GRACE KELLY
Grace, Princesa de Mônaco, nascida Grace Patricia Kelly, (Filadélfia, 12 de novembro de 1929 — Monte Carlo, 14 de setembro de 1982) foi uma atriz norte-americana.
Grace Kelly nasceu no estado da Pensilvânia (Estados Unidos), filha de John Brendan Kelly (Jack Kelly) e de Margaret Katherine Majer, uma norte-americana de origem alemã que, luterana, tornou-se católica.
A família de Jack Kelly, católica de origem irlandesa, era figura nova mas proeminente dentro da sociedade da Filadélfia.
O pai de Grace tornou-se milionário por conta própria e ganhou uma medalha de ouro tripla,por praticar remo, nos Jogos Olímpicos.
Grace Kelly já nasceu princesa.
Na Filadélfia,uma das sociedades mais esnobes e conservadoras dos Estados Unidos.
Grace era a terceira dos quatro filhos do casal John e Margaret Kelly, e a favorita do pai, um construtor bemsucedido.
O casal Kelly e seus filhos – três garotas e um rapaz – eram tudo o que uma família almejava ser: ricos, belos, loiros, atléticos e altamente competitivos. Exceto pela pequena Grace. Tímida, não muito brilhante nos esportes, sempre que podia ela evitava qualquer tipo de competição para ficar mergulhada nos livros, em delírios românticos ou brincando de representar alguma heroína de ficção. Era, no entanto, a mais bonita das crianças Kelly e desde muito cedo atraiu vários admiradores.Para o desespero do velho John, que procurava manter sua “princesinha” longe de companhias masculinas.
John Kelly era o protótipo do pai severo.
Dos filhos nunca exigia menos que “o melhor”, além de obediência e devoção irrestritas.
Vários biógrafos da futura princesa de Mônaco,tentaram colorir com tons freudianos a relação pai e filha, a fim de provocar escândalo e também explicar psicanaliticamente a fixação da jovem Grace por homens mais velhos.
Na verdade, John Kelly era um homem à moda antiga, muito mais preparado para infligir temor e respeito do que para bancar o liberal adepto do diálogo.
E não há nada de estranho no fato de ele ter permitido que sua princesinha fosse para Nova York estudar arte dramática, logo depois de se formar no colegial. Afinal, Grace ia para a prestigiosa American Academy of Dramatic Arts e estava acompanhada da mãe e da irmã mais velha. Era comum – e um tanto quanto glamouroso – garotas bem-nascidas terem este tipo de experiência enquanto esperavam por um marido. Mas, logo se viu, Grace não era do tipo “espera marido”.
Aos 19 anos, linda e loira, Grace Kelly não esquentou o banco da sala de aula em Nova York. Virou uma modelo muito requisitada em anúncios que necessitavam de uma garota propaganda vistosa para vender artigos de luxo.
Quando se formou, em vez de voltar para a Filadélfia e virar socialite com diploma em arte dramática, decidiu ficar e considerar ofertas profissionais.
Participou de teledramas – ainda feitos ao vivo – e subiu mais de uma vez nos palcos da Broadway.
Sua atuação não chamou muita atenção, mas seu físico, postura, voz e expressão corporal eram do tipo que as câmeras adoravam.Principalmente as cinematográficas.
Grace não chegou a Hollywood e abafou logo de cara.
Conseguiu um papel modesto em um suspense classe B, Fourteen Hours(1951), interpretando a namorada de um jovem que ameaça se jogar de um edifício.E, ao contrário do que se imagina, o papel que lhe deu projeção internacional não tinha nada de glamouroso.
Em 1952, foi escalada para um western psicológico de baixo orçamento, do estúdio de terceira Republic Pictures, estrelado por um galã cinqüentão decadente, Gary Cooper. O filme chamava-se Matar ou Morrer, um sutil estudo em preto e branco sobre a coragem e a covardia.
Grace era uma noiva jovem e idealista,a única a ficar ao lado do xerife veterano, jurado de morte por um facínora.
