LEILA DINIZ













Viver, intensamente, é você chorar, rir, sofrer,
participar das coisas, achar a verdade nas coisas que faz.
Encontrar em cada gesto da vida o sentido exato para
que acredite nele e o sinta intensamente.
(Leila Diniz)
LEILA DINIZ: SÍMBOLO DA LIBERDADE FEMININA NOS ANOS 60
Leila Roque Diniz nasceu no dia 25/03/1945, em Niterói, Rio de Janeiro, onde passou a maior parte de sua vida. Formou-se em magistério e foi ser professora do jardim de infância no subúrbio carioca.Leila teve uma vida pessoal turbulenta desde a infância, quando sua mãe precisou abandona-lá aos sete meses para se tratar de tuberculose.Saiu de casa cedo, aos 16, para se casar com o cineasta Domingos de Oliveira e, depois do casamento acabado, teve inúmeros namorados. Falava o que pensava e era afiadíssima nos palavrões. O relacionamento durou apenas três anos. Foi nesse momento que surgiu a oportunidade de trabalhar como atriz. Primeiro estreou no teatro e logo depois passou a trabalhar na Globo fazendo telenovelas. Mais tarde, casou-se com o moçambicano e diretor de cinema, Ruy Guerra, com quem teve uma filha, Janaína.
Participou de quatorze filmes (que quase não são exibidos), doze telenovelas e muitas peças teatrais. Ganhou na Austrália o premio de melhor atriz com o filme Mãos Vazias.
Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil, escandalizou a todos ao exibir sua gravidez na praia(Biquini).Ganhou o título de A grávida do ano no programa do Chacrinha.
Chocou o país inteiro ao proferir a frase: " Trepo de manhã, de tarde e de noite".
Era uma mulher a frente de seu tempo, ousada e que detestava convenções. Foi invejada e criticada pela sociedade machista das décadas de sessenta e setenta. Era malvista pela direita opressora, difamada pela esquerda ultra-radical e tida como vulgar pelas mulheres de sua época.
Além de ser jovem e bonita, Leila era uma mulher de atitude. Falava de sua vida pessoal sem nenhum tipo de vergonha ou constrangimento, Concedeu diversas entrevistas marcantes à imprensa, mas a que causou maior furor no país foi a entrevista que deu ao Pasquim em 1969. Nessa entrevista, ela a cada trecho falava palavrões que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: " Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo".
Nos dias atuais, essa frase soaria mais que normal aos nossos ouvidos, mas é preciso lembrar que Leila a proferiu numa época em que se defendia cegamente a " a moral e os bons costumes".
O exemplar mais vendido do Pasquim foi justamente esse onde houve a publicação da entrevista da atriz carioca. E foi também após essa publicação que foi instaurada a censura prévia à imprensa, mais conhecida como Decreto Leila Diniz.
Perseguida pela polícia política, Leila ficou escondida na casa do colega de trabalho e apresentador Flávio Cavalcanti.
Meses depois, Leila reabilita o teatro de revista, e começa uma curta e bem sucedida carreira de vedete. Estrelando a peça Tem banana na banda, improvisando a partir dos textos escritos por Millôr Fernandes, Luiz Carlos Maciel, José Wilker e Oduvaldo Viana Filho.
Morreu em um desastre de avião no dia 14/07/1972, aos 27 anos, no auge de sua fama, quando voltava de uma viagem a Austrália. Um primo e advogado se dirigiu à Nova Délhi, na Índia, local do desastre, para tratar da morte da atriz. Acabou encontrando um diário que continha diversas anotações e uma última frase, que provavelmente estava se referindo ao acidente: " Está acontecendo alguma coisa muito es..."
Sua amiga, a atriz Marieta Severo e o compositor e cantor Chico Buarque de Hollanda cuidaram da filha de Leila Diniz e Ruy Guerra, durante muito tempo; até o pai da criança ter condições de assumir a filha, Janaína.
Leila Diniz, "A Mulher de Ipanema",defensora do amor livre e do prazer sexual é sempre lembrada como símbolo da revolução feminina.
“Quebro a cara toda hora. Mas só me arrependo do que deixei de fazer
por preconceito, problema e neurose.”
