CARLOS GARDEL













Carlos Gardel (Toulouse, 11 de dezembro de 1890 — Medellín, 24 de junho de 1935) foi o mais famoso dos cantores de tango argentino.
Seu lugar de nascimento constitui uma questão controversa.
Alguns sustentam que Gardel teria nascido no Uruguai baseando-se em alguns documentos e matérias jornalísticas da época. Outros dizem que Gardel teria nascido na cidade francesa de Toulouse como Charles Romuald Gardès, filho de Paul Lasèrre e de Berthe Gardès (1865-1943).
Gardel era esquivo sobre o tema e quando indagado dizia: "Nasci em Buenos Aires aos dois anos e meio de idade".
A outra versão do nascimento:
Em uma data imprecisa, segundo pesquisadores uruguaios, Carlos Gardel teria nascido em uma paragem rural de Tacuarembó (norte do Uruguai), filho natural do líder político Carlos Escayola e de Maria Lelia Oliva (então com 13 anos).
O menino teria sido entregue a Berta Gardès, francesa que havia trabalhado como prostituta em uma mina de ouro da região.
Em 11 de março de 1892, chegam a Buenos Aires, no vapor Dom Pedro, procedente de Bordeaux/França, Berta Gardès (então com 27 anos) e seu filho, Charles Gardès (com 2 anos e meio).
1905-1907: Gardel é detido na prisão de Ushuaia por participar de uma briga.
1912: Forma-se o trio integrado por Carlos Gardel, José Razzano e Francisco Martino.
1913: O dueto Gardel-Razzano estréia no cabaré Armenonville de Buenos Aires.
1915: Em dupla com Razzano, Carlos Gardel estréia no teatro Royal de Montevidéu. É baleado em uma rua de Buenos Aires por Roberto Guevara, depois de um desentendimento que ambos tiveram no cabaré Palais de Glace.
1917: Inicia-se o vínculo de Gardel com o selo Odeon.
Gardel interpreta no teatro Esmeralda ou no Empire de Buenos Aires (há versões divergentes) "Mi noche triste" (primeiro tango canção), de Pascual Contursi e Samuel Castriota.
27 de setembro: A dupla Gadel-Razzano estréia no teatro Colón Valparaíso, interpretando canções 'criollas'. Depois, viriam as apresentações no teatro Olimpo (Viña del Mar) e, entre 15 de outubro e 7 de novembro, apresentações no extinto teatro Royal de Santiago.
1923: Primeira viagem à Espanha para uma turnê artística. Estréia em 10 de dezembro no teatro Apolo de Madri. Depois segue para Barcelona, Santander, Bilbao.
Na França, visita a Côte D'Azur, Cannes, Paris e Toulouse, onde não se apresentou, embora existam cartas datadas desta cidade e um telegrama em que pede que a correspondência fosse enviada "para a casa da minha mãe".
1925: A dupla Gardel-Razzano se desfaz.
1925-1930: Gardel grava em Buenos Aires, Paris e Barcelona.
1928: Primeira viagem à Paris para uma turnê artística.
Gardel compra uma casa na rua Jean Jaures, em Buenos Aires.
1930: Paul Lasèrre chega a Buenos Aires disposto a reconhecer seu filho, Charles Romuald.(Carlos Gardel)
1931: Gardel filma "Luces de Buenos Aires" em Paris.
1932: Filmagem de um clássico do cantor, "Melodía de Arrabal", primeiro filme da série final. Retorno à Buenos Aires.
1933: Gardel vai para o Uruguai, onde faz sua última turnê por várias cidades.
Em dezembro chega a Nova York.
Dia 7 de novembro, Gardel embarca no vapor Conte Biancamano com destino à Europa. Ele nunca voltaria a ver o Rio da Prata.
1934: O cantor começa as gravações com a RCA Victor.
Em Nova York, filma "O Tango na Brodway" e "Cuesta abajo".
