CHAMPAGNE


O termo Champagne deriva do latim campania, que designava uma paisagem de campos abertos.

O champagne é uma bebida mundialmente conhecida.
Costumam classificá-lo como o "Rei dos Vinhos".

Não há celebração de vulto em que o champagne não esteja presente, é o vinho das festas por excelência.

Festivo, refinado, elegante, espiritual, encantador, o Champagne é um vinho único, que não se assemelha a nenhum outro. Matizes de branco, amarelo ou rosa, perfumes de especiarias ou flores, sabores sutis, delicados e ricos: os Champagnes são múltiplos e constituem um universo de uma infinita riqueza. Mais do que um vinho, é a festa dos sentidos.

A denominação Champagne é uma "appellation d'origine contrôlée" (denominação de origem controlada). Só podem se chamar champanhe vinhos espumantes produzidos a partir das uvas chardonnay (brancas) e pinot noir e pinot meunier (escuras) plantadas na área de 26 mil hectares delimitada dentro da região francesa de Champagne, respeitando uma série de normas do Instituto Nacional de Certificações de Origem. Embora o processo de produção seja quase o mesmo ou, em alguns casos, exatamente igual ao de outros espumantes, é a tradição da região que determina o que pode receber o selo de "champanhe".

O Champagne é um vinho espumante natural de dupla fermentação, processo responsável pelas suas famosas e sedutoras bolhas. Não se pode dizer que ele tenha sido propriamente inventado. No entanto, Dom Pérignon, monge beneditino e mestre das caves da Abadia de Hautvillers, no século XVII, pode ser considerado como o gênio que presidiu ao seu desenvolvimento, tendo refinado o processo de fabrico, criando o método champanoise:

A mistura de diferentes vinhos da região, conseguindo assim um produto mais harmonioso.

Separação e prensagem em separado das uvas pretas que predominam em Champagne, obtendo assim um cristalino sumo de uva.

O uso de garrafas de vidro mais espesso para melhor permitirem a pressão da 2.ª fermentação em garrafa.

O uso da rolha de cortiça, ida da Espanha, que permitiu substituir o anterior sistema, pauzinhos de cânhamo embebidos em azeite.

A escavação de profundas adegas, hoje galerias com vários quilômetros de extensão e usadas por todos os produtores, para permitir o repouso e envelhecimento do champagne a uma temperatura constante.

A partir de uma meticulosa mistura que pode incluir os vinhos feitos com os três tipos de uvas da região, os enólogos vão buscar a proporção perfeita para o equilíbrio e o sabor do seu champanhe. Após a primeira fermentação simples, há uma segunda fermentação nas mesmas garrafas, inclinadas em 90 graus e giradas para levar os sedimentos até o gargalo, manualmente (remuage). Depois o sedimento é removido (dégorgement), é adicionado o licor de expedição (constituído por uma mistura de vinho de Champagne e açúcar em quantidade variável) e as garrafas fechadas com as características rolhas de Liège. O emprego de uma trança de arame segurando a tampa de cortiça ao fechar as garrafas permite que o recipiente suporte a forte pressão do gás produzido pela segunda fermentação. O Champagne é envelhecido por 1 a 3 anos, antes de o produto final ir para as prateleiras.

De acordo com o seu teor de açúcar, o Champagne é:

Extra-Brut - até 6 gramas por litro

Brut - menos de 15 gramas por litro

Extra-Dry - entre 12 e 20 gramas por litro

Sec - entre 17 e 35 gramas por litro

Demi-Sec - entre 33 e 50 gramas por litro

Doux - acima de 50 gramas por litro

Cada Casa de Champagne produz uma gama de vinhos diferentes, cada um exibindo um estilo bastante particular. O vinho mais representativo de um produtor costuma ser o Champagne Brut Non-Vintage, produzido habitualmente pela mistura de vinhos de diferentes safras, alguns bastante antigos (vinhos de reserva); a seguir, o Champagne Vintage, onde se usam uvas de uma única safra, produzido somente em anos de excepcional qualidade. Estes vinhos têm muito caráter e costumam evoluir de forma magnífica com o passar dos anos.