"Sou Leila Diniz, qual é o problema?"
"Eu seria a maior mulher do mundo se me dedicasse aos homens"
"Todos os cafajestes que conheci na minha vida são uns anjos de pessoas."
"Na minha caminha dorme algumas noites, mais nada. Nada de estabilidade."
"Quando eu quero, eu vou com o cara. Não tem esse negócio de ninguém querer, não. Porque eu mando logo tomar no cú."
"Já amei gente, já corneei gente e eles entenderam e não teve problema nenhum. Somos todos uma grande família."
"Sempre andei sozinha. Me dou bem comigo mesma."
"Eu tenho pena de homem não poder ficar grávido."
"Para mim, tanto faz representar Shakespeare ou Gloria Magadan, desde que eu me divirta e ganhe dinheiro."
[Sobre palavrão]: "Sem ele não há diálogo, pô!"
“felizmente, já amei muito e espero amar mais ainda”.
“… Mas, às vezes, dentro da sociedade que a gente vive, é bacaninha você ter um homem do teu lado, nem um homem – viu? – um companheiro, um treco bacana. Alguém que diga: está pegando fogo? Então vamos apagar juntos”.
"Não morreria por nada deste mundo, porque eu gosto realmente é de viver. Nem de amores eu morreria, porque eu gosto mesmo é de viver de amores".
"A minha maior força é a minha energia, a minha alegria e a minha vontade de viver."
"Eu nunca comi mulher nenhuma porque elas não tem pau. E pra mim pau é um negócio essencial. Eu gosto muito da coisa entrando em mim"
"O pau não tem nada a ver com isso, coitadinho. O pau é um ser maravilhoso que a cuca às vezes atrapalha. Eu sou contra a cuca por causa disso. Viva o pau e abaixo a cuca."
(Leila Diniz)
Teledramaturgia:(Incompleta)
1966/67 - O Sheik de Agadir
1966 - Eu Compro Esta Mulher
1965 - Um Rosto de Mulher
1965 - Paixão de Outono
1965 - Ilusões Perdidas
Filmografia:
1972 - Amor, Carnaval e Sonhos
1971 - Mãos Vazias
1971 - O Donzelo
1969 - Azyllo Muito Louco
1969 - Corisco, O Diabo Louro
1969 - Os Paqueras
1968 - A Madona de Cedro
1968 - Fome de Amor
1968 - O Homem Nu
1967 - Edu, Coração de Ouro
1967 - Mineirinho Vivo ou Morto
1967 - Jogo Perigoso
1966 - Todas as Mulheres do Mundo
1966 - O Mundo Alegre de Helô
Curiosidades
- Ela tinha apenas sete meses de idade quando os pais se separaram.
Foi viver com os avós paternos e, pouco depois, com o pai e a nova esposa.
- Aos 15 anos, começou a trabalhar como professora, ensinando crianças do maternal e jardim de infância.
- Nunca completou o segundo grau e deixou de dar aulas por não se adaptar às exigências dos pais dos alunos e dos diretores da escola.
- Aos 17 anos, já está casada com o diretor Domingos de Oliveira. Foi quando teve sua primeira experiência como atriz, na peça infantil “Em busca do tesouro”, dirigida pelo marido.
- No ano seguinte, trabalhou como corista em um show de Carlos Machado. Em seguida estréia como atriz dramática, contracenando com Cacilda Becker em “O preço de um homem”, peça encenada em 1964.
- O ano seguinte marca o final do casamento com Domingos de Oliveira e o início da carreira na televisão. Leila começou na TV Globo, com papéis menores até trabalhar em “Eu compro essa mulher”, de Glória Magadan.
A projeção nacional veio meses depois com a personagem Madelon de “O sheik de Agadir”, da mesma autora. A partir daí, ela fez várias novelas na TV Globo, TV Excelsior e na TV Tupi.
- Na televisão também foi modelo de propaganda, vendendo Coca-Cola, sabonete e creme dental.
- Sua estréia no cinema foi em O Mundo Alegre de Helô, dirigido por Carlos Alberto de Souza Barros. Participa da co-produção entre Brasil e México, Jogo Perigoso, do diretor Luiz Alcoriza, conhecido pelo trabalho de roteirista com Luis Buñuel.