Sucesso de crítica e de público, Matar ou Morrer encheu os cofres da mambembe Republic, revitalizou a carreira de Cooper e fez de Grace Kelly uma estrela. Marcou também o início de um padrão na carreira da atriz. Ela e Gary Cooper (que em seus áureos tempos derreteu Marlene Dietrich) tiveram um tórrido affair durante as filmagens.
Agora com status estelar, a princesa da Filadélfia acabou fisgada pelo maior dos estúdios de Hollywood, o poderoso Metro Goldwin-Mayer.
Seu primeiro filme na MGM era uma produção A+, Mogambo(1953), com locações na África e estrelada pelo “rei”, Clark Gable, e pela estonteante Ava Gardner. Muito se falava de um possível romance de bastidores entre Gable e Ava, mas a morena vivia um casamento do barulho com Frank Sinatra. Sobrou para Grace providenciar a história que a imprensa tanto desejava, mas que o estúdio se incumbiu de abafar.
Alfred Hitchcock se apaixonou perdidamente por ela.
Rainha de Hollywood
O mestre inglês do suspense nunca escondeu seu tipo ideal de heroína/vítima. A loira glacial, bela, indefesa, perturbada e inatingível. Grace Kelly caía como uma luva para esse tipo de papel e, depois do sucesso de Mogambo, apareceu – mais linda do que nunca – em dois clássicos do diretor: Disque M Para Matar e Janela Indiscreta, ambos de 1954. Aliás, esse foi um ano atarefado para a jovem estrela. Além das tramas hitchcockianas, ganhou o papel principal no lacrimoso Amar é Sofrer.Como a mulher de um ator alcoólatra, seu sofrimento foi tão convincente que a academia lhe deu um Oscar de melhor atriz.
Conta-se que a indicada favorita do ano, a problemática Judy Garland, teria dito a Grace depois da cerimônia: “Parabéns! Mas você é tão jovem.Podia ter esperado mais um pouco, não?”
Com um Oscar na prateleira, Grace Kelly podia se considerar rainha de Hollywood. E enquanto sua fama de beldade crescia na tela, na vida real ela se mostrava bastante disponível, principalmente diante de homens com o dobro da sua idade.
Seu mais ardoroso fã,entretanto, continuava sendo Alfred Hitchcock.Obcecado pela jovem, Hitchcock a escalou para viver uma jet-setter internacional no delicioso e sofisticado suspense Ladrão de Casaca, ao lado de Cary Grant(esse não quis nada com ela, pois estava apaixonado por Sophia Loren).
Ladrão de Casaca foi o quinto filme de Grace em 1955 – totalmente rodado na Riviera Francesa – e foi também a deixa para que alguém no Principado de Mônaco começasse a prestar atenção nela...
Diz-se que Mônaco vivia uma fase de vacas magras e precisava urgentemente de alguma novidade para atrair turistas, além de uma garota para casar com seu príncipe e lhe dar herdeiros. Depois de muitas discussões, chegou-se à conclusão de que ter uma estrela de Hollywood como princesa seria a solução.
O jornalista inglês Anthony Summers,no livro A Deusa, biografia de Marilyn Monroe, afirma que funcionários do palácio de Mônaco chegaram a fazer uma proposta para que Marilyn aceitasse o papel. Mas ela respondeu que preferia Hollywood.
Depois de Ladrão de Casaca, Grace Kelly compareceu ao Festival de Cannes e acabou sendo formalmente convidada para se encontrar com o príncipe Rainier de Mônaco, um dos solteirões mais cobiçados do mundo na época.
Ele,é claro, a achou deslumbrante. Ela o achou tímido e bonitão.
De volta aos EUA, a estrela fez seus dois últimos filmes. O romântico "O Cisne" e o musical “De Luxe” Alta Sociedade. Neste, vivia uma herdeira mimada dividida entre o amor de Bing Crosby e Frank Sinatra.
Por trás das câmeras, ela estava mais que decidida. Acabando as filmagens, disse bye-bye Hollywood, tomou um navio e foi para a Europa ser princesa de verdade.