Um outro estilo bastante prestigiado é o Rosé, que pode ser Non-Vintage ou Vintage, produzido tanto por maceração (contato da casca das uvas tintas com o suco), como pela mistura de vinhos brancos com vinhos tintos, antes da segunda fermentação na garrafa. Estes champanhes costumam ter muita estrutura e também têm um ótimo potencial de envelhecimento na adega. Existem ainda os Champagnes Demi-Sec, que possuem um caráter adocicado, muito apreciados para acompanhar frutas ácidas e sobremesas.

No entanto, as grandes estrelas de cada uma das grandes Casas de Champagne são os chamados Special Cuvées, que também podem ser ou não com safra indicada. Estes champanhes são elaborados com os melhores vinhos da região, possuindo grande complexidade e distinção, envelhecendo na garrafa com muita nobreza.

Prestige, de luxe ou cuvée de luxe: é o topo da categoria, normalmente apresenta no rótulo a data da safra, quase sempre é embalada de forma mais elegante, oferecendo a garrafa dentro de uma caixa decorada. Os melhores como Bollinger Tradition, Don Pérignon, Krug e Roederer Cristal geralmente valem a extravagância. A primeira champagne a ser produzida assim foi para o Czar da Rússia, Alexandre II, só voltando a ser produzida em 1945.

Champagne Blanc de Blancs: feita exclusivamente de uvas brancas tipo Chardonnay. Com delicado aroma a flores brancas, bolhas leves e finas, tem um sabor vivo e fresco.

Champagne Blanc de Noirs: produzida somente com uvas tintas, Pinot Noir e Pinot Meunier, juntas ou separadas.

Como Conservar

Em local fresco e ao abrigo da luz, pode-se guardar as garrafas de Champagne alguns anos. Mas não é indispensável pois seu envelhecimento já ocorreu na adega, sob a maestria de seu elaborador.

Como Refrescar

Os Champagnes são degustados frescos, nunca gelados. Eles se encontram na temperatura ideal (8/10°) após 20 minutos num balde de gelo ou deitados 20 minutos na geladeira. O congelador é desaconselhado.

Como abrir

Desfazer a gaiola, pegar a rolha com a mão, virar a garrafa em torno de si mesma segurando-a pelo fundo, e a rolha sairá sozinha.

Como Servir

Pede uma taça alta e fina, batizada de flûte. Esse formato mantém por mais tempo a efervescência da bebida.

Tipos de uvas usadas na produção do champagne:

Pinot Noir
É uma casta tinta de sumo branco que predomina na Montagne de Reims e no Aube. Estes vinhos são encorpados, generosos e opulentos com grande aptidão para o envelhecimento.

Pinot Meunier
Outra casta tinta, predominante no Vale do Marne, dá vinhos mais macios, redondos e frutados.

Chardonnay
Grande casta branca que predomina na "Côtes des Blancs", confere aos vinhos de Champagne fineza, frescor e elegância.

As famílias dos Champagnes:

Corps - Champagnes de Corpo sensual

Potentes, estruturados e intensos, com aromas de carvalho, especiarias e toques de frutas vermelhas (que acompanham bem o foie-gras, o presunto de Parma, um Pot au Feu(cozido de carne com legumes), um osso-buco ou, melhor ainda, uma ave).

Esprit - Champagnes de Espírito

Repletos de vivacidade, delicadeza e leveza, libertando notas vegetais e de frutas cítricas (perfeitos no aperitivo, casam-se naturalmente com peixes e crustáceos. São também excelentes com os sorvetes a base de suco de frutas ou as sobremesas geladas).

Coeur - Champagnes de Coração generoso

Calorosos, fundidos com aromas de brioche, de canela, de mel, que são às vezes vinhos rosados ou "demi-secs" (harmonizam-se com o cordeiro, as iguarias doce-salgadas, os gratinados, as tortas quentes, as frutas vermelhas ou, por que não, na hora do chá).

Âme - Champagnes de Alma

Maduros, completos e ricos, com buquê de especiarias preciosas e delicadas. Incluem-se entre eles, as "cuvées" especiais, as safras raras (podem ser degustados por eles próprios).