- Mas é com Todas as Mulheres do Mundo que Leila Diniz se projeta como atriz e personalidade, atuando numa história dirigida por Domingos de Oliveira, que incorporou claras referências à vida em comum do casal. Volta a ser dirigida pelo ex-marido em Edu,Coração de Ouro.
- No cinema, a atriz alternou papéis de protagonista, coadjuvante e participações especiais. Em Congonhas do Campo filma Madona de Cedro, baseado no romance de Antônio Callado. Nesse filme é dirigida por Carlos Coimbra, com quem volta a trabalhar em Corisco, o Diabo Loiro.
- Em 1968, Leila vai à Alemanha representar Fome de Amor, de Nelson Pereira dos Santos, no Festival de Berlim.
- Em novembro de 1969, é publicada em O Pasquim a entrevista que se tornaria histórica.
- Alegando razões morais, a TV Globo não renovou contrato com a atriz, que então recebe o apoio do apresentador Flávio Cavalcanti.
"Não tem papel de puta na próxima novela" foi a real justificativa de um diretor da Globo.
Em 1970, ela se torna jurada no programa Flávio Cavalcante e passa a viver no sítio do apresentador, num momento em que é acusada de ter ajudado militantes de esquerda.
- Mais tarde, Leila reabilita o teatro de revista e dá início a uma curta, mas bem-sucedida, carreira de vedete.
- Ganha o concurso de Rainha das Vedetes, recebendo o título das mãos de Virgínia Lane. Também é eleita Madrinha da Banda de Ipanema.
- Em 1971, faz uma ponta em O Donzelo, no papel dela mesma. Como protagonista atua em Mãos Vazias, primeiro filme de Luiz Carlos Lacerda, seu amigo íntimo desde a adolescência.
- Namorando com o cineasta Ruy Guerra, engravida e vai a praia. Numa atitude inédita e audaciosa para a época.Sendo esta sua imagem mais célebre(1971).
Estava com 8 meses de gravidez quando foi a Ipanema,depois disso foi acusada por feministas de servir aos homens.
- Em novembro nasce a filha Janaína. Depois de uma temporada de dedicação integral ao bebê, Leila volta aos palcos do teatro de revista.
- No Carnaval seguinte, filmou sua última participação no cinema: Amor, Carnaval e Sonhos, de Paulo César Saraceni.
- Em junho, deixa o Brasil para representar Mãos Vazias no Festival de Cinema da Austrália.
- Com saudades da filha, antecipa a viagem de volta, partindo antes do encerramento.
- No dia 14 de Julho de 1972, a tragédia. O avião da Japan Airlines em que viajava explodiu no ar, quando sobrevoava Nova Délhi, na Índia.
- O falecimento de Leila Diniz, aos 27 anos, causou comoção nacional e deu início à formação do mito em torno da mulher considerada revolucionária, que rompeu tabus e conceitos através de suas idéias e atitudes.
Leila Diniz foi como um terremoto a sacudir os usos e costumes da sociedade brasileira – especialmente nos anos 60, quando ela se transformou no maior ícone da liberdade feminina. O mundo ouvia rock’n’roll, o Brasil irradiava a bossa nova e Leila desafiava, enfrentava, estimulava e divertia os brasileiros com atitudes e simbolismo. Como atriz, tornou-se musa do embrionário cinema novo, movimento que propunha o rompimento dos padrões estéticos adotados até então – com base forte no modelo hollywoodiano.
A esquerda a considerava artificial e a direita, imoral.
Namorou o cantor Toquinho
"Leiluska",era chamada assim pelos amigos.
Quando Leila faleceu sua filha estava com 7 meses de vida.
Leila viveu a vida com autenticidade, espontaneidade, irreverência, alegria e muita paixão.
Chocou o Brasil novamente ao amamentar a filha Janaína diante das câmeras.