Sua Alteza Sereníssima
Grace Kelly nunca foi tão famosa como em 1956, durante seu noivado e casamento com o príncipe Rainier de Mônaco.
A cerimônia religiosa aconteceu em 19 de abril,com a família Kelly e mais 50 amigos americanos da noiva – entre eles várias estrelas de cinema – misturados às cabeças coroadas européias presentes ao que se chamou então de “casamento do século”.
A MGM enviou várias câmeras para registrar com exclusividade o evento – um acordo entre a atriz e o estúdio para encerrar seu contrato de sete anos antes do prazo.
Ainda segundo Anthony Summers, Marilyn Monroe (talvez arrependida?) teria enviado um telegrama à noiva, dando-lhe os parabéns por ter encontrado “um meio tão inteligente de cair fora da indústria”.
Grace Kelly havia se tornado oficialmente "Sua Alteza Sereníssima Princesa Grace de Mônaco."
Como era desejo da coroa e dos súditos,no dia 23 de janeiro de 1957 a princesa deu à luz a Caroline.
No dia 14 de março de 1958, nasceu Albert.
E no dia 1º de fevereiro de 1965 nasceu Stéphanie.
No início dos anos 60, a imprensa noticiou com estardalhaço o retorno da princesa ao cinema. Alfred Hitchcock convidou Sua Alteza para estrelar Marnie, Confissões de uma Ladra. Mas nem o príncipe nem os súditos gostaram da idéia de ver sua princesa na pele de uma gatuna de luxo,trocando beijocas com o então guapíssimo Sean Connery em dia de folga de James Bond.
Segundo os amigos mais próximos, ela não segurou a proibição do marido – que dava seus pulinhos fora do casamento – e, a partir dessa época, passou a beber umas doses a mais. Porém, mesmo com problemas em casa, Grace de Mônaco era a personificação da perfeita mãe de família, quase tão exigente quanto o velho John Kelly. Tornou-se presidente da Cruz Vermelha e desempenhava como ninguém o papel de embaixadora benemérita de Mônaco.
Ela só se abalou da vida no palácio nos anos 70, para viver algum tempo em Paris. Queria ficar de olho na jovem Caroline, então uma estudante que preferia a vida noturna parisiense à sala de aula.
Longe da corte, Grace se entregou às compras,às festas e à casos extraconjugais. Dessa vez,com rapazes com a metade da sua idade.
Sofrendo com as infidelidades do marido, com o desastroso casamento de Caroline com o playboy Philipe Junot,com a distância da família na América e com seus próprios affairs, a princesa Grace se refugiou mais na bebida e no misticismo.
Alguns tablóides afirmavam que ela estava envolvida em um culto satânico. Na verdade, Grace se tornara espírita.
Finalmente, em 13 de setembro de 1982, voltando para Mônaco pela mesma estrada perigosa e sinuosa onde havia filmado Ladrão de Casaca, Grace e sua filha mais nova sofreram um acidente. Stéphanie saiu ilesa, porém a princesa foi retirada desacordada do carro. No dia seguinte, o Palácio de Mônaco divulgou a notícia de sua morte.
Aí começaram as especulações. Era Stéphanie quem estava ao volante? Grace dirigia embriagada? Sofrera um derrame e perdera o controle do automóvel? Perguntas que permanecem até hoje sem resposta. Melhor acreditar que a princesa simplesmente havia encerrado sua última performance. E, como toda grande dama e grande atriz, se retirou de cena. Discreta e silenciosamente.
FASHIONISTA SANGUE AZUL
Nos primeiros tempos de Hollywood, Grace Kelly apareceu na tela em figurinos sem graça de garota americana classe média. Coube a Alfred Hitchcock operar a transformação. Sua figurinista, Edith Head, uma espécie de Coco Chanel do cinema, criou toda a embalagem glamourosa que fez de Grace uma presença nobre antes mesmo de virar princesa.