Principais Produtores: Alain Thiénot, Alain Robert, A. Charbaut, Albert Beerens, Alfred Gratien, André Clouet, André Delaunois, André Jacquart, Beaumont des Crayères, Billecart Salmont, Bollinger, Brochet-Hervieux, Bruno Paillard, Charles Heidsieck, Clos de Mesnil, Daniel Dumont, Delamotte, Delbeck, Deutz, Devaux, Drappier, Gaidoz-Forget, Gatinois, George Gardet, Gosset, Guy de Chassey, Henri Billiot & Fils, Henriot, Jacquart, Jacques Selosse, Jacquesson, Jean Moutardier, Joseph Perrier, Krug, Lacroix, Lanson, Larmadier-Bernier, Laurent-Perrier, Lenoble, Louis Roederer (Cristal), Michel Arnould, Moët & Chandon (Dom Pérignon), Mumm, Napoléon, Palmer & Co., Pannier, Perrier-Jouët, Philipponnat, Piper-Heidesiek, Pol Roger, Pommery, R. & L. Legras, Ruinart, Salon, Serge Billiot, Taillevent, Taittinger, Tarlant, Union Champagne, Veuve Cliquot-Ponsardin, Vilmart.

A garrafa normal de champagne de 750 ml só foi estandardizada em 1975. Hoje, existem dez formatos em que esse vinho pode ser apresentado, alguns deles feitos apenas sob encomenda. A hierarquia das garrafas de champagne inclui os seguintes formatos:

200 ml (conhecida como um quarto)

Meia garrafa (de 375 ml)

Garrafa normal (de 750 ml)

Magnum - 1,5 litro)

a partir daí, garrafas especiais com nomes de origem bíblica.

Jéroboam, de 3 litros, que se usa no pódio da Fórmula 1

Réhoboam, de 4 litros e meio

Mathusalem, de 6 litros

Salmanazar, 9 litros

Balthazar, com 12 litros

Nabuchodonosor, com 15 litros

A casa Drappier ainda tem uma especial, chamada Primat, com capacidade para 27 litros. Feita sob encomenda, custa quase mil dólares

"Só as pessoas sem imaginação não conseguem encontrar um motivo para beber Champagne"
Oscar Wilde

É conveniente sempre tocar a garrafa de Champagne de leve e não agitar nem um pouco o líquido, para não formar espuma e aumentar a pressão interna. Como esse cuidado pode não ser bastante, é conveniente ter um guardanapo de pano e um copo junto à garrafa para contornar algum acidente em caso de escapar líquido ou espuma ao abrir. Envolver a garrafa em um guardanapo ou toalha para abri-la pode diminuir a firmeza necessária para a operação, se a pessoa não estiver muito treinada para fazê-la.

Abrir uma garrafa de Champagne é tarefa ainda considerada masculina, e por essa razão, em um evento em que se deseje emprestar ao Champagne especial destaque, o convidado de honra pode esperar ser solicitado a abri-la e, não havendo garçons nem estando presente o marido da anfitriã, deve mesmo oferecer-se para fazê-lo.

Para a escolha do Champagne (espumante) aplica-se o mesmo que para a escolha dos vinhos. Porém, existe menos Champagne no mercado que vinhos, por isso algumas marcas são conhecidas há muitos anos. No Brasil: George Aubert, Peterlongo, mais antigas, entre várias outras de lançamento mais recente. As marcas que mantêm o rótulo de Champagne, com certeza pagam direitos de marca aos franceses, que ganharam a exclusividade de uso do nome Champagne. Em português se diz tanto "o champanhe" como "a champanhe"; porém, como se trata de vinho, o mais próprio parece ser o gênero masculino.

"Eu só bebo champagne quando estou feliz ou quando estou triste... Às vezes eu bebo quando estou sozinha, mas quando estou em companhia, considero obrigatório. Eu me distraio com champagne quando estou sem fome e bebo quando estou faminta. Fora isso, eu nem toco nele, a menos que esteja com sede"
Madame Bollinger

Os de melhor qualidade apresentam uma limpidez cristalina, espuma abundante e perlage fino e persistente, feito de bolinhas de pequeno tamanho.

A história conta que uma certa vez, o monge "Dom Perignon" esqueceu algumas garrafas de vinho com resíduos de açúcar. Quando verificou que estavam estourando, provou o vinho e disse: - "Estou vendo estrelas".

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