Rita Lee para Leila Diniz
Leila e seu sorriso de coelhinha me fez sentir a própria Alice no País das Maravilhas. A primeira vez que nos cruzamos foi nos corredores da antiga Globo, ela gravava cenas internas da novela O Sheik de Agadir e eu ensaiava Ando Meio Desligado com os Mutantes para FIC, Festival Internacional da Canção. Passou por mim vestida de noiva dando uma piscada marota, dei meia volta no ato e segui a apressada coelhinha até o estúdio onde descolei um canto para assistir a gravação. Era uma cena dramática: a noiva infeliz estava prestes a se casar com um homem que não amava pois seu coração pertencia ao Sheik. Leila foi brilhante e sua performance recebeu aplausos gerais. Quando todos já haviam saído do estúdio ela fez um sinal para me aproximar. Estava com o rosto sério, ainda carregando a tristeza de sua personagem. De repente puxou o vestido até a canela e com uma gargalhada gostosa me mostrou um par de tênis vagabundo por baixo do figurino luxuoso. A coelhinha era mesmo sapeca e aquela sua demonstração de cumplicidade me deu confiança para enfrentar o abaixo-assinado que rolava nos bastidores do festival para expulsar os Mutantes. Augusto Marzagão, o diretor do festival, sabia que a presença irreverente do grupo só iria enriquecer o espetáculo mas por outro lado o descontentamento dos indignados de plantão era real, mesmo assim empurrou a crise com a barriga me dando carta branca para explorar o guarda roupa da casa e escolher as fantasias que quisesse para nós três. A última vez que cruzei com Leila foi na sala de maquiagem, éramos então "velhas amigas", volta e meia eu fugia dos ensaios e ia bicar as cenas dela para depois darmos umas risadas juntas. Enquanto aprendia a manusear o delineador aluguei os ouvidos dela e contei sobre o barraco que estava rolando, da minha insegurança, o desprezo de alguns participantes, o clima tenso, etc. No fim perguntei na maior cara de pau se eu poderia usar o tal vestido de noiva no palco do Maracanãzinho, com tênis e tudo. "Claro que sim, e garanto que vai lhe dar a maior sorte!...além do que a novela já está no finzinho, não tenho mais cenas com aquele vestido, provavelmente vão desmontá-lo para aproveitar os tecidos e bordados...mas peraí! seu pé é bem maior do que o meu, melhor trazer seu tênis, né?...tenho certeza de que vai ser genial, vou estar torcendo por você!" Para Arnaldo escolhi uma fantasia de cavaleiro medieval, para Sergio uma de toureiro e para mim, é claro, o vestido de Leila. Os Mutantes arrasaram e se classificaram para a finalíssima. Tornei a vestir a noiva mas desta vez adicionei uma baita barriga de grávida, o que gerou ainda mais protestos internos. Fiquei de devolver os figurinos para a Globo no final da apresentação mas dei uma de migué e entreguei só as fantasias dos meninos. Dia seguinte eu já estava em Sampa e o vestido de noiva passou a morar definitivamente no meu guarda roupa. Quando soube que o avião de Leila explodiu no ar pensei: Diniz rima com feliz, pena que aquela coelhinha passou tão apressada pela vida da minha Alice....pensando bem, a moral da história de todas as grandes artistas não poderia ser outra: Lugar de estrela, é no céu!
27/12/2001
Todas as Mulheres do Mundo - Rita Lee
Mães assassinas, filhas de Maria
Polícias femininas, nazijudias
Gatas gatunas, kengas no cio
Esposas drogadas, tadinhas, mal pagas
Toda mulher quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz
Toda mulher se faz de coitada
Toda mulher é meio Leila Diniz
Garotas de Ipanema, minas de Minas
Loiras, morenas, messalinas
Santas sinistras, ministras malvadas
Imeldas, Evitas, Beneditas estupradas
Toda mulher quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz
Toda mulher se faz de coitada
Toda mulher é meio Leila Diniz
Paquitas de paquete, Xuxas em crise
Macacas de auditório,velhas atrizes
Patroas babacas, empregadas mandonas
Madonnas na cama, Dianas corneadas
Toda mulher quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz
Toda mulher se faz de coitada
Toda mulher é meio Leila Diniz
Socialites plebéias, rainhas decadentes
Manecas alcéias, enfermeiras doentes
Madrastas malditas, superhomem sapatas
Irmãs La Dulce beaidetificadas
Toda mulher quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz
Toda mulher se faz de coitada
Toda mulher é meio Leila Diniz
Em 1987 foi lançado o filme Leila Diniz. Dirigido por Luiz Carlos Lacerda.