Em Disque M Para Matar, Grace está “inglesa”: sóbrios tailleurs, mantôs e vestidos que apenas insinuam um sex-appeal adormecido.
Já em Janela Indiscreta, Edith Head botou pra quebrar. A fútil e ingênua editora de moda vivida por Grace,desfila alguns dos mais deslumbrantes modelitos vistos em tela grande. Vestidos de verão com saia godê guarda-chuva, um longo estilo New Look dioríssimo e um negligé de seda que salta da valise como um confeito irresistível e pecaminoso.
Para Ladrão de Casaca, Grace trabalhou em parceira com Edith. As duas bolaram um figurino com muitos tons de amarelo e dourado, ressaltando e aquecendo a loirice gelada da estrela.
A figurinista favorita de Grace, entretanto, era mesmo Helen Rose, que a vestiu nos filmes da MGM: Mogambo, O Cisne e Alta Sociedade.
Daí que ela disse não a todos os costureiros da época e elegeu Helen para desenhar seu vestido de casamento. Um artefato de renda e tule visto – e copiado – por milhões de pessoas em todo o mundo.
Ao virar princesa, Grace teve à sua disposição toda a alta-costura. Valentino, Marc Bohan, Chanel, Saint-Laurent... Todos a vestiram. Até Givenchy, que era devoto de Audrey Hepburn, a única capaz de rivalizar com Sua Alteza Sereníssima.
Nos últimos tempos era vestida por Karl Lagerfeld, que continua fazendo o mesmo pelas princesas Caroline e Stéphanie.
Mas pelo menos um artigo de Sua Alteza qualquer mulher do mundo pode levar para casa.
No final dos anos 50, a grife Hérmès desenhou uma bolsa especialmente para a estrela-princesa. Batizada Kelly, é um dos best-sellers mais cobiçados por nove entre dez elegantes do planeta.
Filmografia:
1951 - Fourteen Hours (Horas Intermináveis)
1952 - High Noon (Matar ou Morrer)
1953 - Mogambo
1954 - Dial M for Murder (Disque M para Matar)
1954 - Rear Window (A Janela Indiscreta)
1954 - The Country Girl (Amar é Sofrer)
1954 - Green Fire (Tentação Verde)
1954 - The Bridges at Toko-Ri (As Pontes de Toko-Ri)
1955 - To Catch a Thief (Ladrão de Casaca)
1956 - The Swan (O Cisne)
1956 - High Society (Alta Sociedade)
Comentários
Legal esse texto da familia real monegasca! Confesso que aprendi lendo tal... E nem sabia das possíveis infidelidades da princesa Grace. Alias viver num ambiente assim tem seus prós e contras; até bom viver num LUXO - só que a FALTA DE LIBERDADE (ter de andar com GUARDA COSTAS) deve ser chato mesmo. E isso quando um destes não acaba de tornando contra (risos).
Descobri seu blog por uma imagem deles jovens/alias eu tinha vista isso numa revista americana hiper antiga_de uma foto de 1965 e outra de 1976.
Não sei se citas no blog: parece que o príncipe RAINIER proibia os filmes da Grace Kelly em Mônaco.
E estava vendo, dias atrás: reportagens da Caaroline no Brasil, ba Praia de Ipanema (RJ). Confesso que nem sei como foram roubadas. Já sabia que os outros irmãos vinham para cá.
E vendo num documentário: parece que a princesa Grace sofreu um aborto natural (antes da Stephanie). Basta ver pela diferença de idade dos dois últimos.
Recordo do falecimento dela (em 1982).
E ouvi falar que um dos maridos da Caroline podia ter sido morto pela MÁFIA (acho melhor parar por aqui!).
Então es do ACRE... Deve ser legal essa parte do país. Conheci pessoas do AM e do PA. E o pior, na minha opinião: deve ser o CALOR!
Vivendo na CAPITAL GAÚCHA, sou suspeito para falar: aqui o verão é péssimo. E janeiro chegando... que aflição!
Seria isso.
Boas festas,
Rodrigo Rosa
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