Em setembro, Gardel tira férias e viaja dos Estados Unidos para a Côte D'Azur e depois para Toulouse, onde passa dez dias com sua mãe.
Esta foi a última vez que estiveram juntos.
1935: Filma "O Dia que me Queiras" e "Tango Bar".
Em 20 de março faz suas últimas gravações fonográficas: 'Guitarra mía', 'Apure delantero buey', e 'Amargura'.
No fim de março começa a turnê pela América Latina, apresentando-se em Porto Rico, Venezuela e, finalmente, na Colômbia.
Em 18 de junho o jornal 'El Nacional', de Bogotá, publica a última entrevista do cantor.
Em 24 de junho Gardel morre em um acidente de avião em Medellín (Colômbia), onde o vôo entre Bogotá e Cali faz uma escala.
Em 17 de dezembro seu corpo é exumado do cemitério San Pedro de Medellín.
1936: Em 5 de fevereiro seus restos mortais chegam ao Rio da Prata, depois de uma viagem que incluiu uma escala em Nova York.
É velado na Alfândega de Montevidéu e, dias depois, em Buenos Aires, é celebrado o último de seus quatro velórios.
Gardel é sepultado no cemitério La Chacarita.
1943: Em 7 de julho Berta Gardès morre em Buenos Aires.
Cantor e ator celebrado em toda a América Latina pela divulgação do tango. Inicia-se como cantor ainda jovem com o nome artístico de El Morocho, apresentando-se em cafés dos subúrbios da capital argentina. Sua primeira interpretação formal se dá no Teatro Nacional de Corrientes.
Pela sensualidade de sua voz, que se presta muito bem à interpretação da milonga – gênero precursor do tango – torna-se conhecido a partir de "Mi noche triste" 1917.
Carreira musical
Gravou mais de novecentas canções, entre tangos, fox-trots, fados, pasodobles e músicas folclóricas, vendendo milhares de discos na América Latina e Europa.
Entre suas interpretações mais famosas estão:
Mi noche triste (1917)
Desdén (1930)
Tomo y Obligo (1931)
Lejana Tierra Mía (1932)
Silencio (1932)
Amores de Estudiante (1933)
Golondrina (1933)
Melodía de Arrabal (1933)
Guitarra Guitarra Mía (1933)
Cuesta Abajo (1934)
Mi Buenos Aires Querido (1934)
Soledad (1934)
Volver (1934)
Por Una Cabeza (1935)
Sus Ojos se Cerraron (1935)
Volvió una Noche (1935)
El Día Que me Quieras (1935)
Carreira cinematográfica
Trabalhou como ator em alguns filmes pela Paramount, entre eles:
Flor de Durazno (1917) (filme mudo)
Encuadre de Canciones (1930) (primeiro filme falado da América do Sul)
Luces de Buenos Aires (1931) (filmado em Paris)
La Casa es Seria (1931)
Espérame (1932)
Melodía de Arrabal (1932)
Cuesta Abajo (1934)
El Tango en Broadway (1934)
El Día Que Me Quieras (1935)
Tango Bar (1935)
The Big Broadcast Of (1935)
Curiosidades
Gardel é um caso raro de imortalidade, pois até hoje suas gravações são ouvidas como na época em que ele as gravou, de 1917 a 1933, e sua voz continua ecoando pelas rádios e salões em todas as partes, como se nada houvesse.
Gardel foi um garoto gorducho, chegando aos 104 quilos.
Depois ficou um rapagão: um boa pinta com bons dentes e um vozeirão, a loucura das mulheres.
São elas que até hoje não o deixam morrer.
E elas têm toda a razão para isso, visto que Gardel, rompendo com a tradição milonguera do canalha ressentido, fazia as vezes do machão abalado, lamentando a rejeição e o abandono da amada. Numa das suas canções, Mano a mano, a preferida de Júlio Cortázar, até uma mulher da vida não deixa de ser "una buena mujer". Por essas e outras é que Borges disse que Gardel afeminara o tango, porque nenhum gaúcho que prestasse, um garanhão dos bons, chorava a perda de uma mina, ou, pior, oferecia o ombro a uma ex-amante que o traíra.