Louise Cardoso a interpretou.
Trechos do blog: Macho pero no mucho
"Detesto bancar o saudosista melancólico – até porque nem era nascido na década de 60 -, mas hoje o símbolo da mulher livre é a tal alfa. Aquela chata dominadora que detesta o macho. Mulher-Luana? Cadê a mulher-Leila Diniz, pô?"
"...Depois percebi que a moçoila estava jogando kisses para a Luana Piovani, atriz e pequeno príncipe. E percebi que a tal ex-musa (ou não) do Caetano Veloso é quase o atual símbolo da mulher brasileira jovem, bem resolvida, sexy e polêmica. Cada tempo tem a Leila Diniz que merece, certo?"
"Um país só pode sonhar em ter um PIB da China se tiver centenas de mulheres-Leilas."
"Como elas são? Femininas, livres, encantadoras, charmosas, engraçadas demais, atordoantes, sacam?"
"Olhem só um trecho do olho (espécie de explicação da reportagem) que antecede a entrevista ao “Pasquim”: “Leila é a imagem da alegria e da liberdade, coisa que só é possível quando o falso moralismo é posto de lado”."
"Todos estão carentes de mulheres que realmente valham a pena ser amadas.
Seja uma mulher-Leila Diniz e salve um país."
Leila inventou seu lugar no mundo, fez um nome, tornou-se palavra autorizada e reconhecida em músicas e poemas:
"Leila Diniz- sobre as convenções enfarinhadas
mas recalcitrantes, sobre as hipocrisias seculares e
medulares: o riso aberto, a linguagem desimpedida, a
festa matinal do corpo, a revelação da vida.
(...)
Para sempre - o ritmo da alegria, samba carioca
no imprevisto da professorinha ensinando a crianças, a
adultos, ao povo todo, a arte de ser sem esconder o ser.
Leila para sempre Diniz, feliz na lembrança
gravado: moça que sem discurso nem requerimento
soltou as mulheres de 20 anos presas no tronco de uma
especial escravidão."
Carlos Drummond de Andrade.
Sinopse do Filme(Leila Diniz - 1987):
Leila é uma jovem de idéias novas e arrojadas, idéias revolucionárias demais para o seu tempo, símbolo da liberação feminina no Brasil dos anos 60 e 70, musa do Tropicalismo.Embora não se envolva com política, ela é grande amiga de alguns jovens revolucionários.
Quando cai o Governo João Goulart, seus pais vão para um sítio e ela procura um novo emprego para permanecer na cidade do Rio de Janeiro.Começa num teatro como corista. E logo a seguir, faz um teste como atriz e inicia sua carreira com a peça “O Preço de Um Homem” de Cacilda Becker.
Casa-se com Domingos de Oliveira e estréia no cinema no filme do marido,“Todas as Mulheres do Mundo”, no papel principal.Casamento acabado, torna-se namorada de Toquinho e, nessa época, sua carreira começa a deslanchar.
Morre num acidente aéreo, na Índia, aos 27 anos, quando retornava da Austrália, onde fora representar o Brasil num Festival de Cinema.
Entrevista com a antropóloga Mirian Goldenberg:
A sra. diz que a apologia do corpo perfeito é uma das mais cruéis fontes de frustração feminina e considera a obsessão por esse corpo um retrocesso no processo de emancipação feminina. Por quê?
Dou o exemplo de Leila Diniz porque ela se tornou um ícone de liberdade feminina por viver sua sexualidade e sua afetividade fora dos padrões da época. Leila amou e foi amada por dezenas de homens e sua imagem grávida é lembrada até hoje. Compare a imagem de Leila com a de Gisele. Veja o corpo livre e feliz de Leila com o corpo rígido, magro e disforme das mulheres de hoje. A busca pelo prazer é o que caracterizava Leila. A busca pela perfeição e a permanente insatisfação chamam a atenção nas mulheres de hoje. Não é um retrocesso?
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