HISTÓRIA DO BAIRRO DA LIBERDADE

Rua Conde de Sarzedas, a Rua dos japoneses.
Em 1912 alguns imigrantes japoneses passaram a residir na rua Conde de Sarzedas, um dos motivos era que as casas dessa rua, em sua maioria, possuíam porões e seus alugueis eram muito baratos.
Aquela região de São Paulo era considerada uma esperança por dias melhores, já que se situava em região central de fácil locomoção para os locais de trabalho. A rua passou a ser chamada de “rua dos japoneses”.
Surgiu então as pequenas fábricas de produtos japoneses, como tofu (queijo de soja) e manju (doce a base de feijão). Por volta de 1914 surgiu a Taisho Shogakko (escola Taisho), que foi de grande ajuda na educação dos filhos de japoneses. Em 1915 foi fundado o Consulado Geral do Império do Japão, e em 1918 foram inauguradas as casas Minako e Tokyo, que vendiam móveis de fabricação própria.
Em 1932 já se formava uma comunidade de cerca de 2 mil japoneses na região das ruas, Conselheiro Furtado, Tomas de Lima, Irmã Simpliciana, Tabatinguera, Conde do Pinhal e rua dos estudantes.
Os japoneses trabalhavam em diferentes atividades, mas quase todas eram voltadas para atender exclusivamente a comunidade japonesa. Segundo Tomoo Handa, em seu livro “Imim Seikatsu no Rekish (história da imigração japonesa), com o início da fabricação do Shoyu (molho de soja), foram abertas outras oportunidades para os japoneses”.
A expulsão.
Por volta dos anos de 1920 e 1930 os japoneses já estavam bem integrados à vida na cidade. Nos finais de semana haviam jogos de Yakyu (beisebol), as crianças podiam estudar em escolas do idioma japonês.
Podia se saborear comidas típicas japonesas em pensões e ler publicações em idioma japonês. No ano de 1941 foi suspensa a publicação dos jornais em língua japonesa. Naquele ano deixaram de ser publicados os jornais, Sieshu Jihô, Buradiju Jihô, Nippon Shimbum e Burajiru Shimbum (Nippaku Shimbum). Com início da guerra no Pacífico, em 1942, o governo de Vargas rompeu relações diplomáticas com o Japão, por conta disso o Governo Brasileiro decretou a expulsão dos japoneses residentes na região do Bairro da Liberdade.
Com o fim da guerra, uma parte dos japoneses aceitou a derrota (Makegume) do Japão, enquanto outros continuavam a não aceitar a derrota (Kachigumi), achando que seria uma estratégia criada pelo inimigo. Isso gerou alguns conflitos entre os que acreditavam e os que não acreditavam na derrota japonesa. Em outubro de 1946 foi fundado o jornal São Paulo Shimbum, e tornou-se o primeiro jornal no idioma japonês pós-guerra e em janeiro de 1949 foi fundado o jornal Diário Nippak.
O Bairro
Em 23 de Julho de 1953 foi fundado por Yoshikatsu Tanaka na rua Galvão Bueno um prédio de cinco andares, com salão, restaurante, hotel e uma sala de projeção para 1500 pessoas, batizado de Cine Niterói. Neste local eram exibidos filmes produzidos no Japão para o entretenimento dos japoneses de São Paulo.
Em 1965 foi fundada a Associação de Confraternização dos Lojistas do Bairro da Liberdade (Liberdade Shotên Shimbokukai), sob a presidência de Yoshikazu Tanaka, para defender os interesses do bairro perante as autoridades municipais e estaduais. A Liberdade passou a ser um local de visita obrigatória para os turistas de São Paulo. No ano de 1967 o bairro recebeu a visita do Príncipe Herdeiro Akihito e da Princesa Machiko, hoje casal imperial do Japão.
Novo Bairro
O ano de 1968 representou o início de mudanças no bairro. A Diametral leste-oeste obrigou o cine Niterói a se mudar para esquina da avenida Liberdade com a rua Barão de Iguape. Alem disso, com a construção do metrô, alguns pontos comerciais desapareceram. Isso significou a descaracterização do bairro, mas para outros apenas o início de muitas mudanças.
A Liberdade deixou de ser um reduto dos japoneses, pois muitos deixaram de morar na região, mantendo somente seus estabelecimentos comerciais. Com isso o bairro passou a ser procurado por Coreanos e Chineses.
Graças à Associação dos Lojistas, o bairro recebeu decoração no estilo oriental, com instalação de lanternas suzurantô. Com a concentração de restaurantes típicos, a rua Tomaz Gonzaga ficou conhecida como “aji no suzuran dôri – a rua do sabor”.
No dia 18 de junho de 1978, na comemoração dos 70 anos da imigração japonesa, iniciou-se a prática do Rádio Taissô, na praça da Liberdade. São dezenas de pessoas que todas as manhãs fazem uma sessão de ginástica ao som de música.
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