Antes de Gardel os tangos eram só instrumentais.
Estão preparando o filme "Dare to Love Me" ("Ouse Me Amar", em tradução livre).Sobre a vida e obra de Carlos Gardel.
Gardel foi o homem que levou o tango dos subúrbios das cidades do Rio da Prata até Nova York, escala bem sucedida à sua invasão parisiense. Ele também foi o símbolo do amor ao turfe e do sucesso com as loiras platinadas dos Anos do período entre-guerras.
A devoção popular lhe rendeu dezenas de apelidos, alguns superlativos, outros irônicos ou poéticos, tais como "El Mudo", "El Mago" ou "Zorzal Criollo", em alusão a uma ave cantora dos pampas e à sua origem de filho de europeus. Mas para todos é simplesmente "Carlitos".
Não é só Buenos Aires, cidade adotiva do cantor, que presta tributos a ele. Em Medellin, Colômbia, onde ele morreu, há um museu montado ao redor de uma cadeira de barbearia que "El Mudo" costumava freqüentar.
No Chile Gardel também continua vivo. Mas naquele país, a cada 24 de junho não se comemora a morte de "Carlitos", mas o nascimento do mito gardeliano.
Naquele país se celebra, durante todo o mês, um festival nas salas de Santiago, Viña del Mar, e outras cidades. É "uma homenagem ao nascimento do mito e não à morte de Gardel", explica o ator Jorge Alis, organizador das comemorações chilenas.
O Uruguai é um caso à parte, com particularidades únicas. Em Montevidéu existe uma emissora de rádio em amplitude moderada que transmite durante seis horas por dia - em doze blocos - exclusivamente canções de Gardel.
É um repertório limitado às 400 gravações de melhor qualidade técnica que a rádio repete sem cessar por 40 anos.
Em Tacuarembó, a pequena cidade que reivindica ser a cidade natal de Gardel, existe uma emissora de TV a cabo chamada de Telegardel.
Carlos Gardel cantou como poucos as coisas do cotidiano, a alma do povo, os bairros de ruazinhas estreitas, os amores - femininos ou pela terra - e aos cavalos de corrida e as desventuras dos aficcionados do turfe.
Ele iniciou sua carreira em 1913 no cabaré Armenonville de Buenos Aires, sua pátria artística e por adoção, pois se naturalizou argentino em 1920.
Esteve em palcos palcos do Brasil, Uruguai, Estados Unidos, Espanha, França, Porto Rico, Venezuela, Colômbia e Chile.
Musicalmente, o canto de Gardel era de uma inflexão intransferível, devido ao seu caloroso e diferenciado timbre de barítono. Ele ostentava uma impostação natural impecável e todas as suas notas eram cheias e uniformes: quando cantava, a música e a palavra eram de uma unidade indestrutível.
O musicólogo uruguaio Lauro Ayestarán definiu as virtudes de "El Mago" como as de um intérprete "criador", que sendo igual a si mesmo, criava várias condições sonoras e servia ao texto literário, adequando-o ao seu sentido mais visceral.
Gardel foi criador e vanguardista, manipulou o fenômeno comunicacional como poucos conseguiram fazer, apesar da precariedade técnica dos anos 20.
Soube alterar a linguagem atrevida e limitada da gíria de Buenos Aires à pureza romântica que interpretava.
Em números, o fenômeno Gardel chegou a totalizar 20 filmes entre mudos, sonoros e curtas-metragens, algo que faz com que chegue a ser apontado como um dos criadores do que agora se denomina videoclipe.
Ele compôs cerca de 30 temas, entre eles "El día que me quieras", "Arrabal Amargo" e "Por una cabeza" e fez 1500 gravações, registradas com um sistema acústico com os primeiros microfones.
Sua voz é repetida em milhões de discos, que do formato original e das 78 rotações por minuto, foram passando ao vinil, à fita cassete e ao CD.
