o vestido-saco, um chemise de formas soltas, e os casacos com mangas morcego - peças que, curiosamente, hoje constam de quase todas as coleções all around the world. Depois de sua morte, em 1972, a marca entrou em decadência. A ascensão começou em 1997, com a contratação de Ghesquière, então com 25 anos. Nas primeiras coleções o estilista francês evitou referênc ia explíc itas ao predecessor. "Tentava manter distânc ia do a rquivo. Era pesado demais, psicologicamente falando", conta. "Isso me deu tempo para capturar o espírito da casa e integrá-lo ao meu trabalho." Ghesquière afirma não ter interesse em recriar o design de Balenciaga linha por linha. "Prefiro a inspiração à reprodução. Amo as cores, as estampas e as formas que encontrei, mas a silhueta que persigo é muito estreita, definida." Para ele falta assertividade à moda. "Roupas não servem apenas para que as pessoas se sintam bonitas. Mais do que isso, são um instrumento para que se sintam confiantes", explica. É por isso que ele sorri quando se lembra dos vestidos que criou para algumas de suas clientes mais famosas, como Nicole Kidman, Natalie Portman ou Jennifer Connelly. "Poder captar a personalidade de outra pessoa é muito estimulante", afirma. Com cada uma delas o processo é diferente. "Nicole é tão linda - nela um vestido é apenas um acessório. Por isso, linhas retas são necessárias para equilibrar bordados, por exemplo. Para Natalie sei que posso tentar alguma coisa arquitetônica; nada de ser simples ou sexy. E Jennifer me atrai porque, além da beleza e do glamour, cultiva uma aura de mistério", diz. "Mais do que a beleza ou o espetáculo, acho muito divertido contribuir para aumentar o mistério de uma mulher."

As mortais comuns, que não desfrutam do privilégio de possuir uma criação exclusiva, são brindadas com as peças do prêt-àporter, linha que não existia nos tempo da haute couture que imortalizou Balenciaga. Entre casaquetos de ombro marcado, calças sinuosas e vestidos de linha A, é melhor ficar com os três. Mas o grande talismã do estilista e das fashionistas é a linha de bolsas Classic. Lançadas há sete anos e com versões atualizadas a cada coleção, entraram para o álbum de figurinhas carimbadas da moda graças às alças duplas, aos detalhes com zíper formando bolsos frontais ou diagonais e à placa de identificação de prata, garantia de luxo e exclusividade, como convém a todas as bolsas de boa estirpe.

o estilo da grife

PERFIL DA GRIFE
Ao recuperar o glamour do passado, a marca firmou-se no mercado de luxo como uma opção certeira para as mulheres que apreciam peças antenadas e com um toque de tradição.

QUEM USA
Nicole Kidman; Gwyneth Paltrow; Natalie Portman; Jennifer Connelly; Sienna Miller; Sarah Jessica Parker; Carolina Dieckmann; Danielle Winits; Ana Claudia Michels; Vanessa de Oliveira; Glória Maria.

NOVOS CLÁSSICOS
Em dez anos, um período de tempo curto na história de uma marca, a grife conseguiu emplacar vários clássicos. Além das bolsas da linha Classic, o maior hit da era Ghesquière, também são objetos do desejo as sandálias gladiador, lançadas em 2004 e em alta até hoje, os casaquetos e paletós de cintura marcada e os tricôs de modelagem atemporal.

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