As imagens de 'Carlitos" revivem em cópias em VHS ou DVD.
Seus filmes, ainda são exibidos na televisão à cabo ou aberta.
Os desenhos do uruguaio Hermenegildo Sabat e, entre outras, as fotos no estúdio de José Silva, em Montevidéu, estamparam para sempre seu sorriso, que a morte não conseguiu apagar.
Mulheres
Carlos Gardel conheceu Isabel Martínez del Valle quando tinha 34 anos e a moça, 14, tendo com ela a relação mais prolongada e estável que se conhece, mas a vida sentimental do artista foi pródiga em romances com artistas, prostitutas e até milionárias da Côte d'Azur.
Isabel - uma adolescente com corpo de mulher era voluptuosa e tinha profundos olhos negros - viveu com Gardel e sua sogra, Bertha, durante muitos anos.
"Sei que fui o único amor de sua vida, apesar de todos os namoros que atribuíram a ele", declarou a mulher, assegurando nunca ter sentido ciúmes, apesar de admitir que, em uma oportunidade, visitou a encarregada de um prostíbulo, que chamavam de "La Ritana", para comprovar certos rumores.
"A tal Ritana era francesa e era denunciada por seu castelhano marcado pela fonética afrancesada de 'R's", recordou Isabel em uma entrevista ao jornal Tiempo Argentino.
A francesa - acrescentou - revelou que era amante de Gardel, mas, mesmo assim Isabel não pensou em se separar. Do capítulo francês das amantes de Gardel consta ainda Cristina "Chichita" Razzano, filha do cantor José Razzano, integrante de um famoso duo com Gardel e quem, aos 90 anos, fez algumas revelações sobre isso:
"Há uma ótima história na Europa sobre a vida sentimental de Gardel. Ele tinha uma amante milionária na França. Na realidade, era uma americana com muito dinheiro que passava temporada na Côte d'Azur todos os anos", contou.
Esta mulher dava para Gardel presentes muito caros. Uma vez o presenteou com um carro com suas iniciais a ouro na porta. Também deu uma cigarreira de ouro com suas iniciais em brilhantes.
Chichita, que tinha 18 anos quando morreu Gardel, relatou que "El Zorzal" levou o carro para a Argentina e ao chegar com ele na casa dos Razzano, no bairro de Flores, causou um grande alvoroço.
Outro conhecido romance foi com Mona Maris, uma atriz argentina que estrelou em Hollywood, onde trabalhou com Gary Grant e Humphrey Bogart, entre outros galãs, e quem, aos 83 anos, revelou as intimidades do "Morocho del Abasto".
"Gardel era um ser encantador e muito bom moço... Eu me senti muito atraída por sua personalidade e acho que ele também se impressionou com a minha", contou a artista, acrescentando que "ele era muito respeituoso com as mulheres, nada agressivo no terreno do amor, apesar de todas as mulheres que o perseguiam".
"Gardel foi muito homem.(havia rumores de que também gostava de homens)Eu o conheci o suficiente para assegurar isso", afirmou ela. "Era muito carinhoso, muito generoso, com uma sedução fora do comum, mas também muito tímido. Essa timidez o fazia muito particular em suas relações, principalmente com as mulheres", acrescentou.
Algumas pessoas atribuem a ele dons milagrosos.
O cemitério de Chacarita, onde também foi enterrado o corpo do presidente Juan Domingo Perón, morto em 1974, foi inaugurado em 1871, devido a uma epidemia de febre amarela que causou a morte de 15 mil pessoas em Buenos Aires, quando a população era de 110 mil.
Antes de ser sepultado, em 1936, o corpo de Gardel passou por vários lugares e em Buenos Aires, foi realizado o último dos quatro velórios, diante de milhares de pessoas que compareceram ao lendário estádio Luna Park, enquanto uma orquestra tocava tangos ininterruptamente.
O enterro de Gardel foi um dos mais concorridos já vistos em Buenos Aires, comparável apenas ao de Eva Perón.
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